Os americanos já gostam do soccer

Barack Obama mandou, via Twitter, uma mensagem para a seleção americana antes da sua estreia na Copa. Seu vice, Joe Biden, visitou pessoalmente os jogadores para dar apoio. O país que mais comprou ingressos para jogos da Copa foi os EUA, e a TV americana pagou mais do que qualquer uma pelos direitos de transmissão.


São muitos os sinais de que os EUA, hoje, realmente assistem futebol. Há muitos outros: é moda por lá, hoje, os jovens torcerem para times ingleses e andarem nas ruas com camisas e agasalhos oficiais deles; a média de público da Major League Soccer já é maior que a da NBA (claro: com menos jogos, em estádios maiores) e a Sports Illustrated americana já fez matéria especulando se a liga deles de soccer já pode ser colocada no grupo das grandes, junto com as de basquete, hóquei, futebol americano e baseball. A ESPN contratou o U2 para fazer sua chamada para a Copa do Mundo e já existe o movimento por lá para levar mais uma vez o evento para o país em 2018. O dono de um dos clubes da MLS, participando deste movimento, declarou que se a Copa fosse novamente à América, seria como se eles tivessem por lá "três Super Bowls por dia".

(Boa parte de tudo isso eu li já há algum tempo em matérias do ótimo Balípodo, de Ubiratan Leal.)

A Copa de 94 realmente plantou uma semente que cresceu por lá e começa a dar frutos. O soccer ainda não é por lá o que é no resto do mundo, mas já existe (o que, claro, tem muito a ver com a quantidade de latinos vivendo por lá - mas e daí?). E, no meio disso tudo, eis a seleção americana - vice-campeã da Copa das Confederações e protagonista da primeira grande zebra na África do Sul.

Não vi o jogo, e sei que o empate saiu graças a um frangaço do goleiro inglês - aliás, todos já sabiam que a posição é um dos pontos fracos do English Team. Mas apostei no bolão que os EUA vão longe nesta Copa, e este já foi um bom sinal.

O problema todo é que também apostei bastante na Inglaterra.


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No Grupo B, parece previsível que a primeira vaga ficará com a Argentina. E hoje ficou claro que a segunda está entre Coreia do Sul e Nigéria - e, pela diferença gigantesca entre os adversários que cada uma enfrentou hoje, não é tão fácil apontar uma favorita.

A Grécia é simplesmente lamentável. Os coreanos, claro, não têm nada com isso e mostraram alguma qualidade: são organizados, se movimentam bem, procuram sair sempre tocando a bola no chão, têm alguma habilidade e nem são mais tão fracos fisicamente quanto em outros tempos. Mas a verdade é que os elogios que ouvi por aí aos asiáticos me pareceram meio exagerados, pois na verdade criaram poucas chances e só fizeram seus gols em duas falhas grotescas da defesa grega. O time falha demais em passes fáceis na hora de definir seus ataques. E, além disso, pareceu gostar de arriscar jogadas complicadas na saída de bola, o que pode ser um risco grande contra times mais fortes.

Já a Nigéria pegou a Argentina, favoritaça do grupo. Teve 20 minutos iniciais muito ruins, em que deu espaço demais no meio-campo e poderia ter sido goleada. Depois, acertou mais o bloqueio e melhorou um pouco sua situação - mas ainda viu os argentinos criarem diversas chances de aumentar o placar e, quando teve chances no contra-ataque para empatar a partida, falhou demais (e feio) nas conclusões. O seu grande destaque foi mesmo o goleiro.


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A Argentina foi, de longe, o time que mais criou chances claríssimas de gol na Copa até agora (ao menos nos jogos que eu vi - quase todos). Seu maior problema é que provavelmente a Nigéria foi a segunda. O time tem uma formação muito ofensiva que só fica mais segura enquanto a marcação no campo do adversário funciona - e a partir de determinado momento, começou a faltar gás pra isso. Pra piorar, o improvisado Rodriguez foi simplesmente horroroso na lateral direita e os africanos tiveram vários lances de perigo por seu setor.

Ainda achei que o time depende mais do que eu esperaria de Verón para fazer a transição da defesa para o ataque. Enquanto ele não pega na bola, o time fica trocando passes laterais atrás, enquanto o quarteto ofensivo espera na frente. Não à toa, a estatística da FIFA mostrou que ele foi entre todos o jogador que correu a maior distância enquanto esteve em campo - e saiu exausto.

Mas a Argentina pode se animar com a atuação de Messi, muito boa - só que perdeu o duelo contra o goleiro nigeriano. Faltou Di Maria e Higuain acompanharem mais seu ritmo, mas Maradona tem opções para ambos se o rendimento não melhorar nos próximos jogos.



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Não vai dar pra escrever o post pré-jogos de amanhã. Mas, pra não passar em branco, as apostas: a Eslovênia faz 1x0 sobre a Argélia, dois times que devem ficar na primeira fase; Sérvia e Gana, que podem sonhar com vaga nas oitavas, empatam em 1x1; e a Alemanha fica num magro 1x0 sobre a Austrália, que eu acho que deve ir melhor do que a maioria deve estar esperando.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse goleiro da Nigéria não topa jogar no Brasil não? :)

Fernando Almenara disse...

Se os Americanos pegarem gosto pelo Soccer ai q estaremos ferrados... A Europa já leva nossos craques. Com a grana os EUA tem só restarão os jogadores de nível médio/baixo no Brasil... :(

Murdock disse...

Eu acho legal que os EUA passem a gostar de futebol. Não sei exatamente porque, mas acho.

Foda que penso que eles tem potencial para serem muito fortes no esporte, como são em qualquer outro em que se metem, o que falta lá é interesse do povo. A genética do povo se parece com a nossa, grana não falta, já viram que é uma mina de dinheiro e por aí se vê que o público está interessado.

O jogo deles na Copa foi parar nos Trend Topics do Twitter americano e esse post no Fail Blog dá noção da repercussão que teve, especialmente pelos comentários e a rivalidade com a Inglaterra:
http://failblog.org/2010/06/12/goalie-fail-usa-win/