O desafio de fazer o Flamengo funcionar como time

Segredo para vencer hoje o Coritiba e melhorar nas rodadas seguintes é tentar formar um conjunto que minimize as fragilidades do elenco.



Dorival Júnior parece ter mesmo se convencido de que o antigo esquema com dois pontas abertos não é a melhor opção para o time. Ele mesmo afirma que é o sistema que queria usar, mas para funcionar precisaria encontrar os jogadores ideais para a função. É o que eu pensava desde o início: nada contra a tática em sim, mas o elenco atual do Flamengo não tem gente para colocá-la bem em prática.

Hoje ele vai repetir o 4-4-2 da derrota para a Ponte Preta - e é bom mesmo insistir em uma ideia, pra dar tempo dela começar a funcionar -, mas com mudanças. Liédson, por exemplo, foi titular no último jogo e, neste, não fica nem no banco. É algo no mínimo esquisito. Negueba volta a ser titular, o que nunca é animador. Íbson, que vem jogando muito mal e pra mim é jogador da mesma posição que Luiz Antônio, segue titular.

Mas provavelmente mais importante que a escolha dos jogadores é fazê-los funcionarem como conjunto e se movimentarem para jogarem juntos, em vez de depender sempre de iniciativas individuais isoladas como vem acontecendo desde muito antes do atual treinador chegar. Pego como exemplo este lance, o segundo gol do Fluminense contra o Santos, na última rodada:



Quando o lateral Carlinhos pega a bola na ponta, o meia Wagner ultrapassa e se aproxima para fazer uma jogada combinada. Ele recebe e Carlinhos já passa para receber na frente, e a coisa assim se desenvolve. Nenhum dos dois precisou driblar ninguém ali pra levar vantagem sobre a marcação, nenhuma grande habilidade individual teve que aparecer para o lance acontecer. E, quando sai o cruzamento, os dois atacantes estão dentro da área para concluir. Parece algo simples, certo?

Mesmo com o Flamengo jogando com dois pontas abertos, você é capaz de lembrar de um lance parecido que tenha saído entre um deles e um lateral? Não acontece. Se o ponta estivesse com a bola por ali, o lateral não passaria pra receber; se é o lateral com ela, o ponta também não se oferecia pra jogo. E as jogadas pelos lados ficam assim sempre dependendo do jogador acertar o drible pra cima do marcador, que já sabe que é isso o que ele vai tentar - já que é a única opção mesmo. É difícil dar certo

Pra funcionar assim, os laterais e os pontas teriam que ser realmente grandes jogadores, capazes de resolverem os lances sempre sozinhos. Está longe de ser o caso. É um exemplo de como os problemas individuais que o Flamengo tem - e tem mesmo - poderiam diminuir se o lado coletivo funcionasse.

Não sei o quanto Dorival está atento pra isso, mas não temos visto evolução neste sentido a cada jogo. E, agora, o tempo pra treinar tem sido mesmo curto.

Um comentário:

Luis disse...

É, André. A parada tá feia!!!