Até onde a TV pode interferir em um campeonato?

Globo e Federação ignoram qualquer justiça esportiva e tiram arbitrariamente o mando de campo de uma equipe que luta para chegar à semifinal da Taça Rio. E quem liga pra isso?
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Estamos chegando aos momentos decisivos da Taça Rio. Se os clubes pequenos daqui fossem levados minimamente a sério, poderíamos dizer que a competição está emocionante: em cada grupo, são pelo menos quatro times brigando pelas duas vagas para a semifinal. Só que assistimos a um campeonato de mentirinha, que não tem nenhuma pretensão de fingir que dá condições iguais a todos de disputar suas colocações - como a Federação e a Rede Globo fizeram questão de deixar claro agora, com mais uma alteração na tabela.

Está previsto para a penúltima rodada o jogo entre Americano e Fluminense, dois times estão brigando pela classificação - a campanha do time de Campos, inclusive, é melhor que a dos tricolores neste momento. O mando de campo é do Americano, mas ele não terá o direito de jogar em seu estádio, na sua cidade; a partida foi simplesmente transferida para Macaé.

Não que o Estádio Godofredo Cruz não tenha condições de receber o Fluminense - ele estava liberado para isso pelas autoridades. Só que a Globo decidiu que quer transmitir a partida e, pra ela, não é bom trabalhar no Godofredo Cruz. Por anos foram transmitidos jogos realizados naquele estádio, mas hoje, segundo a emissora, as exigências são outras.

O pior é que isso está previsto no regulamento da competição (está no quinto parágrafo do artigo 7) e não há o que chiar. Mas como fica o lado do Americano, impedido de exercer seu mando de campo justo no momento de decidir seu futuro na competição, quando realmente está disputando a chance de chegar à semifinal? E Botafogo, Duque de Caxias e Olaria, que disputam com o Fluminense a vaga no outro grupo e verão o adversário ser beneficiado? Pro Flamengo, que a essa altura torce contra o Americano para passar de fase, a mudança é até boa, vejam vocês. Mas é uma avacalhação completa.

A Globo poderia simplesmente transmitir naquela rodada o jogo do Vasco, já previsto para São Januário; e na rodada anterior, em vez de Vasco x Bangu, passar Volta Redonda x Fluminense, no Raulino de Oliveira, aprovado para transmissões. Mas, em vez disso, ela e a Federação simplesmente rasgam qualquer preocupação com o lado esportivo da competição, numa atitude de visão curta, que ajuda a desvalorizar seu próprio produto, mesmo que eles não percebam isso agora.

Os clubes pequenos, que não têm alternativa mesmo e dependem muito da pequena parcela que lhes cabe no contrato com a Globo, não batem de frente para impedir esse tipo de coisa; e os grandes, que cagam para os outros, também não estão ligando a mínima. Mas depois não reclamem quando ninguém levar o Estadual a sério e os estádios seguirem de arquibancadas sempre vazias.

Um comentário:

Bosco Ferreira disse...

Pelo número de comentários ao poste, parece mesmo que tirando você e eu, todos estão se lixando para a ética.