Por 10 dias, o Flamengo vai treinar no CT de seus sonhos

Vocês já devem ter lido que o Flamengo fechou acordo para fazer a pré-temporada em Porto Feliz (SP), onde a Traffic mantém seu centro de treinamento. E parece que é difícil mesmo encontrar no Brasil um lugar melhor para esta preparação. Na verdade, ao ler sobre a estrutura do lugar, dá pra imaginar que é mais ou menos tudo aquilo que todos os candidatos à presidência do Flamengo - Patrícia Amorim incluída - prometeram para o clube. É esperar pra ver se é dessa vez que a coisa vai sair do papel, com ou sem a tal milagrosa ajuda do governo chinês prometida pelo ex-presidente Delair.






A Academia Traffic de Futebol foi inaugurada em março deste ano. Tem 156 mil metros quadrados (um pouco mais que os 136 mil da área do Ninho do Urubu), cinco campos oficiais, dois para treinamentos específicos (todos com drenagem e irrigação automática) e alojamento para 144 atletas e 48 membros de comissões técnicas. Ainda se encontra por lá área de lazer (com salas de jogos, TV e computadores); academia com equipamentos de última geração funcionando em conjunto com as salas dos médicos, fisioterapeutas e fisiologistas; piscina coberta e aquecida; unidade de crioterapia; cozinha industrial com padrão de hotel 5 estrelas; e auditório e biblioteca utilizados no apoio da educação dos garotos que vivem por lá (que têm aulas de línguas e de noções de economia pessoal, por exemplo).







O objetivo principal da estrutura é aprimorar garotos levados de todo o Brasil, que devem depois dar lucro à companhia em futuras negociações. E, além da estrutura física, há toda a estrutura de pessoal para encontrar e preparar estes jogadores, que tem Carlos Alberto Parreira como diretor-técnico (não sei como ele anda conciliando este trabalho com o de treinador) e inclui um Departamento de Inteligência (que reúne estatísticas, vídeos e etcéteras dos jogadores observados) e uma equipe de observadores dirigida pelo ex-zagueiro Dario Pereyra. Para ajudar a garantir vitrine para estes atletas, a Traffic não só tem acordos de parceria com clubes da elite como também possui o Desportivo Brasil, clube-empresa que disputa há tempos competições nas categorias de base e agora também tem time profissional (jogou este ano na 4a divisão do campeonato paulista e deixou escapar a vaga na divisão acima na última rodada, perdendo um jogo que precisava empatar). É em nome do Desportivo Brasil que estão registrados boa parte dos jogadores da Traffic - é o caso de Éverton, cujo contrato de empréstimo ao Flamengo encerra-se no fim deste ano.


Enfim: o negócio deve estar dando certo - ao menos no lado financeiro, já que o objetivo da empresa é dar lucro, e não conquistar títulos em campo. Dá pra acreditar que o caminho escolhido está dando dividendos ao ver o crescimento da empreitada. Começaram negociando placas de propaganda, passaram a direitos de transmissão, avançaram para o agenciamento de jogadores e agora, além de organizar fundos de investimento em atletas com dezenas de milhões de reais, já têm o Desportivo Brasil, uma parceria com o Nova Iguaçu (cujo centro de treinamento possui oito campos, quadras, centro médico e outros etcéteras), o americano Miami FC (que tem Zinho como técnico e Júnior Baiano e Leonardo Inácio no elenco) e ainda firmaram contrato para controlar o Estoril, da segunda divisão de Portugal.


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E quanto custaria para o Flamengo ter seu próprio CT, no nível do que utilizará nesta pré-temporada?

Segundo notícias da época, o investimento na construção da Academia Traffic foi de R$16 milhões - quantia grande para um clube tão endividado, mas que é menor do que o aumento conseguido pelo Flamengo nos valores dos contratos de material esportivo e patrocínio de camisa em relação ao que ganhava há dois anos.  Mas, além do gasto para colocar a estrutura toda de pé, há ainda as despesas para mantê-la funcionando, calculadas em torno de R$4,5 milhões por ano.

2 comentários:

Marcos Monnerat disse...

Esse custo de manutenção deve ir todo em diárias de hotel que o Fla gasta hoje para se concentrar no Rio...

Bruno Santana disse...

4,5 milhões por ano não é um custo tão alto para manter uma estrutura dessa, imaginava uma quantia maior