Libertadores 2012 - 1a. fase - 2a. rodada - Flamengo 1 x 0 Emelec

Um jogo que parecia complicado se resolveu de repente, graças às atuações do juiz e de Vagner Love em lances decisivos.



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Quando comentei sobre a escolha de Joel pelo esquema de três zagueiros, escrevi que Bottinelli deveria assumir mais a responsabilidade de armar o time - considerando que, em tese, ele seria o único armador do meio-campo. Mas, assistindo ao jogo no Engenhão, logo percebi que me enganei: o argentino não foi escalado como meia, e sim como atacante, tão ou mais adiantado que Ronaldinho e muito próximo de Vagner Love. Este trio da frente jogava sem qualquer obrigação de marcar, colocando-se sempre bem adiantado e muito, muito distante do meio-campo, formado basicamente pelos volantes Muralha e Luiz Antônio (isso se não fingirmos que os "alas" Léo Moura e Júnior César jogavam no meio-campo, como pode ser sugerido ao escrever que o esquema foi um 3-5-2 ou 3-4-3).

Parecia um esquema armado para, talvez, buscar os contra-ataques em ligações diretas - o que não parecia mesmo a melhor estratégia para enfrentar o Emelec no Engenhão. Por que escalar Bottinelli em uma função que nada tem a ver com as características do cara é algo que realmente me escapa. Fato é que o primeiro tempo foi muito ruim, com pouquíssimas chances criadas e até alguns sustos sérios sofridos lá atrás, apesar da extrema pobreza técnica dos equatorianos.

Mas eis que, no finzinho do primeiro tempo, o Flamengo ganhou de presente uma expulsão de um jogador adversário que, vendo depois na TV, me pareceu muito exagerada. E aí, claro, tudo mudou.

Joel, com um a mais, tomou coragem para sair do esquema de três zagueiros no intervalo. E logo no início, Love fez mais um de seus característicos giros em cima de um adversário, tabelou com Ronaldinho e marcou o gol do jogo. O placar podia até parecer magro, "perigoso", mas na prática estava tudo resolvido.

Se o Emelec já era um time ruim no primeiro tempo, com um a menos e atrás no placar ficou ainda pior. E, mesmo não jogando bem - alguns foram realmente muito mal, como Júnior César e Bottinelli -, o Flamengo criou umas cinco chances bem claras de ampliar, sem ser ameaçado na defesa. Não fosse a falta de jeito pra colocar a bola pra dentro, poderia ter saído até com uma goleada que mudaria muito as avaliações agora e esconderia bastante da desastrosa escalação de Joel no início do ano.

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Li uma ou outra crítica à alteração de Joel ainda no primeiro tempo, colocando Negueba no lugar do contundido Léo Moura. Nessa eu discordo (em termos).

Provavelmente eu não levaria Negueba nem pro banco na maioria dos jogos, se fosse o treinador. Mas, tendo as opções que tinha na hora, a escolha por ele naquele momento fazia sentido. O esquema com três zagueiros presumia usar muito o apoio dos alas - e isso não tinha a menor cara de que funcionaria se Galhardo entrasse. Se era pra atacar por ali, que se colocasse logo alguém com esta característica mesmo, já que o Emelec já incomodava muito pouco.

Se Negueba tivesse feito pelo menos umazinha das chances claras que teve de marcar, Joel ia poder tirar sua onda com essa na coletiva depois do jogo. Talvez tenha sido melhor assim.


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Ronaldinho andou sendo bastante vaiado. Pra quem estava no estádio, vendo como ele se movimentava e agia na maioria dos lances, parecia bastante justo. Depois que pegaram no pé dele, até que começou a correr e a se esforçar um tantinho mais. Analisando agora, vendo os melhores momentos, dá pra dizer que Ronaldinho deu o passe pro gol - um belo passe - e criou mais umas duas chances claras para seus companheiros. Foi o mais perseguido pela torcida, mas não o pior em campo.

É óbvio que a falta de esforço e de vontade de chamar a responsabilidade que vemos na maior parte do tempo pegam mal e seriam irritantes em qualquer um. Mas o pior de Ronaldinho não é nem exatamente o nível das atuações em si, mas a relação custo-benefício. A cada bola perdida ou passezinho de lado, me passa pela cabeça que, com o salário que pagam a ele, dava pra contratar uns quatro ou cinco jogadores de bom nível que mudariam completamente a cara do time.

3 comentários:

Brutozzi disse...

Vamos analisar o contexto que resultou na vaia para o Ronaldinho:

Na 4ª feira todos vimos o show do Messi, com cinco gols em um jogo de Champions. Mais tarde, Neymar, certamente inspirado e motivado, mostrou do que é capaz literalmente resolvendo sozinho um jogo de Libertadores.

No dia seguinte, a torcida do Flamengo viu um jogador contratado, remunerado e capacitado para fazer algo parecido, tentando fazer inúteis jogadinhas de efeito e passinhos de lado. Quando tentou uma jogada de futevôlei dentro da área ao invés de finalizar a gol, caiu a ficha do torcedor.

Alguém precisa dizer para o Ronaldinho que ele tem que chutar a gol, chamar a responsabilidade de decidir o jogo. Libertadores não permite esse tipo de jogo indolente. Mas achei que depois da vaia ele acordou. Vamos ver, talvez ele funcione na base do esporro, chega de "alegria, alegria".

Marcelo Constantino disse...

André, eu não sei se o Botinelli foi orientado a ficar na frente ou se ele cisma de fazer isso de vez em qdo.

Geralmente qdo ele vai para frente, não joga nada. Qdo volta pra tentar armar jogada, tem vezes que sai alguma coisa.

No outro jogo que ele começou, foi a mesma coisa. Se mandou pra frente e não jogou nada.

Sobre Ronaldinho, é aquilo que sempre se fala: o Flamengo é que foi até ele oferecer o que ele ganha hoje. O Flamengo teve uma chance de ouro de pular fora da canoa furada junto com a Traffic, mas preferiu tornar-se comandante único desse Titanic.

O que o Ronaldinho jogou no ano passado e joga hoje é exatamente o que ele vem jogando há pelo menos 5, 6 anos.

Qual o sentido de se esperar algo diferente?

André Monnerat disse...

Marcelo, pode crer que o Bottinelli foi orientado quinta. Pra quem foi ao Engenhão, foi bem claro.