A debandada

Aí ao lado está a capa da Placar que chega às bancas do Rio de Janeiro este mês. O mote é a forte possibilidade de Íbson ir embora no meio do ano, quando acaba seu empréstimo. Abaixo do título "Aquele abraço", se lê: "É o início da debandada?"

Bem: a debandada, na verdade, já começou. Já se foram Sambueza, Diego Tardelli, Fabrício, Vandinho e, agora, Marcelinho Paraíba. No meio do ano, além de Íbson, sabe-se que Jônatas, Josiel e Maxi terão seus contratos encerrados. Com a falta crônica de dinheiro no clube, a não ser que algo aconteça no meio do caminho, não será nenhuma surpresa se todos deixarem a Gávea.  Além desses, Léo Moura já deu entrevistas dando a entender que iria embora na metade da temporada, e não dá pra duvidar muito que o mesmo aconteça com Juan.

Preparem-se então para um time com Bruno, Éverton Silva, Fábio Luciano e Ronaldo Angelim; Aírton, Willians, Kléberson e Éverton; Fierro, Obina e Zé Roberto. É um time titular até bem razoável. Mas, no banco, estarão Marcelo Lomba, Wellinton, Egídio, Toró, Erik Flores, Paulo Sérgio e Kayke.

Se os dirigentes não tirarem um coelho da cartola ou fizerem alguma loucura, pode ser com esta equipe que o Flamengo disputará o Brasileiro.


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A venda ou compra de qualquer jogador pelo Flamengo, a esta altura, não pode ser só avaliada pelo que o cara rende em campo - os negócios precisam ser sempre enxergados sob a ótica da penúria completa que se abateu sobre a Gávea. Mas, na verdade, sob os dois aspectos, não havia como querer que Marcelinho ficasse.

Em campo, ele até teve uma ou outra partida interessante, e fez 10 gols em 25 jogos - uma média bem razoável. Mas cansava-se cedo nas partidas, irritava bastante pela lentidão, tornou-se batedor de todas as faltas e escanteios com um aproveitamento baixo e não tinha a movimentação necessária para jogar na posição que queria, no meio-campo. Não estava mesmo mostrando futebol pra se garantir entre os titulares. E obviamente, por mais que os dirigentes digam agora que ele não queria ir embora (então tá!), ele não estava mais a fim.

Financeiramente, era um jogador caro, e o Flamengo precisava não só aliviar a folha de pagamentos como se livrar das dívidas com ele. Pelo que se noticia, foi o que aconteceu - ele foi embora em troca do Flamengo não ter mais nada a lhe pagar. Assim, o clube gastou um milhão de euros para trazê-lo, mais alguns meses de salários altos, o teve por apenas 25 jogos e o viu ir embora de graça. 

Mais um grande negócio.


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Àqueles que andaram se irritando com a má vontade de Marcelinho nos últimos tempos, peço um pouco de reflexão.

Paraíba era titular em um time médio da Alemanha, um país de primeiro mundo onde ainda gozava de prestígio e tinha mercado. Poderia ficar por lá e viver tranquilo. Pra resolver voltar ao Brasil, é claro que grandes promessas lhe foram feitas.

E não foram cumpridas. Kléber Leite ainda soltou em entrevista a inacreditável frase "é óbvio que o que prometemos antes não vale mais agora".

No fim, ele saiu de titular de um time europeu, que disputa a Copa da UEFA, para ir parar no Coritiba.

São casos como esses que fazem com que o Flamengo tenha que pagar muito mais caro do que o valor de mercado para que qualquer profissional razoável aceite ir para a Gávea.

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