Atualizando: o CeloCRF colocou o vídeo da matéria no YouTube. Tá aí:
O tamanho do buraco
Para aqueles que não conseguiam entender a dificuldade do clube para contratar reforços e se perguntavam onde tinha ido parar o dinheiro de tantas vendas, é esclarecedor saber que o orçamento do clube para 2008 já previa um déficit de R$18 milhões - e que as vendas colocaram nos cofres rubro-negros mais ou menos isso aí, só pra tapar mesmo o buraco. Outra informação também serve pra colocar os pés da torcida no chão: se o Flamengo vendesse hoje tudo o que tem, ainda faltariam R$48 milhões para pagar todas as suas dívidas. Claro: a maior parte do débito está negociado, pela Timemania e pelo acordo com a Justiça do Trabalho que faz o clube depositar mensalmente 15% de todas as suas receitas em um fundo para pagar o que deve. Mas, mesmo assim, percebe-se que tudo o que entra no Flamengo já está altamente comprometido - não tem nada sobrando por lá não.
Onde se quer chegar
A coisa já foi muito pior, no entanto. Além dos dois acordos para as dívidas, o Flamengo vem conseguindo ampliar sua receita ano a ano - e o patrimônio negativo, ou seja, a diferença entre o valor total dos bens e o tamanho da dívida, já foi de R$139 milhões em 2004. Mas o plano que Márcio Braga anuncia na matéria é pra lá de ambicioso: diz que o clube será o maior arrecadador da América Latina já em 2009, mais do que dobrando a receita total divulgada no balanço de 2007.
Só não explica como. Todos sabemos que há previsões para o aumento dos contratos de patrocínio de camisa, material esportivo e TV bem razoáveis - mas são valores acompanhando o crescimento de mercado e que não chegariam a fazer o clube arrecadar os R$180 milhões anuais de que fala o presidente. Seria o projeto do Cidadão Rubro-Negro - o sócio-torcedor tão aguardado - o responsável por este salto maravilhoso? Ou esta é mais uma projeção bonita e irreal para empolgar a torcida, como a que falava em 500 mil assinantes da FlaTV bancando todo o futebol do Flamengo? É esperar pra ver.
De qualquer forma, é necessário mesmo que a arrecadação dê um salto. Até este ano, por lei, os clubes só completam até R$50 mil por mês em relação às suas fatias da arrecadação da Timemania, em relação ao que seria a parcela total da dívida. Pra 2008, isto acaba - e a arrecadação da loteria está beeeeem abaixo do que o governo e os clubes previam. A expectativa é que seja necessário para um clube como o Flamengo, com uma dívida de mais de R$160 milhões com o Estado, pagar centenas de milhares de reais por mês para se manter em dia com suas dívidas. Pior: a taxa de juros usada para o reajuste é a Selic, a pior do mercado, aquela que os noticiários econômicos sempre discutem a cada reunião do Copom e que é a mais alta do mundo. Pelas contas que se anda fazendo, a não ser que a Timemania se torne um estrondoso sucesso de uma hora pra outra, o Flamengo vai ter que se esforçar para pagar apenas juros de sua dívida monstruosa, sem quitá-la nunca.
Onde se quer chegar
A coisa já foi muito pior, no entanto. Além dos dois acordos para as dívidas, o Flamengo vem conseguindo ampliar sua receita ano a ano - e o patrimônio negativo, ou seja, a diferença entre o valor total dos bens e o tamanho da dívida, já foi de R$139 milhões em 2004. Mas o plano que Márcio Braga anuncia na matéria é pra lá de ambicioso: diz que o clube será o maior arrecadador da América Latina já em 2009, mais do que dobrando a receita total divulgada no balanço de 2007.
Só não explica como. Todos sabemos que há previsões para o aumento dos contratos de patrocínio de camisa, material esportivo e TV bem razoáveis - mas são valores acompanhando o crescimento de mercado e que não chegariam a fazer o clube arrecadar os R$180 milhões anuais de que fala o presidente. Seria o projeto do Cidadão Rubro-Negro - o sócio-torcedor tão aguardado - o responsável por este salto maravilhoso? Ou esta é mais uma projeção bonita e irreal para empolgar a torcida, como a que falava em 500 mil assinantes da FlaTV bancando todo o futebol do Flamengo? É esperar pra ver.
De qualquer forma, é necessário mesmo que a arrecadação dê um salto. Até este ano, por lei, os clubes só completam até R$50 mil por mês em relação às suas fatias da arrecadação da Timemania, em relação ao que seria a parcela total da dívida. Pra 2008, isto acaba - e a arrecadação da loteria está beeeeem abaixo do que o governo e os clubes previam. A expectativa é que seja necessário para um clube como o Flamengo, com uma dívida de mais de R$160 milhões com o Estado, pagar centenas de milhares de reais por mês para se manter em dia com suas dívidas. Pior: a taxa de juros usada para o reajuste é a Selic, a pior do mercado, aquela que os noticiários econômicos sempre discutem a cada reunião do Copom e que é a mais alta do mundo. Pelas contas que se anda fazendo, a não ser que a Timemania se torne um estrondoso sucesso de uma hora pra outra, o Flamengo vai ter que se esforçar para pagar apenas juros de sua dívida monstruosa, sem quitá-la nunca.
De onde vem o preju?
O grande vilão, diz-se, é a parte social e de esportes amadores do clube. O futebol se banca, mas a receita não é o bastante para cobrir os gastos de todo o resto. Já escrevi sobre isso aqui: é coisa de louco que um patrimônio como a sede da Gávea, uma área enorme em um dos pontos mais nobres do Rio de Janeiro, seja fonte de prejuízos.
Ao mesmo tempo, é algo curioso colocar o basquete, a ginástica e os demais esportes como vilões quando não se dá a chance a eles de buscarem seus próprios recursos - o contrato assinado a cada ano com a Petrobras cobre tudo e e impede que cada equipe tenha seu próprio patrocinador. Assim, é injusto dizer que estes esportes não geram receitas - o contrato de patrocínio também é deles, e não só do futebol. O Corinthians, por exemplo, ganha da Medial mais ou menos o mesmo que o Flamengo da BR - mas o acordo é só para o futebol masculino; no momento, conseguiram um patrocínio de uma distribuidora de vinhos para montar o novo time feminino, coisa que o Flamengo não poderia fazer.
Pela enésima vez, Márcio Braga cita na matéria a intenção de criar o Flamengo Futebol S. A., uma empresa em que o clube seria sócio majoritário e que cuidaria do futebol, separando suas contas. O Clube de Regatas do Flamengo ficaria responsável pela parte social e pelos esportes amadores. Isso depende de uma reforma no estatuto de que ele fala há muitos anos e, até agora, até onde sei, não foi encaminhada aos conselhos. Se a solução depender mesmo disso aí, é bom a gente esperar sentado.
Mas então: assiste aí o vídeo
Ao mesmo tempo, é algo curioso colocar o basquete, a ginástica e os demais esportes como vilões quando não se dá a chance a eles de buscarem seus próprios recursos - o contrato assinado a cada ano com a Petrobras cobre tudo e e impede que cada equipe tenha seu próprio patrocinador. Assim, é injusto dizer que estes esportes não geram receitas - o contrato de patrocínio também é deles, e não só do futebol. O Corinthians, por exemplo, ganha da Medial mais ou menos o mesmo que o Flamengo da BR - mas o acordo é só para o futebol masculino; no momento, conseguiram um patrocínio de uma distribuidora de vinhos para montar o novo time feminino, coisa que o Flamengo não poderia fazer.
Pela enésima vez, Márcio Braga cita na matéria a intenção de criar o Flamengo Futebol S. A., uma empresa em que o clube seria sócio majoritário e que cuidaria do futebol, separando suas contas. O Clube de Regatas do Flamengo ficaria responsável pela parte social e pelos esportes amadores. Isso depende de uma reforma no estatuto de que ele fala há muitos anos e, até agora, até onde sei, não foi encaminhada aos conselhos. Se a solução depender mesmo disso aí, é bom a gente esperar sentado.
Mas então: assiste aí o vídeo
É só clicar aqui pra ver a matéria, no site da ESPN Brasil.
Um comentário:
Se o cenário vem melhorando, então um contrato de patrocínio com melhores condições para os esportes amadores pode ajudar. O que vem me assustando é essa Timemania. Mais uma dívida a ser empurrada com a barriga...
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