O elenco do Flamengo campeão carioca de 2009 - Meio-campo

Willians
17 jogos (16 completos) - 1 gol marcado - 11V, 4E, 2D

Willians veio do Santo André sem que ninguém esperasse muito - havia referências boas sobre sua campanha na série B e um gol feito sobre o Corinthians, mas nada que empolgasse ou o transformasse num jogador disputado no mercado. No entanto, ganhou a posição de titular ainda na pré-temporada e, desde a estreia do Estadual, não perdeu mais a vaga em um time que mudou muito de escalação. Com ele se firmando como titular, outros jogadores que tinham seu espaço até o ano passado perderam a vez - Aírton encontrou seu lugar na zaga, Toró mal foi visto em campo.

Desde que chegou, mostrou aquela qualidade que conquista mais rápido os torcedores: a raça. Por ter um senhor preparo físico e muita disposição, se tornou mesmo o grande cão-de-guarda do meio-campo - chamou a atenção pela marcação bem feita sobre Maicosuel na final da Taça Rio (que não deu lá muito resultado no primeiro jogo da final do Estadual, em que Maicosuel deitou e rolou). Mas não é de só ficar plantado atrás; sabe correr com a bola dominada e aparecer na frente como homem surpresa. Na verdade, nos últimos jogos, a única ajuda que Léo Moura teve para atacar pela direita foi justamente de Willians. E foi num desses seus avanços que conseguiu a jogada do gol de empate contra o Botafogo, na primeira partida da decisão do título.

É um que deve seguir como titular ao longo do Brasileiro - seu contrato vai até dezembro de 2011 e não se fala nem em sua saída, nem em reforços para sua posição.


Íbson
17 jogos (13 completos) - 1 gol marcado - 12V, 3E, 2D

E eis que 2009 vai chegando à sua metade e o Flamengo e Íbson estão na mesma situação de um ano atrás: sem saber se continuam juntos. O contrato terminando e a falta de dinheiro na Gávea deveriam indicar a saída do jogador; porém, a importância de Íbson para o time continua grande, o que faz com que ninguém crave que a diretoria o deixará ir embora sem fazer um esforço (ou uma loucura). E ao que parece, o pessoal do Porto não está muito interessado em tê-lo de volta. Então, quem sabe?

É claro que ele não é, desde o ano passado, o mesmo jogador que brilhou assim que voltou ao Brasil, na época da arrancada no Brasileiro de 2007. Mas Íbson continua sendo o jogador mais confiável do meio-campo - aquele que não se esconde do jogo, que mais procura a bola, que mais arrisca as jogadas. Foi o seu ressurgimento em campo, por exemplo, que fez o time retomar o controle do jogo na segunda partida das finais - no que ele resolveu chamar a responsabilidade e levar o time pra frente, a equipe cresceu e a torcida foi junto. E vejam que, nas últimas partidas, ele até virou o batedor de escanteios e faltas laterais com o pé direito - ao que parece, cansaram de ver Léo Moura desperdiçando todas as cobranças e decidiram tentar outra coisa.

Fica a pergunta: em que condições o Porto o liberaria para permanecer no Brasil? E o Flamengo tem como cumprir essas condições, de maneira minimamente responsável?


Kléberson
16 jogos (6 completos) - 3 gols marcados - 9V, 5E, 2D

Kléberson termina o campeonato estadual já com a torcida tendo um tanto a menos de má vontade com ele. Desde que começou a jogar no Flamengo, não conseguiu mostrar um futebol digno de "pentacampeão" e ainda convive com a fama de "sem sangue" - algo que é difícil da torcida perdoar. E isso se reflete na sua dificuldade em conseguir um lugar no time; reparem que, dos 16 jogos em que participou, só conseguiu entrar como titular e não ser substituído em 6.

Talvez o jogo que tenha servido para ganhar de vez a confiança de Cuca tenha sido o Fla-Flu da última rodada da Taça Rio, quando o time poupou diversos jogadores. Kléberson aproveitou bem aquela oportunidade jogando como volante e indo muito bem na marcação. Até então, creio que o treinador não o via como alguém realmente capaz de ser efetivo defensivamente - era escalado ou mais à frente, como armador, ou até aberto pelas pontas, jogando como uma espécie de ala. A partir daquela partida, Kléberson ganhou de vez a vaga como titular (iniciou todos os jogos dali em diante e não foi mais substituído) e passou a revezar de função com Íbson, ora marcando atrás, ora chegando à frente. 

Como volante, realmente Kléberson dá uma qualidade a mais para a saída de bola do time. À frente, no entanto - apesar dos dois gols da final -, ainda está devendo. Insiste demais em passes e lançamentos improváveis pelo meio, que quase sempre param nos pés dos adversários, e não tem acertado os muitos chutes de fora da área que tenta. De qualquer forma, está mesmo subindo de produção. E se Íbson realmente deixar o time, vai ser um jogador de quem o Flamengo vai precisar muito no Brasileiro.


Erick Flores
7 jogos (1 completo) - 4V, 3E, 0D

Muitos tentam ter esperança de que Erick Flores possa ser o armador que o Flamengo procura sem sucesso há anos. Infelizmente, não tem pinta de que seja o caso. O garoto começou a entrar em campo com Cuca contra o Madureira, atraiu elogios, mas não mostrou que possa ser o tal camisa 10 que tanto esperam.

Nas divisões de base, não era assim que ele jogava - e sim mais recuado. Com Cuca, nos profissionais, ele até conseguiu alguma coisa jogando mais aberto, quase como atacante mesmo - uma posição em que realmente pode render mais em seu estilo, de carregar muito a bola. Pelo meio, como armador, tendo uma marcação mais pesada e tendo que pegar a bola de costas pro adversário com frequência, ele simplesmente não consegue render.

É bom dizer que as melhores atuações de Erick foram em jogos contra adversários mais fracos. E que, no campeonato, só conseguiu jogar uma partida completa - o Fla-Flu de time misto, em que inclusive teve uma atuação apagada. Ele tem qualidades para conseguir ser um jogador melhor com o tempo: é habilidoso, rápido e não se esconde do jogo. Mas ainda precisa ganhar físico e encontrar sua melhor posição dentro de campo.


Toró
6 jogos (2 completos) - 4V, 2E, 0D

Toró, este ano, perdeu muito do espaço que teve em temporadas passadas. Willians chegou, tomou conta da posição e o esquema de Cuca não tem dado espaço para mais um volante apenas marcador no meio-campo. Com isso, só atuou em 6 partidas e só conseguiu ficar em campo os 90 minutos em dois jogos em que o time ou estava muito desfalcado, ou entrou com time misto mesmo.

É um jogador que deve mesmo seguir apenas pra ficar no banco, e entrar muito de vez em quando ou em situações específicas, ou em caso de necessidade pelos titulares estarem fora. E, dessa maneira, ele pode ser mesmo útil. Mas seus tempos de titular, aparentemente, ficaram pra trás. Melhor assim.


Fierro
5 jogos (nenhum completo) - 2V, 3E, 0D

Trocou-se o técnico e o chileno Fierro continuou não tendo muita oportunidade de mostrar o futebol que o levou à seleção chilena e à condição de ídolo do Colo-Colo. No estadual, foram apenas 5 partidas, nenhuma completa, apenas uma iniciando o jogo - no Fla-Flu do time misto, em que perdeu uma grande chance de gol no primeiro tempo que talvez mudasse sua história no clube. Quem sabe? 

Nas oportunidades que teve, não pareceu ruim, mas também não se destacou. Seus lampejos de maior destaque aconteceram na Copa do Brasil - a jogada para o quinto gol contra o Ivinhema e uma atuação realmente boa no segundo tempo contra o Remo. O curioso é que, depois desse jogo em que foi realmente bem - o primeiro desde que chegou ao país -, foi bastante elogiado por Cuca. E nunca mais teve chance de jogar. Com isso, perdeu o espaço que tinha na seleção de seu país, que não tem mais o convocado.

Dizem que há o interesse do Palmeiras em levá-lo para ocupar por lá a lateral direita na Libertadores. Como seu passe é da Traffic, não será surpresa se for mesmo pra São Paulo. Se não for, pode ser que mais chances apareçam a partir do meio do ano, dependendo do que acontecer com o elenco durante a janela de transferências.


Jônatas
9 jogos (1 completo) - 1 gol marcado - 6V, 3E, 0D

Ai ai ai ai, está chegando a hora... O contrato de Jônatas está se encerrando e em breve ele deve deixar a Gávea, rumo a sabe-se lá onde. Não deixará saudades.

Sou da opinião que Jônatas poderia ser sim um grande jogador. Pra isso, falta os técnicos - e ele mesmo - se convencerem de que o cara não é meia. Se jogar lá atrás, de volante, pode se destacar - foi jogando recuado que teve suas melhores fases. Porém, sempre que é escalado mais à frente, só consegue irritar a torcida.

Ah, sim: seria bom também se ele tivesse vontade de jogar. Incrivelmente, Jônatas já está há um ano "entrando em forma". Fica difícil.

Neste Estadual, ele até chegou a ensaiar mais uma vez um retorno, com muita gente boa pedindo sua entrada no time. Isso ganhou força depois do golaço que marcou contra o Mesquita, ainda na Taça Guanabara. O grande atrativo do jogo seguinte, contra o Boavista, era justamente sua entrada no time titular, com vários jogadores poupados, do qual seria o grande líder. Acabou sendo substituído ainda no intervalo.

Houve, como de costume, um ou outro lampejo de bom futebol. Mas Jônatas talvez seja a contratação de pior custo-benefício do Flamengo nessas últimas temporadas (e olha que a disputa por esse título é grande). 


Éverton
9 jogos (1 completo) - 2 gols marcados - 7V, 1E, 1D

Éverton até começou tendo seu espaço no time de Cuca. Esteve em campo nos seis primeiros jogos do campeonato, iniciando quatro como titular. Mas parece que a afirmação de Zé Roberto como titular no time o fez perder mesmo espaço - de fato, dá pra imaginar os dois disputando posição no esquema atual de Cuca. Mas, quando o treinador decidiu fazer mudanças na frente, já preferiu usar Erick Flores. E Éverton não tem tido muito espaço nem mesmo no banco de reservas.

Tanto ele quanto Erick, aliás, têm algumas características em comum. Como o prata da casa, Éverton é habilidoso, rápido e não tem medo do jogo. Mas carrega muito a bola, tem pouco físico para o estilo de jogo a que se propõe e ainda precisa encontrar a posição em que possa render melhor. É jogador da Traffic e seu contrato de empréstimo vai até o final do ano.


Marcelinho Paraíba
6 jogos (1 completo) - 2 gols marcados - 6V, 0E, 1D

Marcelinho chegou no fim do ano passado como o salvador do ataque rubro-negro. Este ano, já começou insatisfeito por não ver o clube pagar o que lhe devia e, além disso, ser constantemente escalado no ataque, onde não queria mais jogar. Nisso, com a torcida já impaciente, acabou deixando o time rumo a Curitiba. O ataque, que ele veio para salvar, continua sem solução. 

Enfim: minha opinião sobre sua passagem pelo Flamengo, já escrevi quando de sua saída ("o clube gastou um milhão de euros para trazê-lo, mais alguns meses de salários altos, o teve por apenas 25 jogos e o viu ir embora de graça - mais um grande negócio"). E acredito que, pra um nível Coritiba, ele ainda poderá ter um Brasileiro de certo destaque - se conseguir jogar em sequência ao longo da temporada.


Lenon
1 partida (nenhuma completa) - 0V, 1E, 0D

Sim - o garoto Lenon também é tricampeão. Esteve em campo no segundo tempo do Fla-Flu do time misto, entrando no lugar de Jônatas. Teve uma atuação discreta, mas ao menos não amarelou (embora tenha ameaçado um Fellype Gabriel 2 dentro de campo, reclamando de enjôo - mas seguiu no jogo). Além desta partida, entrou também no segundo tempo do jogo contra o Remo, em Belém.

3 comentários:

Arthur Costa disse...

mais uma excelente análise Monnerat.

porém, devo lembrá-lo de q MPB jogou contra o Resende (e com uma preguiça irritante). Lembra? Pois é. Então não estamos invictos com ele não.

blz?

Abraço!

André Monnerat disse...

Ih, rapaz - a ficha técnica que eu tinha aqui tá errada!

Vou corrigir, valeu a observação.

vôo do urubu disse...

O Espinoza quando passou pela Gávea só deixou uma herança: o Ronaldo Angelim. Cuca, mal chegou, também deixa a boa herança: Willians. Uma agradabilíssima surpresa.

Ibson participa muito do jogo, mas rende pouco. Kláberson participa menos, é verdade, mas sua produção é bem melhor. Deve haver scout pros contra-ataques desperdiçados pelo Ibson, pros chutes inacreditáveis tentados pelo Ibson, pros passes errados do Ibson. Guiness se avizinha, certamente.

De toda forma, o melhor jogador do meiocampo continua sendo o Juan. Um campeonato feito com marra, ousadia e decisão, ainda que sem brilho.

Saudações rubronegras!