Eis que surge uma antiga nova dívida de R$65 milhões para o Flamengo

O clube acha que os R$6 milhões para contratar Edmundo em 1995 eram doação. Só que a Justiça agora diz que não, numa história realmente esquisitaça.


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Me lembro que eu era sócio do Flamengo, dependente de meu pai, quando Kléber Leite teve seu primeiro mandato como presidente do clube. Era a época do centenário e um dos grandes projetos era a construção do estádio próprio na Gávea - ficou lá, por muitos anos, na entrada da sede, a maquete que nunca se tornou realidade. O estádio ficaria em cima de um shopping center, e este foi o ponto frágil da ideia: nos termos de cessão do terreno da Gávea para o Flamengo não estão previstos usos comerciais para a área, como aconteceria com o shopping. E foi isso que a indefectível associação de moradores do Leblon, que briga contra tudo que tentam construir no bairro - Shopping Leblon, obras no Estádio de Remo, estação de metrô... -, usou para barrar a construção.

Só que aqueles que tocariam o projeto e ficariam com a grana do shopping chegaram a adiantar dinheiro para o Flamengo na época, todo usado para comprar Edmundo. O projeto não saiu, mas o Flamengo não devolveu o dinheiro e passou a alegar que tratava-se de uma doação, e não de um adiantamento. A briga foi pra Justiça - que agora decretou derrota rubro-negra nos tribunais. E assim os R$6 milhões dos anos 90 se transformaram agora numa monstruosa dívida de R$65 milhões.

Ainda não é a última instância, cabe recurso. Mas valem duas observações aí. A primeira é que esta dívida não está computada nas centenas de milhões de reais registrados como dívida no balanço de 2010; como o próprio documento conta em uma nota explicativa, os conselhos do clube decidiram que o Flamengo não deve nada no processo e os assessores jurídicos acreditavam num desfecho favorável para o processo. Por que diabos os caras teriam doado este dinheiro para o Flamengo? Sei lá, mas pelo visto esta tese foi muito bem aceita dentro do clube. Assim, não há qualquer provisão no orçamento para a possibilidade de derrota neste processo.

E a segunda é que Plínio Serpa Pinto, ex-diretor de futebol do clube ligado a Kléber Leite, ao lançar-se candidato à presidência na eleição vencida por Patrícia Amorim, surgiu com uma carta do Consórcio Flamengo-Plaza dizendo que eles abririam mão da dívida caso ele se elegesse. Como assim? Por que só se ele se elegesse? Se tem mesmo tanta influência com os caras, o que Plínio Serpa Pinto poderia fazer agora para ajudar o Flamengo nesta situação?

R$65 milhões não é brincadeira.


Um comentário:

Eduardo H. Costa disse...

É verdade, eu lembro dessa do Plínio, André.

Mais uma presepada de rachar a cara de vergonha hein...

O pior que neguim empurrou com a barriga essa história até estourar na mão da Patrícia. Eu não gosto dela, mas seria tolice culpa-la.

Haja paciência.