Mas as coisas normalmentes não são tão simples e mágicas quanto parecem. É comum, por exemplo, confundir "faturamento" com "lucro" (como bem apontou o Juan, nos comentários do último texto). É bom também ter sempre isso em mente quando imaginar possíveis soluções rápidas para todos os problemas - do Flamengo ou de qualquer outro clube.
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A maioria dos clubes que lançou seu "sócio-torcedor" o fez terceirizando a formatação, implantação e manutenção. É o caso do projeto do Vasco - tocado pela empresa de marketing esportivo Novo Traço, em sociedade com a Jeff Sports e Marketing, do ex-vice de marketing do Botafogo, Jefferson Mello. A Novo Traço, aliás, já realizou projetos em outros clubes, como Botafogo, Palmeiras, Fluminense e Coritiba.
E é claro que isso tem um custo. No caso do Coritiba, por exemplo, foi divulgado que a comissão cobrada pela empresa é de 38% do faturamento do programa - o que, à primeira vista, parece muito e gerou discussão lá no Paraná. Nisso estão incluídos todos os serviços relativos ao sócio-torcedor - criação do site, geração de boletos de cobrança, montagem de central de atendimento, criação e veiculação de publicidade, enfim. O percentual pode variar de clube pra clube, claro. Mas é essa a ordem de grandeza - ou seja: se o clube conseguir 20.000 sócios e cobrar 20 reais de cada um, a receita total seria de R$400.000, mas chegariam aos cofres do clube cerca de R$248.000.
No Corinthians, o Fiel Torcedor também é terceirizado. A responsável por colocar tudo pra funcionar é a OmniSys, empresa voltada para o mercado de clubes - com clientes incluindo Guarani, Santos, Ponte Preta, AABB, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e por aí vai . Eles têm sistemas de gerenciamento de quadro social, de controle de acesso a dependências diversas e ainda um programa pronto para sócio-torcedor, que é o que o Corinthians contratou. Não encontrei dados sobre a forma de cobrança feita pela empresa.
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Agora, a terceirização não é obrigatória. E um exemplo de clube que não o faz é justo o mais bem sucedido de todos - o Inter. Por lá, o trabalho é todo tocado internamente, desde 2000.
E trata-se de um dos poucos (o Vasco, agora, é mais um) em que o nome "sócio-torcedor" realmente faz sentido - já que o sujeito se torna efetivamente sócio, com direito a voto e tudo o mais. Algo importantíssimo para o crescimento e fortalecimento do clube como instituição.
2 comentários:
Monnerat,
Também não vejo como o aumento de sócios com direito a voto poderia prejudicar o Fla. Contudo, observo uma resistência a essa idéia partindo até mesmo de pessoas bem intencionadas lá do Blog da Flamengonet.
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Os números apresentados praticamente anulam a terceirização do projeto.
Sócio torcedor sem direito a voto? É como brochado em cabaré!
Por mais amôr que se tenha pelo clube ninguem vai colocar o seu dinheiro onde não possa opinar através de eleições.
Me engana que eu gosto!
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