O nome de Plínio Serpa Pinto já é bem conhecido de quem acompanha minimamente a vida administrativa do Flamengo. Já foi Vice de Futebol do clube durante o mandato de Kléber Leite na presidência e recentemente foi Diretor de Futebol, também trabalhando junto de Kléber. Fora isso, ocupou outros cargos de menor visibilidade em conselhos do clube. É uma figurinha carimbada.
Agora, ele se apresenta como candidato com a bandeira da mudança e do profissionalismo. Conta a seu favor o histórico de empreendedor - ele é de fato um empresário bem sucedido, especialmente no ramo imobiliário. Sua candidatura vem chamando a atenção pela intensa atividade na internet - com promoções via Twitter, entrevista via Orkut e por aí vai - e por alguns anúncios bombásticos, como a apresentação de Fábio Luciano como futuro executivo remunerado do futebol e a confusa "fusão" com a chapa de João Henrique Areias.
Outra anúncio que chamou a atenção foi a carta do Consórcio Multiplan dizendo que "devolverá a sede social" ao Flamengo caso ele seja eleito. Por que só se ele for eleito? A dívida com este consórcio não teria sido feita quando ele participou da direção do clube? Afinal, qual é a situação jurídica atual da sede social? Se ele mesmo diz que a dívida não existe, o que exatamente esta carta quer dizer? É uma história confusa.
No site de sua campanha, há bastante material sobre seu perfil e suas propostas, além dos cargos que já exerceu no Flamengo. E, especialmente após a adesão de nomes do Fla21 e de ter anunciado comprometimento com as ideias do grupo, ficou bem claro que o grande mote de sua campanha é a profissionalização da gestão do clube. Minhas grandes dúvidas sobre sua candidatura são os critérios de escolha dos profissionais para cada área, o modelo desta profissionalização e, principalmente, a maneira como o clube foi gerido enquanto ele participava da direção.
Tive a oportunidade de fazer quatro perguntas ao candidato, via e-mail, e escolhi temas que tivessem a ver com estas minhas dúvidas e outros que não vi serem tocados no material disponível sobre suas propostas. Sabemos que o tempo dos candidatos em campanha é curto e que as solicitações de entrevistas, grandes ou pequenas, devem ser muitas. Isso deve ter levado a usar trechos de textos prontos sobre determinadas questões nas respostas - e assim fiquei sem saber se realmente teríamos um grande executivo para gerir o clube como um todo (cargo para o qual Areias contou ter sido convidado) e qual seria seu perfil; ou qual era a função exata de Plínio como Diretor de Futebol do clube. De qualquer forma, Plínio tem procurado se mostrar acessível e deu pra tirar que ele parece a favor da criação de um sócio-torcedor com direito a voto, vê o Engenhão como casa do Flamengo para os próximos anos (mas com possibilidades de mandar jogos fora do Rio também) e enxerga a administração Kléber Leite no futebol como bem sucedida.
- Uma das bandeiras da sua campanha é a profissionalização da gestão - ou seja, colocar profissionais nos cargos executivos do clube. Para o futebol, o nome do Fábio Luciano já foi anunciado. A pergunta: e para quem está acima dele? Haveria um grande executivo para tocar o Flamengo como um todo? Se haveria, qual seria o perfil desejável para este profissional?
PLÍNIO: O futebol terá uma gestão profissional e na verdade a decisão de contratar Fábio Luciano para o cargo de diretor executivo mostra que o futebol não vai ser tratado com paixão, nem com amadorismo. Fábio Luciano é o início da profissionalização do futebol do Flamengo. Acredito que essa gestão, acompanhada de uma independência do futebol, com referência aos departamentos de marketing e jurídico, vai permitir que o diretor executivo possa trilhar um caminho de ordenamento e de uma gestão profissionalizada de respeito ao orçamento e de equilíbrio financeiro.
- Estamos vendo uma campanha para a presidência em que estão sobrando candidatos e faltando eleitores. O Flamengo hoje tem poucos sócios e a maioria deles nem paga mensalidade, por terem títulos adquiridos há muitos anos. Como fazer para ampliar o quadro social? Fora pensar em atrair sócios para as categorias já existentes, há a possibilidade de algo como Vasco e Inter já tem - categorias com preços populares para as mensalidades, inclusive com direito a voto?
PLÍNIO: Vamos dar condições a todos que quiserem para que se associem e tenham o mesmo direito de todos os sócios. Quanto mais sócios, mais forte o Flamengo será. Olhe para os clubes ingleses e espanhóis. Por que não podemos ter nossa torcida associada e votando? Vamos incrementar a possibilidade dos nossos torcedores se transformarem em sócios do clube. Mesmo os que residem fora do Rio.Para nós, nossa torcida é o maior dos nossos patrimônios e queremos todos participando conosco. Juntos, encontraremos a solução para essa questão que é da maior importância para a existência do Clube de Regatas do Flamengo e para o seu futuro. Queremos continuar sendo o mais querido. Se outros clubes conseguem fazer trinta mil sócios em seis meses, que dirá o Flamengo em nossa administração.
- Uma questão prioritária para o próximo mandato será: onde jogar? O Maracanã deverá ficar fechado durante toda a próxima gestão. A solução óbvia é o Engenhão. Em sua opinião, deverá ser este o caminho a ser tomado? E, com o Maracanã funcionando, você acredita que ele deverá ser mesmo sempre a "casa" do Flamengo?
PLÍNIO: Se não tivermos outra alternativa, em função do fechamento do Maracanã para as obras da Copa e da Olímpiada, jogaremos no Engenhão, mas sem gastar dinheiro nosso lá. Vamos usar o Engenhão e poderemos fazer alguns jogos fora, no aspecto de atender à demanda da nossa torcida e trazer cada dia mais lucratividade para nossas receitas.Quanto ao Maracanã, nós vamos fazer uma negociação na privatização do estádio à altura do peso do Flamengo nesse desenvolvimento. O Flamengo vai negociar com sagacidade, com uma empresa internacional, para obter o justo valor pelo envolvimento nosso na privatização do Maracanã. Acho que aí está o ganho financeiro que o Flamengo pode receber por ser o trem pagador do futebol brasileiro.
- Você participou das duas gestões Kléber Leite - quando ele foi presidente do clube e quando foi vice de futebol, até há poucos meses. Durante este último período dele no clube, o time saltou de patamar: participou de duas Libertadores, ganhou uma Copa do Brasil, foi tricampeão carioca e disputou posições no alto da tabela no Brasileiro. Ao mesmo tempo, conviveu com salários atrasados, atos de indisciplina os mais variados de seus atletas, fez investimentos pesados em compras de jogadores que se transformaram em novas dívidas, não avançou em questões como venda antecipada ou carnês de ingressos, investiu muito pouco na estrutura física para os profissionais trabalharem e viu a dívida do clube crescer R$40 milhões no último ano (dado de balanço). Como você avalia este período da gestão do futebol do clube e qual foi exatamente o seu papel nela?
PLÍNIO: Na verdade, quando o Kleber assumiu o comando do futebol do Flamengo, o time estava em décimo nono lugar e era uma barbada para ser rebaixado. Kleber contratou jogadores e o Flamengo acabou não sendo rebaixado, participou dois anos seguidos da Libertadores e foi tricampeão carioca. O Flamengo tem hoje um elenco extremamente competente. Quem trouxe para o Flamengo Bruno, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim, Juan, Willians, Kleberson, Toró, Emerson, Adriano, foi a administração Kleber Leite. Não estou defendendo o Kleber, mas acho que poucos dirigentes de futebol proporcionaram tantas glórias ao futebol nos últimos quatro anos como Kleber Leite. A dívida do departamento de futebol, se você procurar os balanços do clube, vai perceber que o futebol foi superavitário nos últimos três anos. Não participei da gestão do Flamengo porque nunca fui presidente do clube. Fui vice-presidente de futebol no ano de 1995, 1996, quando fomos campeões invictos e trouxemos o Romário, na época o maior jogador do mundo. E participei da diretoria em 2009, quando conquistamos o tricampeonato. Na verdade, eu sou parte de vocês, como todos nós, da situação em que o Flamengo se encontra. Uns por omissão, outros por decisão equivocada, mas o Flamengo é um clube presidencialista. A gestão e a escolha de seus companheiros é que farão o Flamengo retomar o lugar que ele merece. Mas tenha certeza de que não trairei a esperança, nem a confiança dos companheiros que estão nos apoiando.
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Textos sobre outros candidatos:
- Clóvis Sahione
- Lysias Itapicuru
- Pedro Ferrer
6 comentários:
Boa parte do discurso é ótimo, resta saber como é a prática. Ele escolheu muito mal as palavras, embora de certa forma esteja certo: o KL trouxe muitas glórias pro clube, se vc considerar como "glórias" jogadores, voltar a disputar campeonatos etc.
Pessoalmente, preferia títulos.
Finalizando, se ele fizer o sócio-torcedor em moldes semelhantes ao do Internacional, já vou considerar bastante mudar de opinião sobre a campanha dele.
Mas sei lá... Ele até parece tentar se desvincular do KL, mas é difícil.
Concordo com o Tiago, dependendo do significado das "glórias"... Seria melhor dizer que o Flamengo voltou a frequentar as posições mais altas do Brasileiro, ao contrário do que ocorreu no período 1994-2005.
Como você observou, boa parte do discurso foi um copy&paste de outras entrevistas ou apresentações que ele já havia feito. Nem sei se é ele ou algum assessor quem prepara.
Minha visão é que é um discurso de político. Aliás, essa é minha opinião em relação à figura Plínio Serpa. Um bom exemplo foi no Rock Bola, quando discursando sobre seu programa para o Morro da Viúva (transformar em um prédio comercial) foi perguntado pelo Toni Platão o que faria com as pessoas que já estão morando lá e respondeu: “não vamos pensar em dificuldades, temos que pensar nos pontos positivos da idéia”... Como governar o Flamengo, sem pensar nas dificuldades?!
Além disso, teve uma pergunta na entrevista pelo Orkut sobre o que ele pensa do Eduardo Uram ser dono dos passes de muitos jogadores no Flamengo em que ele faz todo um inflamado discurso sobre não questionar o caráter das pessoas sem conhecimento, mas responder a pergunta ele não responde...
Torço muito para que ele não se eleja, pois prefiro o amadorismo à demagogia (em alguns casos acompanhada de corrupção)...
Tenho impressão semelhante à do Rodrigo, como já havia comentado anteriormente (e ele até respondeu).
É uma pena que as pessoas não ofereçam qualquer crédito a um candidato que está se esforçando para construir um possibilidade para que todos nós tenhamos um Flamengo melhor. Porque duvidar se foi ele ou não que escreveu a resposta? Porque não agradecer a atenção. afinal, ninguem tem obrigação de responder e o cara disse o que pensa, por escrito.
Eu dou a ele a chance que o Flamengo precisa.
Acho que quando ele fala de glórias,está se refeerindo ao Pentatri e ao fato de termos passado o Fluminnense em número de títulos cariocas. Eu achei muito bom.
Acredito nesse cara, aí.
Ronaldo Gomlevsky
chapa que tiver kleber leite a seu favor não presta!!!!!!!
ele só que afundar o mengo
não queria o Pet, não valorizou andrade e quando saio o flamengo disparou rumo ao titulo!
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