O adversário do jogo de domingo

Como anda nesta temporada o Botafogo e o que esperar do time de Caio Júnior. Texto da coluna semanal no FlamengoNet.

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Quando Joel Santana saiu, a opinião quase unânime dos comentaristas foi de que a torcida do Botafogo vinha sendo dura demais com o treinador; com um elenco muito fraco, ele estaria "tirando leite de pedra" e não havia como exigir mais de seu trabalho.

É fato: o elenco atual do Botafogo é mesmo fraco - mais fraco do que aquele que chegou perto de uma vaga na Libertadores no Brasileiro do ano passado. A lateral esquerda ficou pior servida com a saída de Marcelo Cordeiro, pois Márcio Azevedo, contratado para o seu lugar, é muito ruim; e o time ficou muito mais pobre de opções ofensivas sem Jóbson, Edno, Renato Cajá e até mesmo Lúcio Flávio. Para o lugar de todos estes, chegou apenas Éverton, que não deu certo no México e só conseguiu se firmar no Flamengo quando foi improvisado na lateral esquerda.

Com isso, Joel havia voltado ao método que usou na conquista do Estadual passado: uma defesa fechada, marcando bem atrás; e, com a bola, apenas tentativas de bolas altas para Abreu, mais até para ajeitar pros seus companheiros do que pra fazer ele mesmo os gols. Só que a torcida alvinegra passou a achar isso pouco - e ficou ainda mais insatisfeita vendo seu time passando um perrengue sério mesmo nos jogos contra os pequenos do Estadual, inclusive nos jogos em que saiu vencedor.

Agora é a vez de Caio Júnior tentar a sorte, mas o pobre material humano disponível continua o mesmo. Nas quatro partidas sob seu comando, o time está invicto, mas não com um aproveitamento animador: foram três empates contra os fracos Paraná, Boavista e Resende e apenas uma vitória no último jogo, contra o Paraná. Este último 3x0 foi o bastante para que muitos analistas tenham a impressão de que o time "está em evolução", e realmente o time criou bem mais - inclusive com a bola no chão - do que vinha acontecendo. De elogiável, ao menos uma mudança de postura: se continua faltando poder de criação no meio, ao menos Caio Júnior adiantou sua marcação, para conseguir levar perigo ao adversário roubando a bola mais perto de seu gol.

No domingo, sem Márcio Azevedo, Caio Júnior vai escalar Somália na lateral esquerda - o que é uma melhora para o time deles, e deve servir para melhorar a marcação em cima de Léo Moura, uma das melhores armas ofensivas do Flamengo. Sou capaz de apostar ainda que ele vai usar Éverton mais pela esquerda do ataque do Botafogo, para atrapalhar ainda mais os avanços do lateral direito rubro-negro. Luxemburgo, de qualquer forma, já deve ter visto o adversário jogar e sabe que é Éverton o cara a ser marcado para que a bola chegue menos a Herrera e Loco Abreu; fora ele, o meio-campo botafoguense tem dois volantes que saem pouco pro jogo e Bruno Tiago, um meia que também já jogou de volante e chegou a General Severiano vindo do Madureira, com passagens anteriores por Americano e Sampaio Corrêa. É muito pouco e a única opção para mudar durante a partida é Caio, sempre mais preocupado em se atirar e reclamar do que em jogar bola.

Mesmo com tantas fragilidades no adversário, é bom o Flamengo tentar controlar o jogo e evitar que a bola fique demais em seu campo de defesa. Pois, bem ou mal, Herrera e Loco Abreu formam uma dupla de ataque enjoada e perigosa; se tiverem muita oportunidade de ter a bola e encarar nossa fraca dupla de zaga, podem complicar. E no jogo do primeiro turno, é bom lembrar, o Flamengo conseguiu apenas um empate. É bom lembrar que, dependendo dos resultados de sábado nos jogos de Olaria e Boavista, um novo empate pode ser mau negócio para os dois times.

Será ainda a oportunidade de conhecer um pouco melhor João Filipe, o zagueiro que o Flamengo tentou contratar junto ao Figueirense no início do ano e perdeu para o Botafogo. Ele vinha ficando mais no banco de reservas, mas agora ganhou com Caio Júnior sua vaga no time titular.

Um comentário:

Luis disse...

O Mengão tem um time bem melhor (apesar de ter jogador fraco e o time ainda estar mal arrumado), mas clássico é clássico.