Pré-candidatos à presidência do Flamengo: Lysias Itapicuru

Lysias Itapicuru talvez seja, entre os pré-candidatos anunciados à presidência do Flamengo, o nome mais desconhecido – ao menos para o público externo ao clube, o que me inclui. E foi um dos que atendeu ao meu pedido para uma conversa, para que eu pudesse trazer aqui pro blog o perfil do candidato.

Com 35 anos, Lysias é empresário – tem uma empresa de software e sistemas e é presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Empresariais. Também é professor da Fundação Getúlio Vargas – que, segundo ele, ajudou na preparação de seu “programa de governo" –, é filiado ao PSDB (pelo qual já foi candidato a deputado estadual) e já participou de missão diplomática oficial pelo Brasil. Apresenta como uma de suas qualidades para ocupar o cargo a vida financeira e profissional estabelecida, que lhe permitiria dedicação integral ao Flamengo.

Durante a conversa, seu grande foco era a recuperação da credibilidade do Flamengo, ponto básico para que se consiga atrair parceiros, patrocinadores, sócios. Para isso, sua grande bandeira seria um nível de transparência inédito nas ações e contratos da diretoria. Sua proposta: disponibilizar todos os processos e contratos do clube no próprio site oficial, para que os sócios possam consultar quaisquer valores e informações, usando pra isso login e senha. Isso valeria inclusive para os salários dos jogadores.

Retruquei que Márcio Braga se elegeu fazendo exatamente esta promessa: abrir no site oficial os contratos de todos os jogadores. A idéia não durou três meses, segundo ele por resistência dos próprios atletas. Lysias respondeu dizendo que quem se recusasse, que procurasse outro clube para jogar – no Flamengo, seria assim.

Com transparência e credibilidade, ele afirma que seria fácil atrair investidores diversos para o clube – para futebol, esportes amadores (que ele afirma que manterá todos), sede da Gávea. A sede, inclusive, tornaria-se uma máquina de gerar dinheiro, e seus planos para a área incluem a construção de um estádio (“sem o shopping”, ele ressalta), com capacidade a ser estudada, como forma de “demarcar o território da Nação”. Lysias fez a promessa ainda de que, sendo ele eleito, já estará garantido um enorme patrocínio de uma empresa de telefonia móvel, que ele não poderia revelar o nome. Mas sua intenção mesmo (que ele ressalva que não seria possível em um primeiro momento) é ter o uniforme limpo de patrocínios.

Outros pontos da conversa:

- Em sua concepção, os principais diretores do clube continuariam sendo voluntários, mas com “operadores” pagos para tocar o dia-a-dia, de acordo com as diretrizes passadas.

- Criticou a atual relação da diretoria com os Conselhos – afirma que muitas vezes os contratos chegam para aprovação depois que o dinheiro referente a eles até já foi utilizado. E falou ainda haver diretores que assumem cargos teoricamente voluntários e recebem dinheiro do clube através de suas empresas, por contratos que a maioria desconhece existirem – relação que ele criticou bastante.

- Criticou também o marketing do clube, que ele afirma ser dirigido por gente sem capacidade de estar ali. Afirmou que seria possível multiplicar as receitas do clube com licenciamentos apenas pelo controle e cumprimento dos contratos que já existem, pois o clube não estaria recolhendo corretamente os valores que os parceiros deveriam pagar.

- Falou na criação de uma Fundação Flamengo, com motivação social, mas por onde o Flamengo também conseguiria garimpar novos talentos para suas equipes esportivas.

- Em sua concepção, o Flamengo deveria se abrir para os torcedores – gostaria de ver um sócio-torcedor com preço acessível e direito a voto.

- Disse estar ciente que receberia o clube em 2010 com salários atrasados, sem dinheiro em caixa para honrar os compromissos imediatos e com receitas adiantadas a perder de vista.

- Disse não estar convencido da necessidade de transformar o futebol em empresa, pois acredita que o atual modelo jurídico do clube não tem qualquer problema para funcionar bem. E que vê a possibilidade de atrair Zico para o Flamengo como algo que seria ótimo no processo de resgate da credibilidade, mas que a negociação com o CFZ (que, diz ele, tem dívidas altas na praça) é apenas uma tentativa de conseguir um CNPJ limpo de dívidas para tocar o futebol – e passar os débitos todos para o clube, penalizando os sócios.


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Estes foram os principais pontos “administrativos” do papo com Lysias. Mas houve ainda uma grande parte da conversa sobre política e o atual cenário eleitoral na Gávea.

Lysias é filho de Lysias Dantas, benemérito do clube que, conta, sempre foi ativo nas eleições. Sua candidatura estava em estágio de montagem de chapa – o assunto de que falei aqui outro dia. Com a mobilização do seu pai, ele já teria alcançado mais ou menos um terço das assinaturas necessárias, num ritmo que lhe deixava satisfeito; quando nos encontramos, ele havia acabado de lançar seu site oficial - bem simples, por sinal -, por onde pretendia conseguir angariar mais gente para entrar na campanha. Pesquisando na internet, vê-se que foi membro do grupo MPFla e pediu licença, foi assessor especial da presidência durante a gestão Márcio Braga e foi responsável pelo projeto do Instituto Fla Novas Gerações - para o qual Márcio chegou a prometer que o Flamengo destinaria 1% de todas as suas receitas, para trabalhos sociais.

Lysias disse que conhece todo mundo no Flamengo, não tem problemas com ninguém (até de Edmundo Silva ele falou) e não quer ser candidato oficial de nenhum grupo – gostaria de contar com o apoio de todos, mas sem se comprometer especificamente com nenhum. Não escolheu ainda seu vice geral. Não acredita na hipótese da campanha realmente seguir com tantos candidatos. E acenou com a intenção de conversar com outros dois candidatos “de oposição” para tentar compor uma única chapa – de preferência com ele de cabeça, claro. Seriam eles Patrícia Amorim e Pedro Ferrer, que, ele diz, é seu amigo.

Dias depois deste encontro, acabei vendo muitos trechos em vídeo da apresentação de Pedro Ferrer ao grupo Dragão Negro, na Gávea – será ele o próximo pré-candidato de quem falarei por aqui. E a coincidência de discurso entre os dois me impressionou. Passagens específicas de suas falas são incrivelmente parecidas, até em palavras utilizadas. Me pareceu mesmo muito, muito improvável que os dois possam sair candidatos, um contra o outro.

Patrícia Amorim seria ou não atraída para este bloco? Lysias diz que ela tem uma limitação para ocupar a presidência: seu mandato de vereadora, do qual ela não abriria mão (ele diz que conversou com Eider Dantas, que disse que largaria o mandato para ser presidente do Flamengo; mas Eider, ele diz, nunca comporia com Patricia por serem adversários na política municipal e estadual). E ele também não crê que o Flamengo “esteja pronto para ter uma mulher como presidente”. Se isso realmente acontecesse, como ficaria o discurso de Patrícia, que afirma que não seria vice de ninguém? Aguardemos cenas dos próximos capítulos.


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Os textos já publicados sobre outros candidatos:

- Clóvis Sahione
- Eider Dantas (e mais um pouco sobre ele aqui)

3 comentários:

Ninho da Nação disse...

Boa Monnerat

Agora é aguardar a formação das chapas, que está previsto para o dia 30 de setembro.

Bruno disse...

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL1278033-9825,00.html

Monnerat

Voce que gosta:

Tabelas das receitas e despesas do Flamengo
- aumento arecadação em 28 milhoes
- diminuição despesa de 27 milhoes
E mesmo assim fechamos no vermelho
Negocio esta complicado!!!

Anônimo disse...

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2009

Prezados Senhores (as),

Na qualidade de sócio proprietário e torcedor do Clube de Regatas Flamengo, venho expressar minha revolta com a falta de organização e desrespeito que meu filho, freqüentador das aulas de natação e pólo aquático desde os 8 anos de idade foi tratado na data de ontem na compra de ingressos para o jogo Flamengo x Grêmio.

Meu filho saiu mais cedo da escola para comprar nas dependências do clube, 4 ingressos de arquibancada para o jogo Flamengo x Grêmio. Ele chegou ao clube as 10:30 hrs e encontrou uma grande fila para a compra dos ingressos.

Após mais de 5 horas de espera, sem almoçar, e passando mal devido as condições as quais se submeteu durante a espera na fila (calor excessivo, fome, cede e em pé a todo o momento), foi comunicado que os ingressos de arquibancada haviam se esgotado e que ele só poderia comprar no máximo 3 ingressos de cadeira azul. Para comprar os 4 ingressos necessários para minha família (esposa e dois filhos) teria que minha filha de 10 anos, também faltar a escola, ou minha esposa faltar o trabalho, ou eu deixar de realizar uma viagem a trabalho, para estar na fila durante 5 horas com ele?

Quando retornei de uma viagem a trabalho, encontrei meu filho desolado e revoltado pela experiência vivida. Ele me relatou que durante todo momento de espera na fila foi constatado diversas pessoas “furando a fila” e não sócios comprando ingressos. A falta de organização era agravada devido ao fato de apenas um segurança estar presente e apenas uma atendente estar trabalhando na venda dos ingressos.

Conhecidos meus compraram ingressos em outras bilheterias, como terra encantada em quantidade maior com mais facilidade do que dentro do próprio clube.

Os sócios do clube deveriam ser tratados com o mínimo de respeito, pelo menos encontrar uma organização mínima na compra de ingressos nas dependências do clube. Alguns clubes oferecem prioridade e exclusividade de compra dos ingressos aos sócios nos primeiros dias, disponibilizando a venda para demais interessados apenas depois de determinado período.

O fato é que ingressos podem ser encontrados com cambista a R$ 80,00 arquibancada e R$ 45,00 cadeira azul.

Com tanta tecnologia e alternativas de logística encontradas atualmente, não é cabível o clube não oferecer um serviço razoável para seus sócios, conseguindo assim melhorar sua imagem e criar melhor valor.

Atenciosamente,


Marcello O’Connor
Sócio Proprietário
Matricula 903500