Estadual 2013 - Taça Guanabara - 3a rodada - Flamengo 1 x 0 Volta Redonda

É torcer para que o desenho que Dorival está rascunhando agora faça sentido daqui a algum tempo.



Quando chegou ao Flamengo, no meio do Brasileiro do ano passado, Dorival Júnior resolveu armar o Flamengo com três atacantes, com os dois abertos recuando para ajudar a marcação. Não tinha jogadores para isso; os pontas titulares eram Negueba e Thomás e, quando um dos dois não podia jogar, ele precisava mudar o esquema por absoluta falta de reservas. Durou pouco e o treinador foi mudando o jeito de arrumar a equipe em campo.

Mas 2013 começa com Dorival repetindo a tentativa. Novamente, não tem jogadores disponíveis para isso. A verdade é que o elenco rubro-negro hoje não tem um único atacante com nível para ser titular de uma equipe que pense em disputar um Brasileiro em bom nível. Mas o treinador imaginou um esquema em que precisa não de um, mas de três.

É uma questão de planejamento. Todo mundo sabe que o time do Flamengo que tem entrado em campo até agora não é o que vai durar até o final da temporada. Ao que parece, Dorival está preferindo acostumar os jogadores do resto do time ao esquema que quer usar nos próximos meses; assim, quando os titulares das posições ultracarentes de hoje puderem jogar, os demais já estarão preparados para recebê-los, sabendo o que fazer em campo.

Considerando que o Estadual é a competição que menos importa no ano, a ideia faz todo sentido, apesar de contar com uma dose de paciência da torcida que talvez ela não tenha, se os resultados começarem a ser muito ruins. Mas é questão de ver quem serão e como vão se sair estes jogadores que ainda vão entrar. Se Dorival está armando o time deste jeito agora, deve saber o que pediu de reforços aos dirigentes e o que lhe prometeram que ainda lhe será entregue. Hoje, dá pra ter o palpite de que Carlos Eduardo e Gabriel, já contratados, entrarão nos lugares de Nixon e Rafinha. Ambos são, na verdade, apostas e nenhum dos dois é realmente atacante, mas podem até funcionar. Se derem certo, ainda faltariam ao menos dois reforços, que melhorem o poder de ataque e criação, para ter um time titular (não estou nem falando das famosas "peças de reposição" para o elenco) razoavelmente bem servido para uma campanha digna no Brasileiro.

Por enquanto, o que resta é assistir ao Flamengo que está entrando em campo neste início do ano tentando ter em mente que não é um time que estamos vendo, mas sim um rascunho de time. E imaginar que o desenho completo que está na cabeça do treinador faça sentido.


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Contra o fraquíssimo Volta Redonda, que facilitou muito sua vida com uma quantidade enorme de erros de passe, o Flamengo até criou muitas chances e poderia ter vencido sem o perrengue de contar com um gol em lance acidental no último minuto. Mas faltaram qualidade na conclusão e opções de jogadas além das combinações entre os pontas, especialmente Rafinha, e os laterais. Além da dificuldade de contar com Hernane para fazer o pivô, Elias - que foi discreto na estreia e apareceu bem mesmo apenas em um grande passe para Rafinha - não encontrou sua melhor posição e não se entendeu muito com Íbson, que em tese seria quem mais deveria lhe ajudar a armar jogadas por ali. Fora isso, se o meio-campo for inteiro para o ataque como fez ontem contra adversários melhorezinhos que virão, será difícil acabar sem levar gols.

Dos de frente, não boto a menor fé em Nixon e Hernane. Rafinha parece ter potencial e até teve bons momentos, mas ainda precisa ganhar físico e maturidade para escolher e executar melhor a conclusão das jogadas que cria. No final da partida, já cansado, ele tentava resolver a partida sozinho em seguidas jogadas individuais que acabavam com ele no chão - fosse sendo tocado pelo adversário, fosse tropeçando sozinho.

E houve ainda a estreia de João Paulo na lateral esquerda. Um jogo só, e contra o Volta Redonda, é pouco para avaliar o cara. Mas ao menos ele mostrou que bate bem na bola e pode ser uma boa opção até para faltas e escanteios.





27/1/2013 - 17h - Flamengo 1 x 0 Volta Redonda
Moça Bonita - Rio de Janeiro, RJ

Renda e público: R$ 56.600 / 3.435 pagantes pagantes


Árbitro: Rodrigo Nunes de Sá (RJ)
Auxiliares: Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa( RJ) e Daniel de Oliveira (RJ)
Cartões amarelos: Renato Santos (FLA); Dudu, Frontini e Jancarlos (VOL)

Gol: Hernane, 48'/2ºT (1-0)

Flamengo: Felipe, Léo Moura, González, Renato Santos e João Paulo; Cáceres, Ibson (Cléber Santana, aos 19'/2ºT) e Elias (Renato, aos 33'/2Tº); Nixon (Thomás, aos 19'/2ºT) , Rafinha e Hernane. Técnico: Dorival Júnior.

Volta Redonda: Gatti; Jancarlos, Leonardo Luiz, André Alves e Edu Pina; Dudu, Zé Augusto, Rafael Granja e Adriano Felício (Bruno Barra, aos 20'/2ºT; Léo Andrade (Geraldo, aos 9'/2ºT) e Frontini. Técnico: Alfredo Sampaio.



5 comentários:

Luis disse...

André, o Carioca deve sim ser usado como laboratório para o resto do ano, mas o Dourival já esgotou (pelo menos a minha) paciência.

Aproveito o teu texto de hoje para relembrar como quando criança e adolescente me arrisquei(década de 70 principalmente) indo ao Maraca com mais de 120 mil pessoas (em vários jogos deve ter passado fácil dos 150 mil incluindo os penetras). Era um empurra-empurra danado antes, durante e depois dos jogos. Várias vezes eu quase fui esmagado. Só Deus sabe como uma enorme desgraça não aconteceu no passado como a deste final de semana. Nâo tenho ido muito aos jogos em estádio desde que aqeuele pobre infeliz depencou da arquibancada do Maraca, mas espero com o coração na mão que os riscos relacionados a segurança que nós todos corremos no passado sejam reduzidos a zero no novo Maraca.

LuksAlves disse...

Bela análise André, mas só uma coisa, paciencia com o Dorival, se for escalar o time favorecendo as posições que tem mais gente, jogariamos em um 4-6-0, com 4 zagueiros, e 6 volantes, já que são as duas unicas posições que não podemos chamar de carente (talvez pela qualidade sim, mas pela quantidade, não) hoje a gente n tem laterais, meias e atacantes. Porém concordo que essa não é uma escalação das mais acertadas, acho que Dorival conta muito com Gabriel e Cadu (CE10 não da neh?), e não se pode contar muito com eles pois, um jogou 16jogos em 2 anos, o outro não tem uma boa resistencia muscular pela falta de preparo de categoria de base (ja que não teve).

Gabriel Folha disse...

Tudo que tem acontecido fora de campo é interessante, mas espero que reflita, em algum tempo, dentro de campo.

Que sejam os ultimos meses em que jogadores do nível do Hernane e Nixon façam parte do elenco.

Não há problema financeiro que justifique escolhas tão ultrajantes como essas!

lussiannosousa disse...

Pqp, eu tinha certeza que o Rafinha tinha, no máximo, 17 anos - e recém completos. Como esse menino chega aos 19 - depois de quase 3 anos no Flamengo - mirrado desse jeito?

Luis disse...

Na Arena novinha do Grêmio aconteceu em parte (graças a Deus)o que eu levantei acima. O problema não é só de falta de estrutura. Tem é muito animal espalhado nas organizadas.