É o cara

Minha pequena homenagem aos 60 anos de Zico.



Em um ponto, tenho uma certa inveja de meu pai.

Zico representa o talento, a excelência técnica. É o jogador mais completo que eu vi jogar: fazia muitos gols (era artilheiro sem ser centroavante), dava assistências (não só era artilheiro, como fazia os atacantes que jogavam com ele serem também), driblava curto, driblava em velocidade, lançava, cabeceava, usava os dois pés, era um mestre nas bolas paradas. Quer mais o quê? A galerinha que joga futebol no video game hoje em dia ia vibrar vendo a pontuação dele em cada quesito.

Zico representa a dedicação. Ele não era bom daquele jeito de graça. Ao talento, somava-se muito, muito trabalho. É famosa a história de que, depois dos treinos, ele pendurava uma camisa no ângulo de uma das traves do campo da Gávea e ficava lá, treinando e tentado derrubá-la lá do alto.

Zico representa a determinação. Depois de sofrer uma gravíssima contusão, que fez surgirem dúvidas até se voltaria a andar normalmente, com cirurgias em uma época em que a medicina esportiva era muito mais atrasada, ele lutou contra as dores que nunca o abandonaram para voltar a jogar. E ainda levou o Flamengo a mais um título brasileiro depois disso.

Zico representa o respeito e a esportividade. Nunca foi desleal em campo, nunca menosprezou os adversários ou suas torcidas fora dele. No jogo de despedida do ídolo de um dos maiores rivais, vestiu a camisa do Vasco para homenagear Roberto Dinamite. Antes, ninguém tinha estranhado muito quando a diretoria deste mesmo rival, famosa por provocar e falar em ódio ao Flamengo naquela época, o homenageou com uma placa ao final de sua carreira. É o tipo de coisa que Zico inspira.

Zico representa o companheirismo. Aqueles que jogaram com ele são unânimes em dizer que, mesmo sendo a estrela da companhia, nunca gozou de qualquer privilégio além de seu alto salário, nunca pediu algo apenas para si próprio. São unânimes na admiração e até na gratidão. Há os que choram ao falar do cara.

Zico representa a cidadania. Ainda jogador, militou no sindicato de sua classe - obviamente mais preocupado nos direitos dos outros, que não gozavam de seu status. Já fora de campo, em vez de esquecer o assunto, trabalhou no governo para formatar uma lei que melhorasse as condições de trabalho dos colegas  de profissão. Hoje, está de volta à causa.

Zico representa a simpatia. É gente boa, sorriso fácil, divertido de ouvir. Requisitado o tempo todo, atende todo mundo de maneira incansável, a ponto de alguns até abusarem. Sou testemunha do caos que sua presença é capaz de causar mesmo em prédios acostumados a receberem astros do futebol os mais diversos.

É mole ou não é, para um pai, encaminhar seu filho ao rubro-negrismo não só em uma época de grandes vitórias, mas também tendo em campo um símbolo como este, que transmite valores que são tudo o que você quer que sejam valorizados? Meu pai teve isso.

(Tenho certeza que a média de crianças chamadas "Arthur" é bem maior entre as que têm pais rubro-negros. Eu tenho um Artur aqui em casa - que, embora as pessoas não costumem acreditar, não teve seu nome sugerido inicialmente por mim. Mas não precisei ser convencido, também.)

Infelizmente, por um bom tempo o Flamengo não só andou tendo dificuldades para ganhar títulos, mas também teve "ídolos" que nem sempre transmitiam exatamente o que eu gostaria que meus filhos admirassem. Tomara que a atual diretoria e as próximas percebam isso: que mais do que a estátua, a maior homenagem a Zico será tomar como norte para o clube os valores que ele sempre inspirou.

Ele é o cara. Sou só mais um a desejar feliz aniversário.



10 comentários:

Carlos Alexandre Monteiro disse...

Assino embaixo, André. Belo texto, cara. Abração e Saudações Rubro-Negras! Abraço, Carlão//

lussiannosousa disse...

Mais alguém achou absurdo ou foi só eu mesmo? Cara, surreal o que EE fez. Como um repórter tem a coragem de colocar o Vagabundo Gaúcho pra falar do Zico?? Sério, isso não é falta de senso, é deboche mesmo. Um é a antítese profissional do outro. Que escárnio.

Marcos André Lessa disse...

André, vc conseguiu fazer um resumo da vida do cara de maneira que mostra bem por que Zico é tão festejado. E no vídeo dá pra ver as outras qualidades como passes mega difíceis e precisos, além de dribles que hoje em dia renderiam milhares de replays. Também da pra perceber que o elenco do Fla 81 era qualificado. Barone, o Anselmo jogando o fino, além do Tita.

Marcelo Constantino disse...

Muito bom, André. Mais que os parabéns, meu muito obrigado ao Zico.

A valeu mesmo por recordar esse belíssimo momento do Mozer. Eu tinha (tenho?) essa fita em VHS.

Luis disse...

André, sou sortudo. Assisti a um monte de jogos do Zico no RJ da arquibancada a partir de 78, e tenho um filho de 12 anos que idolatra o Zico quase tanto quanto eu.

flages disse...

Também tive esta felicidade.

A propósito, meu filho de 10 anos também se chama Arthur. Só que, como nasceu gaúcho e sempre morou em Porto Alegre, virou colorado... mas se fosse na época do Zico, com certeza seria rubro-negro, mesmo sendo gaúcho.

Pai Xoxó disse...

Chora mulambada hahahahahahah
http://ahhtahh.blogspot.com.br/

Zico você nunca foi NADA!!!!! Ganhou uma liberta no tapetão e um mundial comprando o goleiro!!

Cadê a estátua do José Roberto Wright verdadeiro Heroi flamenguista da Libertadores

Pai Xoxó disse...

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