O que andou mudando fora de campo nos clubes do Rio

O Flamengo inicia o ano com nova presidente e muitas mudanças que até começaram a ser ensaiadas em 2009 podem se aprofundar. O cenário, com novos contratos, mercado aquecido, empresas dispostas a investir e influenciar na profissionalização do mercado de futebol no Brasil e a torcida pronta pra consumir, é o bastante promissor. Mas não é só na Gávea que as coisas andam mudando; nos demais clubes do Rio, nomes novos também andaram aparecendo, com outro tipo de discurso e preocupações. É possível que em 2010 já vejamos um tanto dos resultados disso aí.

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O caso do Vasco é o mais emblemático. Depois dos anos de chumbo da era Eurico e o rebaixamento no início da gestão de Roberto Dinamite, a reconstrução iniciou-se no ano passado. Voltar à primeira divisão era o básico do básico e, vamos combinar, não era missão das mais difíceis - a diferença de arrecadação de um clube como o Vasco para os demais da série B é grande demais. Mas muito mais foi feito. O trabalho no marketing de Fábio Fernandes, presidente da mega-agência de publicidade F/Nazca, levou o clube a passar dos 45 mil sócios em um ano - o que, mesmo descontando a inadimplência e a fatia que fica com a empresa que toca o projeto, deve fazer chegar aos cofres cruzmaltinos mais de 8 milhões de reais ao ano.

Especificamente no futebol, foi um tiro certeiro a contratação do executivo Rodrigo Caetano, vindo do Grêmio, que trabalha não só para acertar as coisas no time profissional, mas também para reestruturar completamente as categorias de base. Profissionais com o perfil de Caetano são raríssimos  no mercado - Patrícia Amorim deve estar percebendo isso agora. O clube ainda tem o enorme peso das dívidas passadas a carregar e ainda patina pra montar uma estrutura melhor - parece que não poderá usar o Vasco-Barra, antigo Fla-Barra, em 2010 por falta de pagamento de aluguel ao proprietário. E o time propriamente dito ainda é fraco de nomes e não parece em nível de lutar por título no Brasileiro, por exemplo. Mas as coisas estão se acertando por lá.


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Assim como parece acontecer no Botafogo. Vamos combinar: é duro esse trabalho de resgatar o Botafogo, com tantas dívidas e uma torcida que simplesmente não comparece. Mas o atual presidente Maurício Assumpção parece estar trabalhando pra valer pra arrumar a casa depois da gestão de Bebeto de Freitas, que tinha uma imagem muito melhor do que seu trabalho propriamente dito. No ano passado, começou a implantar um modelo de gestão empresarial, com gestores profissionais para cada área do clube. Para 2010, conseguiu-se montar um orçamento em que cada área sabe exatamente quanto terá para gastar. Não à toa, para este ano o discurso já é mais ambicioso em termos de contratações para o time - El Loco Abreu não é nem Adriano nem Fred, mas me parece uma boa aposta e o presidente diz que o verdadeiro nome de peso que vem por aí não é ele, e sim um meia que ainda não chegou (Ronaldinho Gaúcho? Depois disso, tudo é possível neste mundo).

Há ainda o Engenhão, que deve tornar-se o principal palco do futebol carioca nos próximos anos e pode criar muitas receitas novas para o clube - que já andou apresentando ao mercado alguns bons planos para aproveitar a chance, incluindo leilão de camarotes corporativos e outras maneiras de aproveitar os espaços do estádio, incluindo a venda de seu nome para alguma empresa. É esperar pra ver, mas este ano me parece ter jeito de ser menos sofrido pros alvinegros do que foi o passado. Embora eu não tenha certeza se isso vai agradá-los, já que o botafoguense é um sujeito que parece gostar de ver as coisas darem errado.


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No Fluminense, é ano de eleição, e com isso muita coisa pode acontecer. Mas já assumiu o futebol no fim do ano passado, no lugar do desastroso Tote Menezes, a dupla Ricardo Tenório e Mário Bittencourt. Os dois são ligados ao grupo FluSócio, do qual já falei aqui - é gente que se organizou pela internet, fez campanha para atrair novos sócios e tem o discurso de arejar a política interna do clube, para mudá-lo por dentro; em novembro, tentarão eleger o advogado Peter Siemsen presidente. A contragosto do patrocinador, Branco - o inacreditável diretor que penhorou a renda do próprio clube na partida mais importante de sua história, saiu por conta disso e depois foi bizarramente trazido de volta - foi defenestrado.

A verdade é que o Fluminense tem problemas complicadaços de resolver, uma dívida gigantesca, uma relação complexa com a Unimed. Mas ao menos parece que tem gente se mexendo pra implantar outras ideias por lá. O grupo Pavilhão Tricolor, que surgiu da mesma galera que iniciou a Legião Tricolor e é liderado por Mario Vitor, neto de Nelson Rodrigues, é outro que sinalizou que deverá ter candidatgura própria - depois que o FluSócio aceitou participar da gestão Horcades em regime de emergência, pra salvar o time do rebaixamento, parece terem acabado as chances dos dois grupos se unirem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já parou com as colunas do flamengo rj?

André Monnerat disse...

Anônimo, ando meio relapso com a rotina das colunas por lá - assim como as do FlamengoNet. Mas não é a ideia parar não. Espero acertar esse ritmo a partir da próxima semana.