Não é mole não

Já que hoje o que bombou no blog foi um texto sobre torcedores que se uniram pra tentar levantar o Fluminense, vou passar a outro grupo que se uniu para tentar resolver o problema de outro grande do Rio - do qual até já tratei por aqui.

Li hoje, do Twitter do Grupo Matriz (um pessoal que toca diversas casas noturnas e bares aqui do Rio) a seguinte mensagem: "vascainos de plantao, hoje tera a festa Amo o Vasco no Teatro Odisseia". Curioso, fui perguntar a um amigo vascaíno se ele sabia do que se tratava - e era o que eu imaginava: uma iniciativa do Amigos do Vasco para levantar fundos pra pagar as dívidas do clube.

Como já escrevi por aqui, o Amigos do Vasco é uma união de gente grande (empresários, executivos, advogados), dedicados a levantar dinheiro para pagar os enormes débitos do Vasco. Na época em que falei deles pela primeira vez, haviam conseguido R$86 mil em doações em 16 dias úteis - isso até o fim de março. Fui olhar agora como estão os resultados - e eles conseguiram juntar até o momento quase R$160 mil. O ritmo está meio complicado pra quem pretende pagar algo em torno de R$190 milhões em dívidas.

Além de pedirem doações em conta corrente aos torcedores (apenas dando números das contas - ainda não conseguiram um jeito das pessoas contribuírem online, sem ser por transferências nos sites dos bancos), o pessoal organiza eventos beneficentes em prol da causa - como este de hoje à noite, com um show de Paulinho Mocidade numa casa com capacidade pra cerca de 600 pessoas. Antes, fizeram um show com Chico Anysio, que arrecadou R$12.460; e um com Fernanda Abreu, numa segunda à noite, que deu preju de quase R$5 mil, coberto pelo presidente da associação com sua própria grana.

Como se vê, mesmo com um movimento organizado e encabeçado por gente de peso, não é com caridade que o Vasco vai conseguir dar o passo definitivo pra sair do buraco em que se enfiou. É mais fácil confiar mesmo em coisas como o Sócio-Torcedor - que, na empolgação inicial, já conseguiu atrair mais de 23 mil vascaínos, um número acima da lotação de São Januário para um programa em que o maior benefício, fora o direito a voto para algumas categorias, é justamente desconto e preferência de compra nos ingressos de jogos. A receita mensal com o programa, em se mantendo essa base, já é acima de R$500 mil por mês só com as mensalidades, ou R$6 milhões por ano.

O sucesso inicial da campanha, que é bem simples, é inegável. O desafio pra Fábio Fernandes e equipe vai ser conseguir fidelizar essa galera - mantê-los pagando as mensalidades ao longo dos meses, nos períodos de férias, nas épocas em que o time estiver em baixa em campo. É aí que têm que entrar as promoções, a rede de descontos, enfim, as ações pra manter o pessoal que entrou por conta do futebol interessado mesmo quando os jogadores não estiverem dando muitas alegrias.

2 comentários:

Folha disse...

Fica nítida uma certa miopia na hora de escolher as atrações.

Passei em frente ao Odisséia ontem, por volta de 1:30 (horário de pico), as portas da frente estavam escancaradas e dava pra ver que a lotação não estava nem perto do que a casa costuma colocar.

André Monnerat disse...

Às vezes não é questão de miopia na hora de escolher - e sim de quem eles conseguem convencer a tocar de grátis pelo Vasco...