Brasileiro 2011 - 25a. rodada - Atlético-MG 1 x 1 Flamengo

De que Luxemburgo precisa para se convencer que este time não funciona?



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Já são 10 jogos sem vitória, a maior sequência de insucessos da história do Flamengo em Campeonatos Brasileiros. Se isso não é motivo pra algo mudar no time, eu não sei o que seria. Mas Luxemburgo aparentemente não pensa assim, já que insiste na mesma formação rodada após rodada. E pior: parece não estar muito preocupado em vencer. Ao menos, é o que parece não só pela escalação pouquíssimo ousada, mas também pelas substituições durante as duas últimas partidas.

Não vou voltar a escrever muito sobre o esquema do time - vocês podem ler um pouco do que penso dele não só no último texto publicado por aqui, mas também ao longo de tudo o que andei escrevendo durante o campeonato, mesmo na época em que o time estava vencendo. Escalado desta forma, o Flamengo cria muito, muito pouco. Sempre. E não é difícil entender o porquê quando se observa que o time é armado para depender de Renato, Willians e Aírton para que a bola chegue aos homens de frente. Esta foi a formação do Flamengo no primeiro tempo de ontem - me digam se é complicado perceber por que não funcionou:


Mas Luxemburgo não muda. Antes, ainda tentava sair deste esquema de três volantes durante os jogos, quando o resultado não estava agradando - e foi assim que vieram a maioria das vitórias quando o time arrancou no campeonato (Atlético-MG, América-MG, São Paulo, Coritiba). Mas, nas últimas duas partidas, nem isso: mesmo empatando, em meio a uma sequência de tantos jogos sem vitória, ele manteve os três volantes até o fim. Ontem, só abriu mão de um deles aos 44 do segundo tempo, quando o Atlético teve um jogador expulso. Se não, como contra o Botafogo, encerraria o jogo sem usar uma das substituições, satisfeito pelo pontinho ganho. Depois das partidas, entrevistas falando que o resultado foi bom, o rendimento foi satisfatório, houve evolução.

10 jogos, e contando.


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Pode trocar um centroavante pelo outro (como fez ontem, mais uma vez) o quanto quiser. Enquanto não mudar a estrutura do time, principalmente do meio-campo, não vai funcionar. Ontem, Negueba entrou muito, muito mal. Mas ao menos naquele momento Ronaldinho parou de vez de se colocar como atacante e assumiu a armação, que antes estava nas mãos de... bem... ninguém. Melhorou sua atuação (antes estava numa posição em que pega pouco na bola e sofre com uma marcação pesada) e melhorou a produção do time. É difícil enxergar por quê?

Mas na próxima rodada, sem Ronaldinho, Luxemburgo não terá nem esta opção.



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Vale a observação: apesar do primeiro tempo muito ruim, o Flamengo conseguiu ser bastante perigoso no final em dois contra-ataques. No primeiro, Thiago Neves falhou no último passe. Mas no segundo, colocou Jael na cara do gol - e a arbitragem parou o lance, marcando um impedimento que passou longe de existir. Não dá pra saber se Jael (que mal pegou na bola enquanto esteve em campo, previsivelmente) acertaria a conclusão da jogada, mas a chance era muito, muito clara. O juiz pode ter interferido decisivamente no resultado ali.


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Thiago Neves jogou muito mal, como vem jogando. O pior é que se vê a tensão em sua expressão dentro de campo; ele está perdendo cada vez mais a confiança, errando os lances mais simples e ficando com medo de arriscar as jogadas. Por mais que não tenha ninguém no banco que passe confiança que vá se sair bem como titular, talvez fosse tirá-lo do time e dar um tempo pro cara esfriar a cabeça.





21/9/2011 - 22h - Atlético-MG 1 x 1 FlamengoArena do Jacaré - Sete Lagoas, MG
Renda/público: R$ 144.590,00 / 13.849 pessoas

Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)
Auxiliares: Erich Bandeira (PE) e Vicente Romano Neto (SP)
Cartões amarelos: Fillipe Soutto, Pierre, Serginho (CAM), Alex Silva, Ronaldinho (FLA)
Cartão vermelho: Serginho (CAM)

Gol(s): Daniel Carvalho (4'/2ºT); Ronaldinho (16'/2ºT)

Atlético-MG: Renan Ribeiro; Serginho, Réver, Leonardo Silva e Triguinho; Pierre (Dudu Cearense – 41'/2ºT), Fillipe Soutto, Bernard e Daniel Carvalho; Wesley (André – intervalo) e Magno Alves (Renan Oliveira – 22'/2ºT). Técnico: Cuca.

Flamengo: Felipe; Léo Moura, Welinton, Alex Silva e Júnior César; Aírton (Botinelli - 44'/2ºT), Willians, Thiago Neves (Negueba – 23'/2ºT) e Renato Abreu; Ronaldinho e Jael (Deivid – 23'/2ºT). Técnico: Vanderlei Luxemburgo

6 comentários:

Marcos Monnerat disse...

O perfeito do desenho tático que você colocou no texto é a total ausência daquelas setinhas que se costuma colocar para indicar a movimentação de cada jogador no campo. Perfeito! Porque simplesmente não existe movimentação. É um time de botão em que só se mexe quem está com a bola. Lamentável! Temos bons jogadores no elenco. Temos condições de montar um time que pode até ser legal de ver jogar. Mas esse imbecil do LuxemBURRO não faz nada certo!!! Na boa, nunca se jogou tanto dinheiro fora com um time do Flamengo como estamos fazendo agora...

Paulo Sales disse...

Talvez a pergunta seja: de que Patricia Amorim precisa para se convencer que Luxemburgo não funciona?
Nem acho que ele deve ser demitido agora, mas acho que está claro que o seu "projeto" é uma falácia.
Análise perfeita, André.

Gabriel Folha disse...

Concordo com o Marcos, embora tenhamos um ou outro jogador inclassificável, não temos um elenco abaixo dos outros times que disputam a ponta, acho inclusive que temos um bom elenco, na verdade.

A culpa pelo baixo rendimento de muitos deles é muito mais tática do que técnica.

Mas temos um treinador que, por incompetência ou vaidade (não duvidem disso) simplesmente não muda o que não vem dando certo há 9 meses.

A grande questão é justamente essa: o que mais precisa acontecer pra ele mudar esse esquema que, desde o inicio do ano, vem dando errado? Oito, nove, dez jogos sem vencer não foram suficientes.

fla_2010 disse...

Ontem quem esteve bem foi o Airton. Em compensação, Renato esteve muito mal. Nem seus tradicionais chutes de fora da área levaram qualquer perigo.
Luxa poderia, sem comprometer o esquema defensivo (até pq a contribuição do R.Abreu nesse sentido é bem pequena), ter feito a troca por alguém que chegasse mais a frente.
Mas, inacreditavelmente, mesmo com o time perdendo (!!), as alterações só foram feitas na metade do segundo tempo.. e uma delas, trocando um atacante por outro!!

Victor Dill disse...

Concordo com o Folha.

Só quero notar que antes, com o time vencendo, a desculpa para não mudar era de que estava invicto. Empatando como doido, mas sem perder. Agora, novamente empatando que nem doido, o Wanderley não pode mudar para não assumir que antes o time também não estava jogando absolutamente necas de pitibiriba.

Além disso, o cagaço de perder deve influenciar também na aoposta de ter um time mais "compacto" com um milhão e meio de volantes em campo e mais uns cinco quaquilhões no banco...

Eduardo H. Costa disse...

Antes o Renato Canelada pelo menos corria que nem um loco pra suprir seu deficit técnico. Mas nos ultimos jogos, nem isso.

O Thiago Neves precisa de apoio moral. O capitão do time tem de ter essa percepção e visão. A cada erro do TN, ele se auto flagelava. Cade o cara dentro de campo pra dizer: "Relaxa mano. Uma hora, dá certo!"

O técnico tb tem de ver isso. O problema é que ele não ve nada de errado com esse time daí... é de uma burrice irritante.

Luxa, vc está short! É push or fold, parceiro!