Os outros times do Rio, fora de campo

Enquanto o Flamengo vive dias pra lá de complicados em seus bastidores, os seus rivais, que andam com a situação de grana tão ruim quanto as da Gávea, andaram tendo notícias melhorezinhas quanto ao que acontece fora de campo nos últimos dias.



O Vasco lançou esta semana o seu novo programa para atrair sócios. Com preços a partir de 20 reais, descontos e prioridade na compra de ingressos para os jogos, área exclusiva no site oficial, possibilidade de votar nas eleições em alguns dos planos e cadastro online. O projeto é bem simples, nenhuma invenção da pólvora, mas conseguiu mais de 9 mil adesões em 48 horas e está agora em quase 13 mil - a meta para até o fim do ano, de 10 mil, já foi ultrapassada com folgas. É o primeiro efeito mais visível da chegada de Fábio Fernandes para comandar o marketing do clube.

Fábio Fernandes, pra quem não sabe, é presidente e diretor de criação da F/Nazca, uma das principais agências de publicidade do país, dona das contas da Skol, da Nike, do Unibanco, do Carrefour. O cara ganhou inúmeros prêmios - 43 leões no Festival de Cannes, 2 vezes Publicitário do ano, melhor executivo de marketing de 2000 para o jornal Valor Econômico, um dos 100 melhores executivos de comunicação e marketing do mundo para a revista americana Ad Age. Trata-se do profissional de marketing de mais nome a assumir um clube brasileiro até hoje. E aí fica a curiosidade pra ver do que será capaz - se for bem sucedido, pode acabar criando novos padrões a serem alcançados por todos os outros clubes. 

Ele não é remunerado; está assumindo como voluntário, para montar a estrutura profissional do departamento em São Januário. Ele diz que sua presença lá é justamente a prova da falta de profissionalismo no futebol - "isso só mostra que eu fiquei louco por uns minutos e aceitei uma coisa que não pode decepcionar os meus próprios sentimentos" -, e que, devido aos compromissos em sua empresa, continuará vivendo em São Paulo e deverá estar pouco presente no clube ao longo do tempo, deixando o dia-a-dia nas mãos da equipe profissional que está montando. Mas, neste primeiro momento, está participando mais de perto e, pelo que eu soube, o pessoal que trabalha com ele em sua agência está impressionado com sua empolgação com o projeto. No Globo, em entrevista publicada na edição impressa semana passada, ele falou da necessidade de tratar o torcedor como cliente e de como espera usar São Januário para captar recursos, transformando os jogos em eventos cheios de possibilidades de ações de parceiros e patrocinadores.


O Botafogo, que trocou a marca do seu fornecedor de uniformes (da Kappa passou para a Fila, administrada pelo mesmo grupo no Brasil), anunciou a intenção de usar vendedores ambulantes para vender as camisas oficiais nas arquibancadas de seu estádio e, mais pra frente, também nos lugares onde o time jogar fora de casa. Uma ideia extremamente simples, até óbvia, e boa. No Maracanã, por exemplo, desde o sumiço da carreta da Roxos & Doentes (que só deu as caras em um jogo, no primeiro turno do ano passado), não há a opção de comprar produtos oficiais do Flamengo nos dias em que o time está jogando. E, ao mesmo tempo, reclama-se da concorrência dos piratas...


E o Fluminense solta a notícia de que construirá seu CT para os profissionais até o final do ano, com ajuda da Unimed. Estão apenas escolhendo o terreno para começar as obras, que durariam entre 90 e 120 dias. Parece até incrível que algo assim se resolva com tanta agilidade - é esperar pra ver. O Flamengo, vocês lembram, anunciou no ano passado que teria o Ninho do Urubu pronto até o fim de 2009, graças a recursos da Lei do Incentivo ao Esporte (falei disso no blog no fim do ano passado e no início deste ano - leia aqui, aqui e aqui). Mas como o clube escolheu dar outro destino ao seu dinheiro em vez de pagar os impostos em dia, ficou sem a chance de captar os recursos, já que a lei impede isso para quem está devendo ao Estado. A lei poderia ser usada também, por exemplo, pra captar recursos para os esportes amadores, como muitas instituições do país já fazem. Mas... no balanço de 2008, são R$13 milhões de impostos devidos pelo Flamengo.

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