Momentos decisivos do Hexa: a contratação de Adriano


O Campeonato Brasileiro nem havia ainda começado e o primeiro lance decisivo para seu resultado final acontecia. Estávamos no mês de abril quando ficou claro que as especulações sobre o retorno do Imperador ao Brasil não eram só especulações. O presidente em exercício do Flamengo, Delair Dumbrosck, deu com a língua nos dentes e adiantou que a contratação de Adriano já estava certa; ainda demorou alguns dias, entre desmentidos oficiais de Gilmar Rinaldi, empresário do jogador, e Kléber Leite, então Vice-Presidente de Futebol do clube, até que o anúncio definitivo fosse feito. O atacante havia abandonado a Internazionale de Milão, que não impôs muitas dificuldades para a rescisão de contrato; Adriano, que vinha numa fase ruim em campo e complicada fora dele desde a morte do pai, queria um tempo do futebol, para reencontrar a felicidade junto à família e os amigos da Vila Cruzeiro. Mas este tempo de recesso que ele pedia não precisou durar tanto assim, e o retorno à Gávea logo entrou neste pacote de recuperação do Imperador.

Não estava nem certa, a esta época, a conquista do Penta-Tri Estadual, e os rubro-negros ainda conviviam com a dura luta por posição entre Josiel e Obina no comando do ataque. A aguardada estreia só foi acontecer no dia 31/5, contra o Atlético Paranaense. Discutia-se a forma de Adriano e era dado como certo que ele só aguentaria 45 minutos. A sua escalação como titular foi definida depois do anúncio de que Josiel teria que ficar de fora, pois tomara um anti-gripal que poderia aparecer num exame de doping. E assim o Maracanã encheu-se para o primeiro grande público rubro-negro no campeonato. Adriano, afinal, surpreendeu: atuou os 90 minutos, fez um gol e o Flamengo venceu por 2x1. "Ôôô, o Imperador voltou!"

Foi apenas o primeiro de vários jogos em que gols imperiais garantiram pontos para o Flamengo. Adriano não foi bem em todo campeonato; em muitos momentos, pareceu muito abaixo da forma ideal, e é fato que suas frequentes faltas nos treinos - que de início geravam polêmica, especialmente com o então técnico Cuca, mas depois ficaram claras para todos como parte do pacote contratado - prejudicaram seu rendimento. Com ele em campo, o Flamengo levou de 5 do Sport, de 5 do Coritiba, de 4 do Grêmio, de 3 do Avaí.

Porém, não dá pra desprezar o poder de decisão do artilheiro do campeonato. Especialmente a fase que se seguiu à sua primeira convocação para a Seleção no ano foi espetacular - foram jogos em que Adriano e o renascido Petkovic encheram os olhos de todos e a arrancada rumo ao hexa engrenou. Na frieza dos números, numa conta grosseira, se retirássemos seus gols da campanha rubro-negra, o Flamengo terminaria com 14 pontos a menos.

Lá atrás, quando a contratação de Adriano ainda não era uma realidade, havia muitos poréns. Depois da tal fase depressiva na Itália, ele conseguiria se recuperar? Por quanto tempo se manteria na linha? Casos de indisciplina não poderiam atrapalhar a estabilidade do elenco? Ele não seria caro demais para um clube convivendo com tantas dificuldades financeiras? No meio de tudo isso, uma certeza: se ele conseguisse jogar razoavelmente dentro de seu potencial, sua simples presença seria o bastante para transformar o Flamengo num candidato respeitável ao topo da tabela. Pois bem: muitos dos percalços esperados efetivamente apareceram. Mas, de um jeito ou de outro, conseguiram ser contornados. E hoje é impossível não ver o tamanho da importância de Adriano para o título brasileiro. E seu retorno tornou-se uma das páginas mais importantse da História que se contará por muitos e muitos e muitos anos.

6 comentários:

Renato Freire disse...

Um feito que o baixinho e desagregador Romário não conseguiu. Adriano tem regalias, mas, até onde dá para perceber, é querido pelos demais jogadores. Isso não acontecia com o Romário, que adorava formar um grupinho (ô sujeito nocivo).

André Monnerat disse...

Com o tempo, percebi a diferença clara que existe entre o Adriano e o Romário, que muda o efeito dos dois no grupo.

O Adriano é um cara relaxado, que volta e meia não tá a fim de se esforçar o tanto que deveria. É ruim pro desempenho dele, mas enfim - as pessoas em volta percebem que o cara joga pra caramba e, com o time ganhando e todo mundo se dando bem, vão relevando. Até porque ele trata os outros bem, é gente boa, tem aquela coisa de se manter ligado às origens humildes, valoriza o grupo nas delcarações etc. e tal.

Enquanto o Romário era um babaca com os outros. Fora ter o mesmo tipo de relaxamento, ele panelava o Rodrigo Fabri em campo, deu um chute no Sávio no meio de um jogo, se juntava com o Júnior Baiano pra sacanear o Lúcio em treinos e por aí vai - além de, depois das vitórias, falar só de si mesmo, dizer que é sinistro, rei etc. etc. etc.

Marcos André Lessa disse...

Mas a Patricia Amorim parece não gostar dessa história não...

Renato Freire disse...

A cobertura jornalística do acesso do América à primeira carioca, na minha opinião, foi uma vergonha. Deixaram o clube de lado para falar de Romário, Romário, Romário... Mas, voltando ao assunto do post, tenho medo do que pode acontecer entre o Adriano e a Patrícia Amorim, como bem lembrou o Marcos André Lessa. Acho bom ela pegar umas dicas com o Andrade.

Marcos Monnerat disse...

Bom, eu acho que essa diferença entre ele e o Romário é bem clara mesmo. O Adriano sabe respeitar mais as pessoas que estão em volta dele. Agora, cansei das entrevistas dele falando em ser artilheiro do campeonato marcando tantos gols quanto o Zico. Achei meio egoísta isso. Mas ao mesmo tempo realmente elogiava o grupo como um todo.

Pra esse brasileiro deu. Graças a Deus ganhamos o hexa assim. O eixo Álvaro-Maldonado-Pet-Adriano acertou o time da defesa ao ataque e levou o Fla ao título. Agora, está longe de ser do Adriano somente a responsabilidade pelo êxito. Tanto que o desempenho do time com e sem ele não é muito diferente.

Esse comportamento dele de treinar sempre um dia a menos por semana contagiou o Pet que passou a treinar menos também nas últimas semanas e caiu absurdamente de rendimento. Tanto que nada acertou contra Goiás, Corinthians e Grêmio a não ser um ou outro escanteio.

Se continuar essa rotina de regalias acho que teremos pouca chance de ganhar a Libertadores e muito menos o Brasileiro do ano que vem. Essas coisas a longo prazo minam o grupo que vai acabar querendo treinar como ele e o rendimento vai cair.

Reginaldo Menezes disse...

Tô achando Adriano vai se ferrar. Se ele manter a postura que teve no finzinho do campeonato (últimas semanas), seja lá qual clube que ele estiver (e acho que não vai ser o Flamengo), o sonho dele de ir a Copa vai dançar.

Li num blog que o Dunga não ficou nada feliz dele não ter ido lá no prêmio e por as atitudes recentes de vagabundagem. Além do fato de que o Adriano receberia um prêmio pelas mãos do prôprio, todo mundo já percebeu que ele tá acima do peso de novo e que voltou a exagerar MTO nas farras.
Ainda segundo o tal blogueiro o Dunga teria dito que o Adriano esta mto enganado em já se considerar na Copa e teria dito que : “Não vou segurar a barra de ninguém. Se estão pensando que vão jogar com três, quatro quilos acima do peso, estão enganados...”

Enfim...pode ser tudo mentira, mas acho isso super verossíml. Não tô com bons sentimentos em relação essa história.

Além disso acho que o Adriano não vai gostar do discurso da Patrícia Amorim sobre ele.
Mas acho mesmo é que o dinheiro vai seduzir again.
Se eu fosse ele não iria não, pq vila cruzeiro pra escondê-lo dos paparazzi e a folga que tem no mengão ele não acha lá fora.