Decisão de baixo nível na Taça Guanabara

Foi um jogo abaixo da crítica, esta final da Taça Guanabara de hoje. Serviu para reforçar a impressão de que os dois melhores times do campeonato foram exatamente os que caíram eliminados nas semifinais - menos por méritos do adversário, mais por falhas próprias, em especial na hora de concluir as muitas chances de gol que criaram. Tanto Flamengo quanto Fluminense deram muito mole.

E pra manter a lógica destes resultados do campeonato, acabou campeão o time que, na maior parte do jogo, pareceu pior. O Vasco não jogou bem - longe disso -, mas controlou sempre a posse de bola e, no meio do festival infinito de passes errados em que se tornou a partida, errou menos. Porém, insistiu sempre em jogadas pelo meio de maneira pouquíssimo inteligente e facilitou o trabalho do esquema defensivo do Botafogo. Vale ainda ressaltar a atuação horrorosa de Dodô, apagadaço e sempre se deslocando errado na hora de receber o passe. Sem falar no inacreditável gol que perdeu no primeiro tempo, sem nem conseguir chutar a gol uma bola que recebeu de frente para o goleiro adversário - difícil até de entender como ele se enrolou daquele jeito.

No segundo tempo, com a entrada do meia Magno no lugar do volante Léo Gago, o Vasco ficou num 4-2-3-1 mais interessante que o esquema da primeira etapa - mas acabou dando de presente ao adversário o primeiro gol quando era melhor em campo, graças a uma saída muito errada de seu goleiro em um escanteio. O time ficou nervoso, Nilton foi expulso numa jogada violentíssima logo depois e o Botafogo parecia poder controlar a partida até o final. O Vasco até conseguiu controlar os ânimos e voltar a pressionar em busca do empate; porém, novamente quando o adversário vivia um bom momento em campo, o Botafogo voltou a ganhar um gol num pênalti daqueles que você tem a impressão de ter visto outros 43 iguais e não marcados ao longo do jogo - e que ainda veio com o bônus de uma expulsão esquisitaça do zagueiro vascaíno. Foi o ponto final do jogo.

Acabou garantindo lugar na final o que parece mesmo o mais fraco entre os grandes do campeonato. Ao menos a diretoria do Botafogo parece ter noção do quão fraco é seu elenco e ainda está se mexendo para contratar, reforçando a zaga, a criação no meio-campo e a ligação com o ataque. Faz bem.


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O meu último texto, sobre os novos uniformes do Flamengo, ainda está rendendo comentários por conta dos tamanho dos patrocínios estampados nas camisas. Pois a final de hoje serviu para os rubro-negros mais inconformados com a poluição visual em seu Manto Sagrado perceberem que podia ser muito, muito pior. Os uniformes de Vasco e Botafogo, com aplicações esquisitaças das marcas de vários patrocinadores de ocasião, tornaram-se verdadeiros shows de horror.

E uma das empresas que embarcaram no negócio deve ter feito o maior desperdício de dinheiro em algo do gênero que eu já vi. Colocaram sua logo na bunda dos jogadores botafoguenses - mas estes jogavam com as camisas pra fora do calção, sempre cobrindo o nome do patrocinador, que passou praticamente o jogo inteiro sem ser visto. Inacreditável.


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Houve ainda o momento surrealista em que a torcida do Botafogo, com a vitória já garantida, cantou "vice de novo" para os vascaínos. Alguém aí se lembra da última vez que o Vasco foi vice para o Botafogo? Estariam eles se referindo então aos títulos do Flamengo - anteriores inclusive aos conquistados em cima do próprio Botafogo? Ou estariam, na verdade, tentando prever o destino de seu próprio time neste Estadual? Vai saber.

8 comentários:

Marcos Monnerat disse...

O jogo foi realmente muito ruim. Dois times fracos. O Vasco, que parece um pouco melhor, não tinha nenhuma jogada combinada, viu seus melhores jogadores (Carlos Alberto e Dodô) não conseguirem nada em campo (não são confiáveis, esse time do Vasco não ganhará nada esse ano). O Botafogo é muito ruim tecnicamente, mas bem armado pelo Joel. Marca fechadinho e, dessa vez, não deu muitas chances de gol para o Vasco como deu para o Fla na quarta passada. E na frente é aquilo mesmo. Balão pra área pro gigantão tentar alguma coisa.

Achei que no primeiro gol do Bota o jogador que cabeceou trepou sobre o zagueiro vascaíno faltosamente. Um gol ilegal. No primeiro tempo teve um pênalti no Loco que foi claro, mas talvez tenha sido falta dele no goleiro antes. As expulsões foram corretas, a meu ver. E o lance do pênalti não tem 43 iguais a esse por jogo não. O puxão de camisa que o vascaíno deu na área foi grosseiro de mais!!!

Jefferson freire disse...

André, pior foi a cena que presenciei no Metrô após o jogo. Torcedores do vasco e botafogo parodiano nosso canto (vai começar a festa) e cantando juntos "^dá-lhe e ô, cadê o Império do Amor?". Uma cena no mínimo ridícula. Um acabou de perder pro outro, o outro acabou de ser campeão em cima do um e ambos se unem para cantar contra o Flamengo. Isso prova que só existem 2 torcidas: a Flamenguista e os contra-Flamengo.

Abços e SRN

Arthur Costa disse...

Jefferson, seguindo a linha do seu relato... eu moro muito perto do Maraca, e logo antes do jogo, havia uns vascaínos reunidos num bar em frente aqui de casa... a cada 3 músiquinhas toscas q puxavam, uma era pra provocar o FLA. Impressionante isso...


Outra coisa: e o Dodô ein... o time só jogava pelo meio. Mas quando abria a jogada, pela TV, era possível ver o Dodô alí na intermediária, e dentro da área só o Coutinho OU o Carlos Alberto entre uns 4 ou 5 botafoguenses. Dodô se escondeu demais!!!

Renato Freire disse...

Botafoguense não tem mais moral para falar uma sílaba sequer sobre arbitragem. Na quarta, Fahel foi desexpulso de campo. Ontem, eles tiveram um pênalti marcado a favor igualzinho àquele em cima do Fábio Luciano, no jogo do chororô.

Vale também registrar um pequeno milagre: o Vasco teve dois jogadores expulsos. Acho que isso não acontecia desde aquele jogo deles contra o Paraná, ainda no século XX, quando Eurico invadiu o gramado de São Januário.

Anônimo disse...

Pura inveja!

Mauricio Carrilho disse...

Galera, o que era aquilo na camisa dos caras? Parecia panfleto colado por lambe-lambe!
O joguinho foi de doer.

Renato Freire disse...

Deu no O Estado de São Paulo:

"A Globo não vai mais chamar o Flamengo de 'Hexacampeão' do Brasileirão. Pelo menos por enquanto. A emissora está sendo processada pelo Sport Clube do Recife, que se considera o legítimo campeão nacional de 1987, título que o Flamengo toma como dele, por conta da criação de um novo campeonato na época. O time pernambucano alega ter sofrido prejuízo de imagem com a citação da Globo ao Flamengo, e quer indenização. a Globo não fala sobre o caso."

Mauricio Carrilho disse...

Eu acho que a lambança maior é a direção atual da CBF não dividir o título.
O Flamengo e o Internacional cumpriram o que combinaram com o Clube dos 13, entidade que tomou a iniciativa de organizar a competição, mas não cumpriram o que determinava o regulamento escalafobético da competição.
O ixpó, cansado de bater penaltis, se sagrou co-campeão por cansaço da segundona, junto com o Guarani, e foi a campo pra se consagrar o primeiro campeão oficial por WO do Nabi Abi Chedi (primo do Ali Baba e discípulo de seus companheiros).
Não dá pra tirar o título do ixpó, até porque eles vão ter que subir e descer muitos anos até chegarem perto de outro, mas cumpriram rigorosamente a amalucada determinação do Nabibesco presidente da CBF.
Já o Flamengo, jogou contra os principais clubes brasileiros e ganhou no campo. Qualquer pessoa que não seja mal intencionada dividiria o título entre os dois clubes e acabaria com essa babaquice do cacete!