Com a volta de Íbson, Joel quer repetir fórmulas de 2007

Nos últimos treinos, o time começou a ser desenhado como na melhor fase do Natalino no Flamengo. Mas o treinador pode não ter à mão tudo o que precisa para repetir o sucesso daquele ano.






Joel teve uma passagem boa pelo Flamengo em 2005, quando salvou o time de um rebaixamento que parecia inevitável. Teve bons momentos também em 2008, até o desastre contra o América do México em sua despedida. Mas é claro que sua fase rubro-negra preferida deve ser a de 2007, com a incrível arrancada que levou à vaga na Libertadores. E parece que agora ele resolveu buscar modelos daquele time para recomeçar a temporada, a partir da primeira rodada do Brasileiro.

É o que dá pra deduzir a partir do time que ele escalou em seus últimos dois coletivos. Depois de tanto tempo usando opções ousadas para a posição de primeiro volante, Joel resolveu, na reta final da preparação, tomar outro rumo. Rômulo ganhou vaga de titular e, segundo relatos, se colocou como o volante-zagueiro que era no time de 2007, quando foi lançado entre os profissionais pelo mesmo Joel. E como Aírton, que deve ganhar o lugar se realmente permanecer, chegou a jogar em 2009.

Naquele time de 2007, Rômulo (que depois se contundiu e cedeu lugar a Jaílton) juntava-se na defesa em boa parte dos jogos a Ronaldo Angelim e Fábio Luciano. À sua frente, dois volantes - Toró e Cristian - e, completando o meio-campo, um "armador": Íbson. Que deve estar voltando para assumir a mesma função que fazia naquela época e que, nos treinos, deve estar agora sendo cumprida por Bottinelli. Os volantes de hoje parecem mais técnicos, mas o desenho deve ser mais ou menos parecido.



Na época, goste-se ou não da filosofia de jogo de Joel Santana, deu certo. Mas há diferenças grandes entre o Flamengo de 2007 e o atual que podem tornar bem difícil a repetição do sucesso. Na época, por exemplo, boa parte do esquema ofensivo do time dependia dos laterais Léo Moura e Juan, então na melhores fase de suas carreiras. Hoje Léo Moura não é mais o mesmo, embora ainda jogue em bom nível, e a lateral esquerda é uma incógnita. O limitado Júnior César parece estar de saída, o que deixaria a vaga de titular para Magal. Este parece levar jeito para atacar, mas ninguém o viu ter ainda uma sequência de jogos contra bons adversários para saber do que realmente é capaz.

Pode-se falar ainda da diferença de qualidade da dupla de zaga ou de característica do centroavante. Mas há também fatores que vão além dos técnicos e táticos. Foi determinante naquela campanha a comunhão entre time e torcida que celebrava-se no Maracanã a cada rodada, com quebras de recordes de público sucessivas e apoio incessante vindo das arquibancadas - algo difícil de se repetir agora, em palco muito diferente. E havia também um grupo determinado, concentrado, que comprou a ideia do treinador e suava até a última gota em campo. Será possível que isso volte a acontecer em 2012?

Joel sabe que só voltar a usar o volante-zagueiro e Íbson de armador pode não ser suficiente para voltar a ficar satisfeito com seu time como em 2007. Imagino que as lembranças daquele ano tenham ajudado a fazê-lo cobrar na imprensa mais comprometimento de seus jogadores.




O Flamengo já anunciou até mesmo o número da camisa que Íbson usará em seu retorno. Pelo visto, já está certa mesma sua contratação.

Galhardo e David terão a chance de suas vidas para conseguirem construir uma carreira de sucesso. Mesmo quem não gosta de Muricy tem que reconhecer que o cara sabe montar uma defesa e fazer jogadores com desempenhos apenas razoáveis (ou menos que isso) em outros times jogarem bem lá atrás. Galhardo até hoje, entre os profissionais, foi um lateral péssimo na marcação; e David é um zagueiro cheio de defeitos de colocação e tempo de bola, embora tenha técnica razoável. Se não melhorarem com Muricy, difícil que aconteça com outro treinador. Mas não boto muita fé não.

Percebo que outras diretorias, de outros times, provavelmente conseguiriam levantar um bom dinheiro vendendo jogadores jovens como os dois. Mas não é o caso do Flamengo e, tecnicamente, o time trocou dois caras fracos por um que chega para ser titular e é identificado com a torcida. Manteve ainda algum percentual dos dois que vão para o Santos e, se eles realmente se valorizarem, ainda pode lucrar alguma coisa. Não foi mau negócio.

Apenas realmente não acho que Íbson seja o armador que o Flamengo precisa. Não é nesta função que ele joga melhor.

10 comentários:

Paulinho Mesquita disse...

Pegando por base o desenho que você colocou aí, o Ibson ocuparia, no meu time, o lugar do Kléberson, com o Bottinelli mais à frente.

E, sinceramente, não sei se escalaria Rômulo. Mesmo que seja temporariamente, até a chegada do Cáceres. Eu apostaria no Muralha.

André Monnerat disse...

Paulo, repare que este desenho não é o do time que eu escalaria - é que o Joel usava em 2007 e, estou apostando, está usando nos treinos agora para passar a colocar em campo daqui pra frente.

Leonardo disse...

André,
Antes das campanhas que você citou o Joel já havia utilizado esta fórmula em 2006. Na arrancada final do brasileiro daquele ano o time tinha no meio campo Júnior, Jonatas, Renato e Diego Souza (na época ainda considerado um volante).
Ou seja, jogar com quatro jogadores que sabem marcar (volantes) e também têm qualidade de passe e chegada para criar jogadas ofensivas e até fazer gols, não é necessariamente ruim. Ter um meia criativo de bom nível seria melhor, sem dúvida, mas sinceramente quantos desta espécie você vê dando bobeira por aí?
O problema do time do Flamengo para mim é muito claro e nem seria tão difícil de resolver se tivessem coragem política para isso. Usando somente jogadores disponíveis no mercado, com o que o clube gasta com o Ronaldinho poderíamos contratar o Nilmar para o ataque e o Lúcio para a zaga. Você acha que com estes dois, um meio campo formado por Caceres, Cleberson, Ibson e Botineli seria mesmo ruim?
Portanto, só precisaríamos achar alguém que leve o Ronaldinho...
Abs
Leonardo

Leonardo disse...

Eu estava me referindo ao final do brasileiro de 2005 e não 2006.

André Monnerat disse...

Leonardo, entendi o que você falou sobre a possibilidade de jogar sem um meia clássico, mas os times de 2005 e 2007 jogavam de maneiras diferentes.

O de 2007 tinha efetivamente três zagueiros a maior parte do tempo, pois um dos volantes recuava pra linha de defesa. E ainda havia dois volantes na frente da zaga, com o Íbson de meia. Isso basicamente pra liberar o Léo Moura e o Juan com mais tranquilidade.

Em 2005, o meio-campo jogava num quadrado e o ataque não se baseava tanto assim nos laterais.

Unknown disse...

Vai ser uma pena colocar o Luiz Antônio na reserva.

Me parece meio óbvio que o Joel vai escalar Rômulo Kléberson, Ibson e Botinelli.

Quase certeza que isto vai estourar no começo de 2013 com uma venda dos jovens Muralha e Luiz Antônio por um dinheiro que vai durar alguns segundos na conta do time...

Realmente uma pena...gosto muito principalmente do Luiz Antônio.

André Monnerat disse...

Eu ainda estou achando meio impressionante o Renato não estar treinando entre os titulares...

Luis disse...

O time do 2o semestre é melhor do que o do 1o, mas seguirá com problemas de "DNA" enquanto Ronaldinho estiver por lá. E é impressionante como o Tio Joel está imobilizado desde as últimas derrotas. Poder de reação e organização zero. Fraco e ultrapassado. Temos que trocá-lo rápido.

Unknown disse...

André,

acho que o Renato só não está treinando entre os titulares pois está suspenso deste primeiro jogo.

Já imagino o meio titular do Joel com Airton, Kleberson, Renato e Ibson.

E podemos começar a rezar. :)

SRN!!

Marcelo Constantino disse...

O mais bizaro para mim é que, da dezena de volantes que o Flamengo tem no elenco, o Romulo é o pior.

Ainda que isso seja característico fo futebol brasileiro das últimas décadas.