O que mudou do Flamengo pré-Copa para o que reestreia hoje

Nas rodadas iniciais do Brasileiro, se dizia que o Flamengo que estava jogando seria bastante diferente daquele que entraria em campo após a Copa do Mundo. Pois chegou o dia do tal Flamengo diferente estrear - sem nenhum reforço em relação àquele elenco inicial. Mas não dá pra dizer que o time não mudou.


Na defesa

Nas últimas três partidas antes da parada pra Copa do Mundo (Grêmio, Palmeiras e Goiás), Rogério escalou o time com três zagueiros. Não será o caso do time de hoje.

Álvaro, que começou jogando em duas destas últimas partidas, deixou o clube; David, considerado titular, ainda não tem sua situação regularizada. Rogério vai com o instável Wellinton (que jogou as últimas duas partidas, e não comprometeu) e Angelim.

Mas é claro que a mudança que desperta maior curiosidade é a troca de goleiro. Nunca vi Marcelo Lomba jogar nas categorias de base e não consigo ter uma opinião sobre ele baseado nos três únicos jogos oficiais que fez como profissional. Hoje começarei a descobrir se o Flamengo já tem um goleiro à sua altura no elenco.


No meio-campo

No 3-5-2 que Rogério usou nas últimas três rodadas, o Flamengo teve as seguintes formações em seu meio-campo: Maldonado, Camacho e Petkovic; Maldonado Fernando e Petkovic; e Maldonado, Toró e Michael. Hoje, devem entrar em campo Willians, Rômulo, Kléberson e Petkovic. É bem diferente, e dá pra dizer que é melhor.

Fica a curiosidade sobre a forma física de Petkovic. Apesar de ter perdeido o início do período de treinamento em Itu, mas teve aí tempo para recuperar o fôlego e voltar numa forma melhor do que vinha mostrando antes da Copa. Lembremos a diferença que ele conseguiu fazer naqueles 20 minutos iniciais do jogo contra o Grêmio, em que voltava a ser titular depois de muito tempo; se Pet conseguir jogar 60% daquilo por um período maior de tempo, o time já vai ganhar muito.

Kléberson, que esteve fora daquelas últimas rodadas, é uma incógnita completa. Não vinha jogando bem nas últimas partidas pelo Flamengo e ficou sem jogar pra valer pela Seleção por todo este tempo. Mas hoje não terá que ser o grande armador do time, como andou tendo a obrigação antes, o que já facilita sua vida. É pena que Correa não possa estrear hoje - não o conheço, mas só posso imaginar que ele tenha muito mais a acrescentar na armação do que Rômulo.

E hoje, Camacho já é um jogador que tem a confiança de Rogério, e no qual eu vejo chances de ter um bom futuro. Ele pode entrar em campo durante o jogo, seja para substituir Petkovic quando estiver cansado, seja no lugar de Kléberson ou de um dos volantes para tornar o time mais ofensivo em caso de necessidade. No meio da pobreza deste banco de reservas atual (além dele, devem estar relacionados hoje Paulo Victor, Éverton Silva, Fabrício, Rodrigo Alvim, Lenon e Paulo Sérgio), é uma opção razoável para mexer no time durante a partida. Ainda mais neste contexto, fará falta Fierro - que eu provavelmente escalaria até de titular, se estivesse disponível, mas parece que está mesmo de partida para o Boca Juniors.


No ataque

Aí é que o bicho pega mesmo. Adriano já não vinha jogando desde a eliminação na Libertadores, e Vagner Love foi muito mal nas suas últimas partidas; mas ver o time entrando com Pacheco e Diego Maurício, apenas com Paulo Sérgio no banco como opção, é desanimador. Na verdade, já deu pra ter uma prévia contra o Goiás, quando a dupla foi formada por Pacheco e Mezenga - nenhum dos dois criou nada, o único gol do time na partida foi marcado por Toró e Diego Maurício entrou no meio do segundo tempo para perder as chances que lhe apareceram.

Como disse o Zico: se os "meninos da base" querem mesmo chances, não podem reclamar quando elas aparecem. Li algumas vezes elogios a Diego Maurício antes de subir para o profissional - a hora de mostrar alguma qualidade é agora. Se não, é capaz de já ser barrado até pelo tal Cristian Borja nas próximas rodadas, antes mesmo de Val Baiano - ou seja lá que outro reforço possa ser contratado - estrear.


O efeito-Bruno

O Flamengo deu uma certa sorte no timing das coisas: quando o caso Bruno estourou, o time estava de folga e com viagem marcada para Itu. O elenco não conviveu com ele no meio desta turbulência toda em nenhum dia, o que deve ter tornado mais fácil a concentração no trabalho durante este período e pode minimizar o efeito desta história toda no rendimento dentro de campo.



É claro que os jogadores estão abalados com isso, no entanto. E não sabemos como este caso todo será lembrado hoje no Maracanã, até pelos torcedores presentes. Sabe lá que influência isso pode ter no andamento do jogo.


E o Botafogo?

O Botafogo, ao contrário do Flamengo, viveu dias de total tranquilidade enquanto a Copa rolava. Foram para Teresópolis, não conviveram com contusões (a não ser a de Somália) e puderam trabalhar com tranquilidade em cima de uma escalação parecida com a que vinha jogando, no mesmo 3-5-2. E eu andei comentando que o Botafogo ganhou algumas opções de jogo mais interessantes com a bola no chão enquanto Loco Abreu esteve fora. Com a volta do uruguaio, se somando a estas novas alternativas, o time de Joel passaria a ser mais perigoso.

Porém, Abreu ainda não joga e Joel está escalando hoje um time mais defensivo do que vinha usando; em vez de Túlio Souza ou Renato Cajá, o treinador coloca no meio-campo o limitado Sandro Silva para jogar ao lado de Leandro Guerreiro e Lúcio Flávio. Com os laterais fracos que o time tem (Alessandro e Marcelo Cordeiro), me parece que Lúcio Flávio terá uma responsabilidade grande demais para servir o ataque, formado por Caio e Herrera. Sem ter a opção de levantar bolas do meio do campo como fazia no Estadual, este Botafogo de hoje não me parece muito difícil de ser neutralizado. Mas Joel tem hoje opções no banco melhores que as de Rogério - além do já citado Renato Cajá, ele pode usar ainda Edno e Jóbson se precisar de novas alternativas ofensivas.

É fato: o Botafogo, hoje, tem mais poder de fogo que o Flamengo, um treinador melhor e melhores opções de banco. O meio-campo do Flamengo hoje, no entanto, me parece bem superior e isso pode significar o controle do jogo. É torcer para que isso acabe fazendo a diferença.

3 comentários:

Paulo Sales disse...

Caro André,
Por onde anda Maldonado? Sua situação não vai ser resolvida?
abs

André Monnerat disse...

Ele está se recuperando de contusão, por isso não pode jogar agora.

De renovação, o que se sabe é que a situação dele depende dele mesmo resolver um problema de contrato com o Juan Figger.

Anônimo disse...

Realmente não dá pra entender o Fierro não ter oportunidade nesse time atual do Flamengo.. poderia ser utilizado inclusive como alternativa ao V.Pacheco, que pouco acrescenta ao time!
Com a perspectiva da saída dele pro Boca Juniors, cabe apenas ver se o Flamengo vai lucrar alguma coisa nessa negociação, pois até pelo empréstimo do (fraco) David estamos tendo que pagar!