A vitória foi construída no segundo tempo, mas a verdade é que a primeira etapa foi melhor. Andrade, ao contrário do que se comentava, não adiantou Éverton; o manteve na lateral e preferiu usar Juan na meia (o que eu não esperava, mas devia imaginar pelo posicionamento do time no segundo tempo contra o Vitória). A atuação de Juan foi apenas razoável, mas o time funcionou bem - controlou completamente a posse de bola, jogou na frente o tempo inteiro sem ceder contra-ataques e criou diversas chances de gol. Só pra contar as concluídas dentro da área: uma cabeçada de Dênis Marques, dois chutes de Juan (um deles salvo em cima da linha por um zagueiro), outra em que Álvaro tentou encobrir Rogério Ceni, mais uma cabeçada de Angelim no finalzinho. Isso sem falar em alguns chutes perigosos de mais longe.
Mas futebol tem dessas coisas: o São Paulo achou seu gol em um lance em que teve méritos quem lançou, teve méritos quem concluiu, mas o decisivo mesmo foram as falhas da defesa rubro-negra. Angelim achou que Bruno chegaria na bola e parou no lance, enquanto o goleiro não saiu com decisão e ficou no meio do caminho. E assim o time de Ricardo Gomes, totalmente dominado nos 45 minutos, foi pro vestiário comemorando a vitória parcial.
A entrada de Toró, no intervalo, deve ter sido motivada pelas condições físicas de Juan. Mas a ida de Williams para a quase ponta direita não deu lá muito certo e o time caiu um tanto de produção, embora continuasse no ataque - graças à postura demasiadamente defensiva do São Paulo - e até criasse algumas chances. Mas o empate veio mesmo num lance de azar de Jorge Wágner, que não viu Toró se antecipando e acabou chutando o rubro-negro sem querer - pênalti claro, embora involuntário.
Era o momento do time ir pra cima em busca da virada, mas o que aconteceu é que o São Paulo passou a manter mais a posse de bola no ataque do que havia feito em todo o jogo; embora só tenha criado um lance de real perigo, até equilibrou a partida. Mas foi a vez do Flamengo matar o jogo em um contra-ataque - enfiada perfeita de Petkovic, conclusão fria de Zé Roberto, os dois jogadores mais perigosos do time o tempo inteiro. A partir daí, o São Paulo passou a tentar empatar de qualquer jeito, abriu-se na defesa e poderia ter sofrido mais gols. O Flamengo esteve mais próximo do terceiro gol do que de sofrer o empate.
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O juiz, que deixou de dar diversas faltas até grosseiras para o Flamengo durante todo o jogo, que foi bastante benevolente na hora de dar cartões aos jogadores do São Paulo a ponto de irritar a torcida, acabou tendo a atitude mais polêmica da partida ao mandar voltar a primeira cobrança de Petkovic, defendida por Rogério Ceni. É claro que, vendo o replay, Rogério se adiantou - como costuma se adiantar sempre. Mas quantos juizes mandam voltar? Pela regra, é claro que o juiz não errou, mas foi uma atitude não tão comum, que vai render reclamações.
E é claro que é inconveniente numa hora dessas que o goleiro do Flamengo vá ao microfone pra dizer que "achou injusto" e que pensa em como deve estar Rogério Ceni, "que trabalhou a semana inteira". Era bem simples: "eu estava longe, não sei dizer", resolvido. Merece um cascudo.
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Andrade se preocupou em não queimar Dênis Marques. Escalou-o como titular, o que era previsível e razoável; depois o manteve em campo após o intervalo, apesar de mais vaias a uma péssima atuação do cara no primeiro tempo. Teve que vê-lo perder mais dois gols claros e errar mais algumas matadas e passes para tirá-lo de campo.
Tudo muito compreensível. Mas tem horas em que é preferível pensar na vitória do que em preservar determinados jogadores.
Tudo muito compreensível. Mas tem horas em que é preferível pensar na vitória do que em preservar determinados jogadores.
10/10/2009 - 16h10 - Flamengo 2 x 1 São Paulo
Maracanã, Rio de Janeiro - RJ
Renda/público: R$ 1.097.168,00 / 57.210 pagantes
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (DF)
Auxiliares: Marrubson Melo Freitas (DF) e Enio Ferreira de Carvalho (DF)
Cartões amarelos: Álvaro e Everton Silva (FLA); Hernanes, Junior César, Richarlyson, Jorge Wagner, Rogerio Ceni e Hugo (SÃO)
Gols: Hernanes, 25'/1ºT (0-1); Petkovic, 20'/2ºT (1-1); Zé Roberto, 35'/2ºT (2-1)
Flamengo: Bruno, Everton Silva, Álvaro (Welliton, 26'/2ºT), Ronaldo Angelim e Everton; Willians, Maldonado, Juan (Toró, intervalo) e Petkovic; Zé Roberto e Denis Marques (Bruno Mezenga, 11'/2ºT). Técnico: Andrade.
São Paulo: Rogerio Ceni, Renato Silva, Rodrigo e Richarlyson; Zé Luis (Borges 39'/2ºT), Jean, Hernanes, Jorge Wagner (Oscar, 36'/2T) e Junior Cesar; Dagoberto (Hugo, 14'/2ºT) e Washington. Técnico: Ricardo Gomes.
Maracanã, Rio de Janeiro - RJ
Renda/público: R$ 1.097.168,00 / 57.210 pagantes
Auxiliares: Marrubson Melo Freitas (DF) e Enio Ferreira de Carvalho (DF)
Cartões amarelos: Álvaro e Everton Silva (FLA); Hernanes, Junior César, Richarlyson, Jorge Wagner, Rogerio Ceni e Hugo (SÃO)
Gols: Hernanes, 25'/1ºT (0-1); Petkovic, 20'/2ºT (1-1); Zé Roberto, 35'/2ºT (2-1)
Flamengo: Bruno, Everton Silva, Álvaro (Welliton, 26'/2ºT), Ronaldo Angelim e Everton; Willians, Maldonado, Juan (Toró, intervalo) e Petkovic; Zé Roberto e Denis Marques (Bruno Mezenga, 11'/2ºT). Técnico: Andrade.
São Paulo: Rogerio Ceni, Renato Silva, Rodrigo e Richarlyson; Zé Luis (Borges 39'/2ºT), Jean, Hernanes, Jorge Wagner (Oscar, 36'/2T) e Junior Cesar; Dagoberto (Hugo, 14'/2ºT) e Washington. Técnico: Ricardo Gomes.
8 comentários:
Achei que, se não foi a melhor, foi uma das melhores apresentações do Flamengo do Andrade.
Apesar dos pesares (Denis Marques -- concordo com o que já disseram aqui, de ele ser parecido com o Obina do Flamengo deste ano; Everton Silva -- sempre um perigo; e o velho Juan -- que erra o passe e fica de maos pra cima reclamando do juiz e/ou dos outros), o time manteve-se quase sempre na pressão. Fora o gol e o lance do Hugo pra fora (graças a uma furada quase fatal do E. Silva), não vi SP ameaçar.
Teria sido injusto demais não ter vencido hoje. Os deuses do futebol foram justos.
Acho que o Andrade agora para de insistir com o DM (mas, convenhamos, o Mezenga não é grande coisa). Espero que pare tb de insistir em acreditar no Williams como meia ofensivo (concordo plenamente contigo nisso, André -- o problema é que o Fierro não aproveita as chances que tem).
O QUE ME PREOCUPA É O ALVARO ,SEM ELE AQUELA ZAGA PODE VOLTAR A SER ESTAVEL.
Olha, nunca concordei tanto com uma análise. Perfeito: Fla foi melhor, o primeiro tempo do time foi melhor, Pet e Zé foram os melhores e Andrade demorou muito a tirar o DM. Ainda bem que no Palestra Itália Adriano está de volta.
Uma pena a fratura do Everton. Por "sorte", Juan está voltando, o que minimiza o problema, embora a ausência do Everton precise ser lamentada, já que ele vinha jogando bem. Quanto ao Álvaro, torçamos para que não seja nada grave, senão voltaremos à defesa-peneira do início do campeonato.
Mas é isso aí, faltava uma vitória sobre um time mais poderoso pra mostrar que o Flamengo melhorou muito nesse returno (já podia ter sido contra o Inter lá, não fosse o dilúvio). Méritos pro Andrade, que aguentou o pior momento (sequência Grêmio-Cruzeiro-Avaí), recuperou Zé Roberto, confiou em Petkovic e acertou o setor defensivo, apesar das falhas mais recentes (convenhamos, são apenas 4 gols sofridos em 8 jogos, média fabulosa).
Ainda tá difícil chegar no G4. Na verdade, acho até que chega em um momento, o complicado vai ser ficar nele, porque o time não tem gordura: se vier nesse ritmo com invencibilidade, alcança o G4, mas com uma ou duas derrotas, pode sair do grupo no pior momento, que é, óbvio, as últimas rodadas.
O que me dá esperança é que o time é melhor do que o de 2007 e está jogando bem há muito tempo. Está crescendo no momento certo.
Aliás, o que é o SPFC? Jogou feito timinho, retrancado e cometendo faltas absurdas. O gol foi uma belíssima jogada - facilitada pela defesa, claro - mas a equipe estava muito acovardada, saindo só depois do gol de empate. Decepcionante. O Vitória foi um adversário muito mais difícil e valente. Duvido que o São Paulo consiga o hepta.
Marcelo, ainda acho que o Fierro é melhor ali que o Williams.
Agora, acho que o Andrade insistiria nesse time aí, com o Juan de meia, se o Éverton não tivesse se machucado. Incrível, aliás, o azar do Flamengo com contusões nesse campeonato.
Com tantos goleirões aí na série B ou na reserva de grandes clubes, não sei porque o FLA perde tanto tempo com o Bruno. Um goleiro sem nenhum carisma medianao que tem falhado em quase todos os clássicos. jamais esquecerei que venderam o Renato Augusto para pagar esse mão furada.
E o Andrade precisou de uma oportunidade e vem dando conta do recado. Já convenceu a mim. Quanto a torcida, prefere nomes a resultados. Lembram do Caio Junior? Nem quero lembrar aquele traste. Tá melhor e mais barato que o paizão Joel lá da Africa do sul.
O Bruno merece outro cascudo pela falha no gol. Ou merece cascudo nenhum porque de virada e´ que os bambis gostam.
Saudaçoes rubronegras!
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