Aceitem a realidade: quem manda no Flamengo são os sócios

No ano passado, participei de uma campanha conjunta de diversos blogs rubro-negros convocando os torcedores interessados em ver o Flamengo mudar a se associarem. Aquele era o prazo final para quem quisesse entrar no clube a tempo de votar nas próximas eleições, ao final deste mandato de Patrícia Amorim. Não sei quantos aderiram, mas eu mesmo fui um deles e, na época, gastei uma grana difícil de justificar pra qualquer pessoa de mente sã e me tornei sócio-proprietário do Flamengo.

Agora vejo o quanto a situação do Flamengo é complicada – mais do que eu mesmo poderia imaginar. Realmente não tinha noção do que a presença de um Zico lá dentro poderia causar. O efeito foi exatamente o contrário da esperança de todos. A corrente que se formou foi no sentido oposto. E teve gente jogando muito, muito pesado.

E pra mim, hoje, está mais claro do que nunca: não há caminho para a mudança do Flamengo que não passe por seus sócios. São os sócios que votam, são os sócios que se candidatam, são os sócios que formam os conselhos. A torcida é o que faz o Flamengo relevante nacionalmente como é – mas são os sócios que decidem os rumos da instituição. Quem está de fora pode reclamar o quanto quiser, mas é assim que é.

No blog da FlamengoNet, onde mantenho uma coluna semanal, surgiu no espaço de comentários a ideia de uma organização fora do clube, formada por não-sócios, com o objetivo de monitorar todas as ações de quem tá lá dentro e denunciar quaisquer irregularidades – não só levando-as ao público, mas reunindo provas, iniciando processos. A inspiração vem de iniciativas parecidas nos Estados Unidos que conseguiram algum êxito em lutas como contra a indústria do cigarro, por exemplo.

É válido, pode ter sua importância e seu efeito. Mas, no final, quem terá que substituir os sócios que porventura forem afastados por denúncias serão outros sócios. Não tem jeito.

Na última eleição, João Henrique Areias tentou lançar-se candidato. Não é o nome dos meus sonhos, mas apareceu com a plataforma clara da mudança do modelo de gestão do clube e sua profissionalização. É um nome que, fora dos muros da Gávea, tem bastante moral. Pois bem: ele teve grande dificuldade de conseguir preencher todos os nomes necessários para inscrever a chapa e, antes mesmo da votação, boa parte dos que lhe apoiavam caíram fora, vendo que as chances de vitória eram reduzidas. É isso: pode até aparecer gente lá dentro apresentando idéias interessantes, mas se não houver sócios em quantidade que apóiem este tipo de plano, nada irá acontecer. É bonito dizer que "o Flamengo é maior que todos", mas o clube é feito por pessoas.

Eu sou a favor do clube se abrir para mais sócios. Que crie outros planos e dê condições pra muito mais gente poder participar e contribuir. Sou a favor de rediscutir o estatuto. Sou a favor de muita coisa. Mas não tem jeito: quem decide o que será feito ou não são os sócios. Quem quiser esperar que as coisas mudem antes pra depois entrar, que espere sentado.

Vejam vocês que neste momento a vice-presidência de futebol do Flamengo está vaga. Leiam os nomes que foram cogitados para ocupá-la até agora: Kléber Leite, Plínio Serpa Pinto... E hoje me deparo com a notícia de que cogitam Luis Augusto Velloso como executivo remunerado! É a mesma ciranda, os mesmos nomes de sempre. Daqui a pouco um briga com o outro, se afasta um pouco, aí retorna ao lado de outro que todo mundo já conhece, daí todos fazem as pazes... E assim vai.

Tomara que, deste momento triste, surjam grupos realmente dispostos a discutir soluções, se organizar, montar planos, tudo para que o Flamengo seja um dia o que queremos que seja. Torcedores, blogueiros, twitteiros, todos podem contribuir de alguma forma na discussão, na formatação de ideias, na divulgação, enfim. O Patrick, do Buteco do Flamengo, escreveu muito bem um verdadeiro chamado sobre isso.

Mas é bom que existam sócios que comprem essas idéias.

E hoje, como bem escreveu o Patrick, eu realmente entendo e até me identifico com quem queira simplesmente deixar pra lá.

6 comentários:

Flávio disse...

Falaram também do Walter Oaquim. Quer mais?

Mas tem uma coisa nessa história que não consigo aceitar: a forma como o Zico se demitiu, mandando um torpedo para a Patrícia, depois não atendendo o telefonema dela e, por último, divulgando uma carta no sua página pessoal da Internet.

Isso não é comportamento do Zico que reverenciei minha vida toda.

Depois, na entrevista coletiva da Presidenta, ficou claro que era muito fácil para o Zico se defender desse tal de Capitão Leo. Bastava convocar os jornais e negar todas as acusações. A Patrícia fez isso em 15 minutos.

Estou convencido de que o Zico saiu porque não queria demitir o Silas e não queria ficar com a marca de ter rebaixado o Flamengo.

O comentário do Renato Maurício Prado, que pode não ser boa gente mas tem bons informantes, afirmando que é muito inocente quem pensa que o Zico saiu por ter contrariado interesses, deixa claro que há outras razões.

Mais duvidoso ainda são essas frases de que ficou isolado, de que a Patrícia não o protegeu...

Peraí! Ele é o Zico ou não é? Precisa de Patrícia para proteger?

Bosco Ferreira disse...

Você não conhece a história verdadeira. Conhece a versão dos que passaram tres meses perseguindo o Zico. RMP é um deles.

Bosco Ferreira disse...

Ex dirigente confirma que Zico era boicotado no Flamengo. http://www.lancenet.com.br/flamengo/noticias/10-10-04/837446.stm?futebol-dirigente-confirma-que-zico-era-boicotado-no-fla

Anônimo disse...

Pois é, num mundo em que alguem acha que o RMP é fonte de informação tudo vai de mal a pior.

O problema é que a maioria absoluta deve acreditar, pq mão tem o conhecimento necessario do que se passa dentro do clube. E não tem como ter msm.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo disse...

O pensamento é esse mesmo.
Tem que ir pra dentro deles.
Também me tornei sócio-proprietário.
Em 2012 já terei assento no conselho deliberativo.
Te vejo lá contra essa corja.
Um abraço.
Eduardo Moraes