O que significa a eleição para presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo

Entenda o que é o Conselho Deliberativo e qual a importância de seu presidente.



Hoje é dia de eleição do presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, que já está acontecendo na Gávea. Quem vive lá dentro da política do clube está levando o assunto bastante a sério e já houve por aqui no blog quem pedisse explicação do motivo disso ser tão importante. Então, vamos lá.

Dos conselhos com que a diretoria tem que lidar dentro do Flamengo, o Deliberativo é o mais importante. Há quem pense que qualquer decisão do presidente tem que ser aprovada por lá, e não é bem assim, mas muita coisa tem mesmo que passar por votação dos conselheiros. É o caso de qualquer contrato, exceto os de prestação de serviços no futebol e no esporte olímpico, que ultrapasse 500 vezes o valor do título de Sócio Patrimonial (o que hoje dá R$2 milhões). Também é o Conselho Deliberativo que julga e aprova as contas do clube, além de eleger os membros do Conselho Fiscal, que irá fiscalizá-las. E, caso alguém queira mudar alguma coisa no estatuto, é o Conselho Deliberativo que deve aprovar.

O Conselho Deliberativo é formado por um corpo permanente, com todos os Sócios Beneméritos, Eméritos, Remidos e mais os Proprietários com pelo menos 2 anos de vida associativa (como eu, que terei meu lugar no Conselho a partir de 2013 - não voto na eleição de hoje); e por um corpo transitório, com sócios de outras categorias eleitos para um mandato de 3 anos. Este corpo transitório, que já participa da eleição de hoje, será formado desta vez por 120 membros da Chapa Azul e 30 membros da Chapa Amarelo-Ouro, de Patrícia Amorim. No total, são cerca de 1.500 membros do Conselho Deliberativo, dos quais espera-se que menos de 500 apareçam para votar hoje.


* * * * * * * * * *


O cargo de presidente do Conselho Deliberativo tem sua importância por poder influenciar bastante as pautas e discussões que acontecem por lá. É ele quem nomeia, de acordo com sua vontade, os membros das comissões do Conselho, como as de Finanças, Jurídica e de Estatuto, cujos pareceres sempre têm influência nas votações - e já aconteceu de um presidente trocar membros da comissão de Finanças em véspera de votação das contas da diretoria, mudando assim o parecer que seria dado sobre o assunto.

Também é ele quem encaminha assuntos para análise das comissões, antes das votações, e determina o prazo para que os pareceres sejam preparados - e eles podem ser mais curtos ou mais longos de acordo com sua vontade. Também é ele quem convoca as sessões e, assim, já se viu muitas vezes determinados processos e votações serem apressados ou atrasados de acordo com conveniências políticas do presidente.  Durante as reuniões, é ele quem concede ou nega a palavra aos conselheiros, influenciando no andamento dos debates.

Ou seja: o Presidente do Conselho Deliberativo não decide nada sozinho (as decisões do Conselho são tomadas por maioria simples dos votos dos presentes nas sessões, que devem ter sempre um mínimo de 50 conselheiros), mas tem muitas formas de influenciar no que será votado e em quando será votado. Sua posição sobre uma reforma de estatuto, uma aprovação de parceria importante ou até um processo de impeachment acabam contando bastante.

Mas é um cargo chato, puramente político e não executivo. É difícil encontrar quem tenha paciência para lidar com os pedidos e demandas das trocentas correntes internas do clube se já não estiver mergulhado até a cabeça neste mundo interno da Gávea. Exatamente por isso, todos os candidatos confirmados e especulados na imprensa para esta eleição são pessoas mais que conhecidas da política rubro-negra, ocupantes e candidatos recorrentes em cargos importantes na Gávea. Podem acreditar que houve gente tentando convencer nomes com mais jeito de novidade a topar o trabalho, mas ninguém conseguiu.

Neste cenário, qualquer concorrente que saísse deste universo teria um histórico grande lá dentro, de onde poderia-se puxar qualidades e defeitos. Delair Dumbrosck, que se encaixa nisso, é o candidato apoiado pela diretoria eleita e pelo grupo de que participo, o Sócios Pelo Flamengo. Antes de ter este apoio do nosso grupo, assinou o compromisso com uma agenda mínima para o seu mandato (assim como havia acontecido com Eduardo Bandeira de Mello, antes de ter nosso apoio como candidato a presidente). Concorrem com ele Gilberto Cardoso Filho, também ex-presidente do clube, apoiado por membros das chapas de Jorge Rodrigues e Patrícia Amorim; e  o independente Lysias Itapicuru, que deverá ter pouquíssimos votos - como teve quando concorreu a presidente, em 2009.

3 comentários:

lussiannosousa disse...

Vlw André, pela explicação. Torcer então pelo Delair, né?! Li em algum lugar ele falar da mudança de estatuto já em 2013. Meu temor é que essa mudança não ocorra justamente por tirar o poder de alguns desses conselheiros que tomam o Flamengo pra si.

André Monnerat disse...

Lussiano, "reforma do estatuto" todo mundo quer. É como a reforma política em Brasília...

O problema é que tem gente que quer reforma pra uma coisa, tem gente que quer pra outra.

Aldo Dutra disse...

valeu pela informação, li numa reportagem que haverá mudança no estatuto principalmente no que diz respeito a planos de associação. Espero que ocorra o Flamengo precário nesse campo. Deveria ter um campo link onde o sócio entrar no seu cadastro e emitir o boleto bancário e não ter que ficar pagando R$2,00 de boleto bancário para o bradesco mensalmente.