Vou torcer pro Peñarol

"O Santos é o Brasil na Libertadores". Pois eu não quero o Brasil jogando como o Santos de Muricy.



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Pois é: logo mais, estarei na frente da TV torcendo pelos uruguaios do Peñarol contra os brasileiros do Santos na final da Libertadores. Não é simples secação de torcedor de time rival não - até porque não sinto mesmo essa rivalidade em relação a eles. Vou torcer contra por uma questão futebolística mesmo.

Acho que só os muito teimosos podem contestar a competência de Muricy. Desde 2005 que o cara sempre chega à última rodada do Brasileiro disputando o título, por quatro clubes diferentes. Ele sabe fazer o seu trabalho. Pode ter defeitos, pode se sair pior no mata-mata (argumento que pode cair por terra hoje...), mas ele sabe trabalhar e dá resultados.

Só que quanto mais ele der resultados, mais vão querer copiar seu jeito de armar um time. E, na boa, o jeito Muricy de armar um time é tudo o que eu não quero ver se espalhando ainda mais por aí. Ainda não me sai da memória o que vi no jogo de volta contra o América do México, nesta Libertadores: Ganso fazendo companhia no ataque a Neymar, os dois completamente isolados na frente, enquanto o resto do time ficava todo da intermediária pra trás, dando um jeito de suportar a pressão do adversário o tempo inteiro. Foi das retrancas mais sem vergonha a que assisti em minha vida.

Claro que nem sempre ele é tão radical em seu defensivismo. Até acho que hoje, diante da torcida, com obrigação de ganhar, não deve ser assim (mas, se conseguir um golzinho...). Mas, no geral, é assim que ele monta seus times: prioridade completa para a defesa e muito trabalho nas bolas paradas para conseguir assim um golzinho decisivo lá na frente. Nesta Libertadores, na qual sua defesa nem está sendo tão sólida assim - anda contando demais com atuações decisivas de seu goleiro -, ainda há o diferencial Neymar para resolver as partidas sozinho. Ano passado, era Conca quem mais tirava os coelhos da cartola.

Sei que quem tem Muricy em seu time sempre gosta, porque gosta de ganhar. Mas eu acho um saco. E por isso vou torcer contra - apesar de Neymar, que jogou demais nesta Libertadores, merecer muito o título.

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Sei bem que o Peñarol não é nenhum primor de futebol ofensivo - bem pelo contrário. Foram passando de fase, numa campanha bem mais difícil que a do Santos, graças a muita marcação, muita raça e condições muito especiais em algumas partidas - como os dois gols em cinco minutos de segundo tempo contra o Inter, depois de levar um vareio no Beira-Rio; ou o jogador a menos que o Velez teve em grande parte da partida na Argentina, além do pênalti perdido.

Mas eu não sou uruguaio. Se eles lá quiserem jogar assim sempre, me afeta bem menos. Mas um campeonato brasileiro cheio de times muricianos eu não tô muito a fim de assistir não.