Na Libertadores, venceu quem quis vencer até o final

Fluminense e Vasco chegaram aos últimos minutos de seus jogos mais preocupados com o risco de perder do que em tentar ganhar.



Aos 40 minutos do segundo tempo de suas partidas decisivas, os confrontos entre Fluminense x Boca Juniors e Corinthians x Vasco se encaminhavam para a decisão por pênaltis. Em ambos, saiu vencedor o time que, àquela altura, ainda procurava manter a bola em seu ataque e tentar vencer o jogo, mesmo que mantendo seus cuidados.

Nas duas partidas, só o Fluminense mostrou clara superioridade sobre seu adversário durante um bom período - no caso, o primeiro tempo, em que o Boca teve uma atuação horrorosa e mal conseguiu trocar dois passes no campo de ataque, totalmente dominado pela marcação tricolor. Ainda assim, o time de Abel criou muito pouco e fez seu gol apenas em um lance de sorte (e falha do goleiro argentino). Na segunda etapa, o Boca voltou diferente e conseguiu ao menos equilibrar a partida. Tanto que, no final, era ele quem trocava passes e tomava mais a iniciativa de atacar. Desta vez, o "time de guerreiros" se viu surpreendido por outra equipe que, embora bem mais limitada, conseguiu colocar a cabeça no lugar e se reerguer em campo depois de um péssimo primeiro tempo para tentar a vitória até o último minuto, mesmo fora de casa.

Com certeza, fez falta ao Fluminense o pênalti não marcado na Argentina. Mas fez mais falta ainda a presença de Carlinhos depois de sua expulsão idiota e indiscutível naquela partida. E fizeram falta ontem, claro, Fred e Deco. Talvez o centroavante titular tivesse resolvido mais rapidamente a chance que Rafael Moura teve e desperdiçou no segundo tempo; talvez o grande armador do time tivesse dado os passes decisivos que faltaram para o time transformar o domínio que teve por tanto tempo em chances claras de marcar.

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Ao Vasco, fez falta o gol incrível perdido por Diego Souza, em grande defesa de Cássio. Mas fez mais falta o gol que não fez na primeira partida, em São Januário. Não falo do que foi anulado por impedimento discutível, mas sim daquele que Cristóvão nem quis tentar fazer, convencido de que o mais importante era não sofrer gol em casa e que o 0x0 era um bom resultado.

O jogo foi equilibrado no Pacaembu. Os dois times lutaram muito, o tempo todo. Mas fato é que, no final, quem estava tentando mais o ataque, fazendo mais esforço para levar a vaga no tempo normal, era o Corinthians. Àquela altura, o Vasco tinha recuado muito até mesmo para o gosto de seu treinador, que pedia em vão à beira do campo que seus jogadores tentassem trocar passes. O gol acabou saindo em uma bobeira incrível de uma zaga que não falhara até então, mas deixou um adversário subir totalmente livre, no meio da área, para cabecear. Basta ver o replay para perceber que Paulinho nem precisa se deslocar - ele está sem marcação desde o início.

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Tanto Vasco quanto Fluminense, mesmo eliminados, mostraram que têm bons times e que podem sonhar com boas campanhas no Brasileiro. Mas, hoje, dá pra confiar mais nisso para o time de Abel do que para o de Cristóvão.

Enquanto o clima nas Laranjeiras parece bom, com um elenco cheio de jogadores de nome que não reclamam quando vão pro banco ou são substituídos, a situação em São Januário é bem diferente. Já vimos mais de uma vez jogadores insatisfeitos ao saírem de campo, a relação da torcida com Cristóvão não é das melhores e até mesmo a situação financeira é mais complicada, com dificuldade para pagar os salários. Há muita coisa no Vasco para desestabilizar uma equipe que, desde o ano passado, fez de sua união a maior qualidade para chegar até onde não muitos imaginariam.

Mas vai que Ricardo Gomes resolve voltar?

Um comentário:

Luis disse...

Noite perfeita. Flu e Vasco fora. E de maneira dramática - melhor ainda!!!