O novo vice de Futebol do Flamengo é o vice de Marketing. E isso quer dizer muito puco.

Henrique Brandão pode até entender pouco de futebol ou de marketing, mas não é dele que devem cobrar resultados nos dois departamentos.


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Desde a saída de Zico que o cargo de Vice-Presidente de Futebol do Flamengo era acumulado por Patrícia Amorim (quem o ocupava antes era Vinícius França, que saiu na época junto com o Galinho). Não mais: Henrique Brandão, VP de Marketing, passou a ocupar também esta que, em tese, seria a mais importante vice-presidência do clube.

Parece um prêmio meio absurdo pelo desempenho do Marketing do clube, que não consegue há meses fechar um patrocinador, certo? Mas, na verdade, trata-se de um cargo hoje apenas burocrático. Brandão foi escolhido apenas para poder assinar papeis pelo departamento quando Patrícia está em outras ocupações. Todo mundo sabe que quem manda mesmo no futebol hoje é Vanderlei Luxemburgo, junto com o VP de Finanças, Michel Levy, auxiliados por Luiz Augusto Veloso, que está em cargo remunerado. Mas o estatuto exige que tenha lá um dirigente voluntário assinando e respondendo pela pasta.

Eu não gosto do modelo do técnico-dirigente. Também não sou lá muito feliz com a escolha de Veloso para dirigir o futebol e não entendo bem a sua função em relação à grande influência de Levy, o homem do dinheiro. Mas não me importo nem um pouco que o Futebol tenha como Vice-Presidente alguém com pinta de rainha da Inglaterra sem glamour, que não mande nada.

No duro, era exatamente isso que o Flamengo precisava na época da desastrada implementação do Fla-Futebol, ainda na gestão Márcio Braga. O presidente quis entregar a administração do departamento de futebol aos profissionais Júnior, José Maria Sobrinho e João Henrique Areias; só que, em vez de colocar como Vice-Presidente alguém alinhado com a ideia e que se conformasse a ficar em um papel totalmente secundário, nomeou Arthur Rocha - que era totalmente contra o modelo, minou a ideia desde o início e chegou a contratar Dimba à revelia dos profissionais, justificando-se com a declaração de que "o capitão não tem que dar satisfação aos marujos". E Márcio Braga assistiu a isso sem censurar seu VP, numa atitude com Júnior até pior que a de Patrícia em relação a Zico - embora, é claro, o simbolismo em torno de Zico seja maior.

Então é isso: se tem algum problema no departamento de futebol do Flamengo, podem crer que não tem muito a ver com a nomeação de Henrique Brandão como seu Vice-Presidente.


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Aliás, mesmo sua influência no desempenho do Marketing do clube tem que ser bastante relativizada.

Muitos - eu, inclusive - cobram que o Flamengo seja dirigido por profissionais em cada um de seus departamentos. A maioria dos setores do clube não funciona assim, mas não é o caso do Marketing. Lá, foi nomeado como Diretor Executivo Harrison Baptista, profissional vindo da Texaco, com experiência com patrocínios esportivos. De verdade, a responsabilidade de tocar o barco ali é dele, não de Henrique Brandão.

Na função de Brandão, ele nem precisa ser exatamente do ramo. Precisa, junto com a presidente e outros da diretoria, saber dar diretrizes e colocar metas para o departamento e cobrá-las do profissional responsável. Em tese o modelo é este, e está certo. Se os resultados não estão aparecendo, se o nome escolhido para ocupar a diretoria executiva não é o ideal - aí são outras discussões.

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Foi divulgado no Lance que a diretoria colocou em dia os impostos referentes ao mandato de Patrícia Amorim - a dívida seria de "apenas" um milhão de reais. Os outros R$51 milhões (fora os que estão incluídos na Timemania, uma quantia muito, muito maior) seriam todos referentes às diretorias anteriores.

Mas os balanços mostram que houve um crescimento da dívida de impostos de R17,8 milhões, ou 52%, entre 2009 e 2010. Pela matéria, deduzimos então que tudo isso não foi de novas dívidas, e sim de juros e multas em cima das antigas. De primeira parece muito, mas não sou especialista nem tenho acesso a dados mais específicos dessas dívidas pra poder ter uma ideia melhor do porquê de todo este crescimento.

Agora: se realmente este tipo de débito rubro-negro cresce tanto assim se deixam pra pagar depois, seria bom se usassem muito do dinheiro novo que está entrando para resolver a situação, ou a coisa vai ficar ainda mais inviável de se lidar.

Um comentário:

Luiz Filho disse...

Pedindo licença ao dono do blog gostaria de replicar e adaptar um comentário meu feito em um post do blog Ninho da Nação que se encaixa perfeitamente aqui. A discussão era sobre a perda do patrocínio da Sky para o Basquete do Pinheiros. Abaixo:

O que o Flamengo (de hoje) traz para a Sky? Nada!
O Que a Sky buscou com essa mudança? Profissionalismo!
Não existe no esporte brasileiro clube que seja mais profissional do que o Pinheiros (talvez o Minas). Falo de profissionalismo com resultados em diversos esportes não apenas no basquete ou vocês acham que no longo prazo essa parceria nãos erá estendida a outros esportes? Engana-se quem pensa que é mais barato patrocinar o Pinheiros, a verba é a mesma, o ganho é superior.
O Pinheiros vai ser o único clube da capital paulistana na próxima edição da NBB porque o Paulistano está fora e a capital financeira do país não poderia ficar sem um clube no NBB levando em consideração que será o clube da cidade, sem torcida contra e é sim uma forma de aumentar sua base no mercado mais importante do país. Golaço!

Tendo o Barcelona como exemplo, que deve ser seguido e adequado a realidade local, o clube catalão tem 6 patrocinadores masteres, eu disse 6 (sua fornecedora de uniformes, uma cervejaria, uma empresa aérea, um banco, uma empresa automobilística e uma fundação) e mais outros parceiros importantes como a Tv3 que paga pelos direitos televisivos e dá suporte a TV do clube, entre outros! Quantos deles estão na camisa do clube? Nenhum! Somente a partir da próxima temporada que o clube vai ter patrocínio na camisa pela primeira vez na história (a fundação). Fora isso tem a parceria da Unicef onde o clube paga, eu disse paga, para colocar seu nome estampado no “manto”. O ganho com a ação e outras com a Unicef é muito maior do que se recebesse por isso.
Por que isso? Porque há uma gestão profissional do clube que anda junto com seu marketing “vendendo” o clube e conquistando títulos. Quem quiser saber o que é gestão e títulos em um clube poliesportivo veja isso: http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2011/06/basquete-handebol-futsal-barca-coleciona-titulos-em-varios-esportes.html

O Flamengo hoje não tem um marketing eficiente que promova seus parceiros com ações extra quadra ou campo; não respeita seus patrocinadores quando não os expõe e não propõe (acordo) que seus atletas participem de campanhas na mídia. Alguém viu este ano algum atleta do Flamengo fazendo alguma ação ou comercial com algum parceiro neste ano? A Cielo é patrocinadora pessoal do Cielo, Cezar, não do Flamengo portanto não vale citações.
O proveito seria mútuo e hoje o Clube de Regatas do Flamengo só quer sugar esses patrocinadores e é por isso que está sem o patrocínio máster no futebol! Não sejamos ingênuos!
Fora isso cadê os patrocínios dos esportes olímpicos? Remo, basquete, ginástica, judô e natação são esportes tradicionais e tradicionalmente campeões no clube, e nem por isso alavancam patrocinadores e gestões especificas e independentes do futebol. O futebol carrega tudo!
Culpa do inexistente marketing do Flamengo que ainda dá de brinde a diretoria de futebol para o diretor de marketing acumular incompetência. Pode isso? No CRF pode!

Vou falar aqui o que falo com os meus amigos em conversas informais que não ajudam o clube, mas esse blog pode ajudar: o Flamengo é um clube de vocação poliesportiva e que não sabe lidar com isso. Futebol e esportes olímpicos podem andar juntos. Este aspecto é raríssimo no planeta, tanto que vou citar os únicos clubes que tem a mesma vocação do Flamengo sendo três sul-americanos e três europeus. Os sul-americanos não lidam bem com o fato e empurram com a barriga os outros esportes, os europeus fazem cada esporte ser rentável. São eles: Barcelona, Real Madrid, Fenerbahçe, Boca Juniors, Vasco da Gama (sim não vivemos sem nossos rivais e é bom que sejam gigantes porque é ótimo comercialmente) e CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO.
Acorde Flamengo!