Encontro do Flamengo com Ronaldinho e seu Atlético-MG é imprevisível

A situação dos dois times, a relação de Ronaldinho com os rubro-negros e até as condições do campo fazem com que seja difícil imaginar o que pode acontecer hoje à noite no Engenhão.



O reencontro do Flamengo com Ronaldinho virou motivo para aumentar a expectativa pelo jogo de hoje à noite no Engenhão. E não será surpresa se o jogador tiver comprado esta ideia: no jogo contra o Grêmio no Olímpico, ainda no primeiro turno, Ronaldinho pediu empenho extra aos companheiros e isso teve resultado, com os mineiros arrancando uma vitória importnate por lá. É provável que ele entre hoje em campo com o mesmo espírito e que tenha voltado a apelar por um esforço a mais dos demais atleticanos, em uma partida que já teria caráter decisivo para eles independente da relação de seu capitão com o ex-time.

Mas é bom dizer: o Atlético Mineiro não se resume a Ronaldinho. Na verdade, ele nem mesmo é considerado seu principal jogador; este status é de Bernard, garoto que hoje não entrará em campo por suspensão. Cuca teve a visão que Joel e Luxemburgo não tiveram enquanto contaram com o ex-melhor do Mundo no Flamengo: percebeu que ele tem qualidade, pode ajudar seu time, mas que não dá pra jogar em suas costas a maior parte da responsabilidade de tornar a equipe criativa. No esquema do Atlético, ele tem a companhia de outros três jogadores ofensivos - Guilherme e Bernard pelos lados e o centroavante Jô à frente -, o que quase nunca teve enquanto vestiu a camisa rubro-negra.

Assim, independente da participação de Ronaldinho, o Atlético de Cuca consegue ter boas opções de jogo pelas duas laterais; nisso, além dos meias-atacantes abertos, destaca-se o lateral Marcos Rocha, que apoia muito e participa bastante da saída da defesa para o ataque. Fazê-lo se preocupar mais com a defesa, como fez o Náutico na vitória que conseguiu nos Aflitos, é um bom caminho para começar a parar o Atlético. Fora isso, é um time com bom preparo físico, dedicado, que marca muitas vezes por pressão a partir do campo de ataque e que sabe ficar com a bola.

Ronaldinho costuma pegar mais na bola e jogar mais pelo meio do que acontecia no Flamengo. Porém, em boa parte do campeonato, foi bem mais importante na bola parada do que com ela rolando; participava fazendo viradas de jogo, ajudando a manter a posse de bola, mas não criava muitos lances decisivos. Teve uma sequência de jogos em mais alto nível nas quatro ou cinco últimas rodadas do primeiro turno, mas desde a grande atuação contra o Cruzeiro não faz um gol ou assistência com a bola rolando (o primeiro gol da vitória por 3x0 sobre o Palmeiras foi em cobrança de escanteio sua).


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Difícil negar que o Flamengo acabou favorecido pelo adiamento deste jogo, que deveria ter acontecido durante uma fase bem melhor do Atlético. Era óbvio que o time mineiro não conseguiria manter para sempre o aproveitamento absurdo que teve no primeiro turno; fato é que, se considerássemos apenas a pontuação deste returno, o adversário de hoje à noite estaria apenas na 12a colocação.

O Fluminense já havia ultrapassado antes em pontos ganhos, mas havia este jogo a menos que ainda colocava o Atlético como "líder virtual". Hoje, isso já não é mais fato; mesmo que conquiste os três pontos no Engenhão, o Galo seguirá atrás dos tricolores. Se perder, a diferença ficará em já consideráveis quatro pontos. A pressão então por um bom resultado será grande, pois uma derrota passará a todos a impressão de que a boa onda está passando e que as perspectivas de título começam a escorrer por entre os dedos. Este jogo será um teste forte para o lado emocional e para a autoconfiança de Cuca, Ronaldinho e companheiros.

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Já escrevi aqui que não gosto muito da ideia de colocar Léo Moura como armador neste momento. Mas, fora isso, o time que Dorival escalou para hoje à noite parece melhor do que o que vinha atuando nas rodadas anteriores. Segundo o noticiário, teremos Felipe, Wellinton Silva, Frauches, Gonzalez e Ramon; Amaral, Cáceres, Léo Moura e Cléber Santana; Liédson e Vágner Love.

Pela escolha dos jogadores, dá pra imaginar que o meio-campo terá dois volantes fixos à frente da zaga, como eu pedia por aqui há pouco tempo. Isso simplifica o esquema e pode melhorar a proteção à defesa, sem tornar o time menos efetivo na frente - até porque Íbson e Luiz Antônio, que faziam dupla no vai-vem entre marcação e criação no meio-campo, não estavam conseguindo nem marcar nem armar direito. Além disso, com todas as contestações que ouço à sua contratação, pra mim Liédson seria mesmo titular ao lado de Vágner Love. O centroavante tem ficado sozinho demais à frente, dependendo só da chegada dos que vêm de trás para ter companhia. Se Liédson não estivesse em campo, por exemplo, é provável que Love não tivesse para quem cruzar no lance do segundo gol da vitória sobre o Atlético-GO (e ele ainda teve pelo menos outras duas chances na partida para deixar seu companheiro na cara do gol, preferindo concluir por conta própria os lances).

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Somando tudo, é um jogo bem imprevisível o de hoje à noite. O Flamengo vem numa formação diferente das últimas rodadas, o Atlético jogará pressionado como não aconteceu ainda no campeonato, o Engenhão cheio será uma circunstância incomum na competição - e a torcida terá uma motivação diferente de simplesmente "apoiar o time", algo que pode gerar efeitos diversos dependendo das circunstâncias do jogo - e o próprio comportamento de Ronaldinho diante de tudo isso é uma incógnita. Pra completar, vem chovendo bastante no Rio de Janeiro desde ontem e sabemos que o gramado do estádio do Botafogo não é dos melhores mesmo quando o clima ajuda.

Pode acontecer de tudo.



2 comentários:

Luis disse...

A minha aposta: ou o Ronaldinho acaba com o Fla (espero que os nossos jogadores não permnitam isso), ou ele sai expulso por perder a cabeça entrando duro demais em alguém (coisa que ele já fez várias vezes quando estava no Fla).

Não gosto de pancadaria etc, mas espero que os jogadores do Flamengo não fiquem com aquela frescura de quererem se mostrar brothers ou civilizados e fiquem de abracinhos com o Ronaldinho antes ou depois do jogo, como Robinho & Cia ficaram com o Zidane & Cia.

André, o time parece melhor escalado. Vamos ver no que dá.

Luis disse...

Errei. Ainda bem.