Como foi a última passagem de Andrade como técnico do Flamengo

Andrade, novo técnico do FlamengoAgora é oficial: Andrade foi efetivado como técnico do Flamengo. A minha opinião vocês já conhecem: é tudo uma questão de momento e de custo. Considerando os técnicos disponíveis no mercado e a caótica situação financeira do clube (que levou agora a uma ação do Atlético de Madrid proibindo o Flamengo de vender qualquer jogador sem sua autorização, enquanto não pagarem uma dívida ancestral pelo passe de Gamarra), não valeria a pena pagar um salário tão alto assim aos possíveis pretendentes ao cargo.

Não que eu ache que Andrade possa ser considerado um técnico melhor do que um Vagner Mancini, por exemplo - não, eu não acho, e desculpem se por acaso eu passei esta impressão antes. Mas Andrade (um de meus ídolos, nome de um dos volantes do glorioso time de botão do André Atlético Clube, ao lado de Adílio) tem a vantagem não só de ser mais barato, como também de conhecer não só o elenco, mas o funcionamento das coisas lá na Gávea. Esse conhecimento do caminho das pedras por lá pode fazer diferença, em ano de eleição e com um elenco tão cheio de vontades quanto o atual rubro-negro. E, afinal, o principal agora é conseguir sobreviver sem grandes sustos até o fim do ano. O que vier além disso é lucro.


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Mas é bom a galera segurar a empolgação com a "pele rubro-negra" e o bom início de Andrade, ao menos por enquanto - nada disso é garantia nenhuma de que o cara vá conseguir dar conta do recado. Peguemos como exemplo a última vez em que Andrade assumiu pra valer como técnico do Flamengo, em 2005. Vejam bem: foi o péssimo desempenho do time sob seu comando que acabou dando na volta de Kléber Leite ao Flamengo. Esperemos que não aconteça desta vez desastre semelhante.

Antes disso, o ex-volante já havia sido interino algumas vezes. Em 2004, chegou a comandar o time por 7 jogos no fim do Brasileiro, com 3 vitórias, 3 empates e 1 derrota (dolorosa: 6x1 pro Atlético-MG). Foi o bastante pra livrar o time do rebaixamento, com uma goleada de 6x2 sobre o Cruzeiro na última rodada, em Volta Redonda, no jogo em que Felipe fez um golaço e, na comemoração, jogou a camisa no chão e mandou a torcida, bem, ir mais pra lá.

Mas sua passagem mais longa foi no Brasileiro do ano seguinte. Andrade assumiu o time em péssima situação após a queda de Celso Roth, que não só tinha resultados ruins como ainda armava o time em retrancas inacreditáveis. Andrade estreou com vitória e manteve o time invicto por 7 jogos (2 vitórias, 5 empates).

El Tigre Ramirez
Porém, a partir da derrota de 3x1 para o Corinthians (em um jogo logo após a explosão do escândalo Edílson com arbitragem esquisitaça, que expulsou Augusto Recife logo no primeiro tempo sem critério algum), a coisa desandou totalmente. Eram tempos duros, em que o Flamengo não tinha o Maracanã - jogava na Arena Petrobras, montada com arquibancadas tubulares na Ilha do Governador -, trouxe El Tigre Ramirez como salvador do ataque e convivia com nomes como Josafá, Marcelo Moscatelli, Fábio Júnior, Fabiano Oliveira e Róbson. A partir daquele jogo contra o Corinthians, veio uma sequência de 5 derrotas em 6 jogos, incluindo uma goleada vexaminosa de 6x1 para o São Paulo, em casa.

Andrade caiu após a derrota para o Vasco, em São Januário, por 2x1. Kléber Leite chegou para assumir o futebol, junto com Hélio Ferraz, e trouxe Joel Santana para salvar o time do rebaixamento - que eu pelo menos achava inevitável na época, quando olhava a classificação do campeonato e a tabela pela frente. Prometeu-se uma grande premiação aos jogadores pela salvação, o time entrou naqueles esquemas de concentração permanente e Joel fez mudanças no time - colocou André Santos, que estava no banco, como titular da lateral esquerda, recuou Jônatas para a posição de quase líbero, deu a vaga de segundo volante para Júnior. E o time escapou da série B até com surpreendente tranquilidade, com um aproveitamento impressionante.


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Bem, para aqueles que eram contra a permanência de Andrade por medo de vê-lo sendo vaiado se as coisas derem errado, de ver um ídolo sendo queimado com a torcida, ou até de vê-lo perdendo o emprego que tem hoje garantido por lá, aquela passagem de 2005 mostra que essas coisas não são tão definitivas assim. Os resultados horrorosos da época não impediram que o histórico Andrade permanecesse na Gávea até hoje e ainda tivesse agora a moral que tem com tantos torcedores.


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Vejam bem: não estou dizendo que vá dar errado. Não sou maluco - disse aqui que não via com maus olhos a efetivação de Andrade e estou até satisfeito. Mas ele tanto pode ter sucesso, como teve relativamente em 2004, como pode ir mal, como aconteceu em 2005. É uma aposta; o meu ponto era que, hoje, qualquer outra escolha também seria incerta. E esta aposta me parece mais ou menos tão arriscada quanto as outras - e mais barata e simpática.

E, bem, o elenco de hoje e a situação do time me parecem bem melhores que em 2005. O cenário, hoje, é bem mais favorável. Que Andrade consiga aproveitar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom, o grande diferencial daqueles dias para hoje, é exatamente o grupo estar unido em torno dele. Assim, se forem capazes mesmo de "dar a vida" pelo treinador, então, podemos ter esperanças de dias melhores.

Erivelto

AF Sturt Silva disse...

André ,agora já foi ,temos que ser otimista e opoiarmos.
SRN!!!

Folha disse...

O elenco desse ano é medíocre, o que já é uma enorme vantagem sobre as ultimas passagens dele como treinador do time principal.

E como eu havia dito antes, pra quem é, Andrade está muito bom!!