O bolo da TV

Há um tempinho, coloquei no clipping comentado uma notícia sobre a briga que o Flamengo, junto com São Paulo e Corinthians, vem tendo para mudar o modelo de distribuição das receitas de TV. No momento, o Clube dos 13 já tem assinada a renovação do contrato atual com a Rede Globo, mas sem a participação dos três dissidentes. Boa parte do problema, pelo que se comenta, está no fato de que estão incluindo no mesmo bolo a transmissão dos jogos por internet e celular, dois nichos que tendem a crescer muito nos próximos anos.

Fala-se na possibilidade do Flamengo e seus aliados realmente não terem seus jogos em TV aberta. Assim, só aqueles com TV por assinatura ou pay-per-view teriam estes jogos. O colunista de TV Daniel Castro, da Folha, publicou a notícia de que a Globosat estaria oferecendo no novo contrato uma remuneração proporcional ao número de torcedores de cada clube assinando o pay-per-view, o que teria animado os clubes de maior torcida.

Eis que saiu agora uma primeira pesquisa sobre as preferências clubísticas dos assinantes deste pacote. Não é surpresa o fato de que o Flamengo lidera o ranking, com 15% dos assinantes - dentro da margem de erro do que as pesquisas do Datafolha apontam para o tamanho da torcida rubro-negra (na última, o Flamengo tinha 17% da população). Imagino que o marketing rubro-negro, ao calcular a fatia do bolo que pretende ganhar, não tenha projetado nada de muito diferente disso aí.

Por outro lado, o levantamento deu margem a que outros clubes questionem o porquê de ganharem percentagens menores dos contratos. O Corinthians aparece em segundo, com 12% (por coincidência, exatamente a percentagem da população que o Datafolha projeta para a sua torcida) - mas empatado com o Fluminense, que não é dos clubes mais privilegiados na divisão da grana. Abaixo estão São Paulo, com 8%, e Grêmio e Internacional, com 7%. Vasco, Palmeiras e Santos, que hoje são mais privilegiados na divisão do bolo da TV aberta, aparecem abaixo dessa turma.

A discussão é pra lá de importante no orçamento dos clubes. O Flamengo, hoje, assinou um senhor contrato com a Olympikus e vem lutando para aumentar suas outras receitas - mas no balanço de 2007, ainda era a TV quem mais dava dinheiro ao clube, com 28 milhões de reais no ano (a receita bruta geral do futebol foi de 71 milhões - ou seja, a TV foi responsável por 39% do total, o dobro do arrecadado com a bilheteria dos jogos, em um ano em que o clube foi o grande líder em média de público). Em outros clubes, o peso é ainda maior. O Fluminense, por exemplo, ganhou bem menos da TV - 17 milhões -, mas a percentagem sobre o total de sua receita anual com o futebol (39 milhões) é maior: 43%.


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Claro que é bom considerar que especialmente Flamengo e Corinthians sempre tiveram uma enorme porcentagem de seus jogos sendo transmitidos pela TV aberta, o que desestimula seus torcedores de assinarem os pacotes de pay-per-view. Pode ser que, se os três aliados realmente baterem o pé na intenção atual, a divisão de torcidas no universo do ppv tenha alterações significativas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Teste

ROD disse...

Parabéns pelo blog. Gostei.
Ótimo texto.
Voltarei outras vezes.

Um abraço,
Rod