Torcedores que se uniram para entrar na política do clube elegem hoje o novo presidente do Fluminense

Enquanto seus torcedores só têm a cabeça no jogo de domingo – e em maneiras de conseguir um ingresso para estar no Engenhão -, o Fluminense escolhe hoje seu próximo presidente. Conviver com campanha eleitoral e expectativa pelo título brasileiro simultaneamente é mais uma das coincidências entre o que vive hoje o tricolor e o que viveu o Flamengo em 2009.


Como o Flamengo, o Fluminense chegou a ver o título escapando por entre os dedos após um inesperado tropeço em casa contra o Goiás – para em seguida voltar a ter a taça ao alcance das mãos graças a um tropeço de seu adversário direto. Em 2009, os rubro-negros tiveram que conviver com o papo de “entrega-não entrega”, como acontece agora com os tricolores. E agora o Fluminense também decidirá o campeonato jogando em casa, contra um adversário obviamente inferior, com seus torcedores desesperados por encontrar uma maneira de estar no estádio e testemunhar, depois de tantos anos, a conquista de um título brasileiro.

Finalmente: como aconteceu com o Flamengo, o Fluminense deve eleger como seu presidente o candidato de oposição – a diferença aí é que a votação na Gávea aconteceu após a confirmação do título. E, bem: Delair, com todas as suas limitações, tinha mais o que dizer em defesa de sua curta administração do que Horcades, após seus dois mandatos completos e consecutivos.


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Escrevo antes do fim da votação nas Laranjeiras, mas Peter Siemsen, ao que tudo indica, será o novo presidente do Fluminense. Já escrevi por aqui sobre o grupo que serve de base em sua chapa: é o FluSócio, que se formou com a intenção de ser uma novidade na política tricolor e se fortaleceu com campanhas para atrair novos sócios, aumentando o poder dos torcedores nas decisões políticas das Laranjeiras. Siemsen, advogado com serviços prestados ao Fluminense que já ocupou até a vice-presidência jurídica, já havia sido candidato com o apoio deles na última eleição, mas agora chega mais forte para assumir o poder. Pode mesmo representar uma mudança de rumos por lá, com idéias que incluem a profissionalização da gestão e a intenção de apostar num modelo de sócio-torcedor semelhante ao do Inter, com preços mais acessíveis e direito a voto.

Porém, apesar de ser formalmente um candidato de oposição, Siemsen conta com o apoio formal daquele que é apontado como o verdadeiro mandatário do Fluminense: Celso Barros, presidente da Unimed. Além disso, a FluSócio desta vez está contando com o apoio de outros grupos de oposição, mais antigos na política do clube; e Peter ainda apresentou com orgulho o voto declarado de figurinhas carimbadíssimas por décadas na vida tricolor, como Fábio Egypto e até João Havelange.

Por conta disso, e de divergências que surgiram durante as conversas para um apoio de todos os grupos de oposição a um candidato único (surgidas principalmente depois de Siemsen participar ativamente de uma intervenção no futebol do clube no final do ano passado, em um esforço para livrar o time do rebaixamento), o Pavilhão Tricolor – grupo que tem sua origem ligada aos fundadores da Legião Tricolor e tem como um dos líderes Mário Vitor, neto de Nelson Rodrigues – passou a pregar veemente o voto nulo, afirmando que nenhum dos dois candidatos (o outro é Julio Bueno, apoiado por Horcades) representa qualquer mudança. Ou seja: não é todo mundo que enxerga Peter Siemsen com tanta esperança assim.

Um comentário:

Bosco Ferreira disse...

É... Parece que o Fluminense também vai ter seus dias de Pat depois de um título nacional perseguido a anos.

A torcida espera que a Pat deles, que é um homem, não seja tão ruím como a nossa Pat está sendo.

Pelo menos o deles parece que segurará o patrocinador, coisa que a nossa não teve competência.