A fórmula chata e eficiente de Muricy está se tornando apenas chata

Se os gols não saem de bola parada, chute de longe ou cruzamento pelo alto, o Fluminense não sabe o que fazer

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Muricy foi tricampeão brasileiro com o São Paulo montando times fortes na defesa e que faziam seus gols em bolas paradas, cruzamentos pelo alto ou chutes de fora da área. No Fluminense do ano passado, a esta fórmula somou-se o talento de Conca, um meia como ele nunca teve no Morumbi, que definiu muitas partidas em passes imprevistos e jogadas individuais.

Nos últimos jogos, deu pra ver que o técnico tenta manter esta fórmula, mas está tendo dificuldades. Contra o Boavista, os gols de bola parada ainda saíram, mas a defesa falhou e permitiu o empate. Ontem, a bola parada não funcionou, faltaram bons chutadores de meia distância e os cruzamentos, buscando Rafael Moura sempre sozinho na área, não deram em nada – mesmo quando a bola chegou ao centro-avante, ele falhou na hora de concluir.

Antes do jogo começar, Muricy explicou em entrevista que não jogaria num 3-6-1, mas sim com duas linhas de quatro e Conca se tornando um atacante. Na prática, o que se viu foi um 4-2-3-1, como o que Luxemburgo andou tentando no Flamengo – e, como tem acontecido com o rubro-negro, o esquema tricolor não funcionou bem. O zagueiro Digão foi escalado como um lateral fixo na defesa, para Mariano se tornar um meia ofensivo aberto pela direita – e foi ele mesmo a melhor opção de ataque na maior parte do jogo, mesmo atuando sozinho. Pela esquerda, Marquinhos fazia a mesma função de Mariano, mas vindo um pouco mais pro meio e contando com a companhia do lateral Carlinhos – mas os dois foram muito mal tecnicamente e não produziram nada de útil. A intenção era mesmo forçar o jogo pelas pontas e buscar com insistência o costumeiro jogo aéreo. Mas alguém tinha que pegar a bola pelo meio de vez em quando, e não seria nenhum dos que jogavam abertos; sobrou para Diguinho, que na verdade é volante, e para Conca, que Muricy queria que virasse atacante e, recuando, deixava Rafael Moura isolado na área.

Não funcionou. E, pra resolver no segundo tempo, Muricy mostrou que não conseguiu imaginar ou preparar mesmo qualquer jogada para seu time, ao declarar que sua orientação tinha sido para que os jogadores “tentassem mais jogadas individuais”. Era a esperança de que Conca voltasse a resolver sozinho, como em 2010. Mas o argentino, que foi operado no joelho durante as férias, ainda não é o mesmo do ano passado. Só no fim Muricy desistiu de jogar com três zagueiros, dois volantes e só um atacante, e o time partiu para o abafa. Mas a verdade é que o goleiro do Nacional mal trabalhou o jogo inteiro (mesmo com seu fraquíssimo time jogando numa retranca inescrupulosa o jogo todo, apesar de escalado em tese com três atacantes) e as duas chances mais claras de gol foram dos uruguaios.


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O Fluminense até contratou com coerência este ano. Contratou dois jogadores para serem titulares, em posições consideradas pontos fracos do time no ano passado (goleiro e primeiro volante); e bons reservas para jogadores que normalmente passam muito tempo no departamento médico (Fred, Deco e Emerson). Só que o que parecia fazer sentido não está sendo colocado em prática.

Cavalieri e Edinho, contratados para serem titulares, ontem já estavam barrados. E Araujo e Souza ficaram no banco mesmo na ausência de Emerson e Deco – Muricy preferiu inventar improvisações, em vez de fazer o mais simples e colocá-los para jogar. Só Rafael Moura é que ganhou a confiança do treinador com seus gols nas primeiras partidas, mas ontem não esteve bem.

O comentário geral dos tricolores à minha volta é de que, ao ouvirem a escalação antes da partida começar, já começaram a reclamar que ia dar merda.


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E a diretoria do Fluminense, afinal, viajou mesmo nos preços dos ingressos no pacote Guerreiro Tricolor. Apenas 10 mil pessoas ontem no Engenhão, em um jogo decisivo - e é complicado de querer abaixar para alguma promoção na próxima partida, pois os que compraram o pacote antecipado se sentirão lesados.

2 comentários:

Bosco Ferreira disse...

André falou:

"Muricy foi tricampeão brasileiro com o São Paulo montando times fortes na defesa e que faziam seus gols em bolas paradas, cruzamentos pelo alto ou chutes de fora da área."

É muito bom deixar claro que nesses anos do tricampeonato do SPFW, o nivel dos 19 clubes coadijuvantes eram bem inferiores ao limitado time tricolor.

Mesmo sendo um time limitado na criatividade para os padrões de hoje, o SPFW era reconhecidamente uma máquina que ganhava o título na hora que queria, graças muito mais a fragilidade dos outros.

Quando os outros clubes começaram a crescer e se nivelarem ao SPFW, o Muriçi começou a se complicar, e acabou perdendo a confiança dos cartolas e torcedores do SPFW.

O Fluminense de hoje é bem melhor que o São Paulo daquela época.

Eduardo H. Costa disse...

s p f W... ahuhauahauhauahauhau

Na minha opinião o SP tinha um elenco mais equilibrado em quase todos os setores nessa época. Não tinham nenhum grande craque. O Hernanes nunca me convenceu além de só falar abobrinha. Tiravam uma onda dizendo que tudo aqui era porque tinham ct, base e o kct.

Vide o fato do Mengão ganhar o hexa em 2009 e os paulistas ficarem putos com o mengão cheio de dívidas e sem CT.

Voltando... Mas foram piorando a cada ano, jogando cada vez mais feio e ainda sim ganharam o tri. Ainda teve aquela cagada com o gol do mineiro ou ramirez no mundial. Atacaram duas vezes e levaram o caneco. Foi medonho.

Mas ainda acho cedo pra dizer algo do zangão das laranjeiras. Ta certo que começaram se lascando e será lindo ver a cobiçada liberta virar pó de arroz.

Amanhã, a TG nos espera. E só de sacanagem pra ser do contra, vou torcer pro renato canelada marcar um e render assunto aqui no blog. heheheh

Sem mais caô,
Flamengo até morrer eu sou!