O time para o jogo de amanhã

Os defeitos da formação que Luxemburgo tem escolhido, as alternativas que ele poderia usar e as dificuldades difíceis de serem dribladas no elenco (texto da coluna da semana no FlamengoNet)



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Este aí embaixo é o time escalado por Vanderlei Luxemburgo para enfrentar amanhã o Duque de Caxias:



É basicamente o time que jogou contra a Cabofriense, apenas com a entrada de Rodrigo Alvim no lugar de Egídio. Não se deve levar muito ao pé da letra o posicionamento de Ronaldinho e Thiago Neves, um de cada lado; os dois se colocam quase sempre como atacantes mesmo, mas não guardam posição pela esquerda ou pela direita e eventualmente recuam para tentar buscar a bola.

Não à toa; como se vê na imagem, a criação no meio-campo fica por conta de Willians e Renato. Os dois já não são exatamente armadores - na hora de atacar, Renato costuma limitar-se a burocráticos passes para o lado, enquanto Willians é de correr muito com a bola de cabeça baixa, normalmente até perdê-la. Mas, além disso, ambos colocam-se muito atrás quando o time não tem a bola, quase na linha de Maldonado, o único fixo atrás. O resultado é um enorme espaço entre meio-campo e ataque, dificuldades grandes na saída de bola e, claro, na criação no meio. Como resolver?

Não acho um problema Thiago Neves como atacante - ele teve mesmo alguns de seus melhores momentos atuando assim no Fluminense. Ronaldinho também pode jogar à frente - por muito tempo, falou-se que ele não rendia na Seleção porque insistiam em escalá-lo no meio, enquanto ele jogava no ataque do Barcelona. O problema é ter os dois juntos e ninguém pelo meio que seja capaz de fazer a transição.

Uma solução seria prender Willians como volante e colocar no meio-campo alguém um pouco mais livre e capaz de fazer a armação de jogadas. Seria o  4-2-3-1 mais próximo do que se viu em diversos times na Copa, como a Alemanha. Pra funcionar, é preciso que o time consiga jogar com seus setores próximos uns dos outros - mas também depende-se muito deste jogador criativo do meio (que, no caso da Alemanha, era Özil). No Flamengo, a primeira alternativa seria usar Bottinelli ali; mas o argentino, até agora, mostrou-se um jogador até inteligente, que sabe se movimentar, mas que erra passes muito além do aceitável. Sem ele funcionar, poderia entrar um outro jogador aberto (Negueba, Fierro, Marquinhos...?) e usar Thiago Neves ou Ronaldinho centralizado. Eu prefiro manter Ronaldinho aberto, onde teve suas melhores fases na Europa; mas para Thiago Neves funcionar nessa função, tem que começar a soltar a bola muito mais do que tem feito desde que chegou ao Flamengo. É algo incerto.





Sendo mais tradicionalista, poderia-se passar o time para um 4-4-2 convencional, colocando mais um atacante de ofício e deixando a armação com Ronaldinho e Thiago Neves. Seria uma dupla de criação realmente talentosa - mas, pra funcionar, os dois precisam soltar a bola como não têm feito até agora. Ambos têm abusado das jogadas individuais. Pode até ser que isso aconteça pela posição e condições em que costumam pegar a bola, quem sabe. Mas eu mesmo tenho sérias dúvidas de que Ronaldinho realmente possa render bem na meia.


Acho as duas alternativas melhores do que as que Luxemburgo tem usado, mas ambas têm suas incertezas pelo encaixe das características de alguns e pela incerteza do potencial de outros.. A primeira é minha preferida - e também a mais fácil do treinador usar. Hoje ele já declarou que não vê como usar Ronaldinho e Thiago juntos no meio-campo, com dois volantes atrás e dois atacantes na frente, pois acha que o "meio fica fraco". Bem: Cuca tem armado seu Cruzeiro com dois volantes, Roger e Montillo (que não são em nada mais "pegadores" do que a dupla rubro-negra) juntos no meio e dois atacantes na frente, e não tem feito feio (e olha que até Gilberto andou jogando de lateral neste esquema).

Nas duas formações sugeridas aparece a dupla de volantes Maldonado-Willians. Talvez o Flamengo vá seguir tendo mesmo problemas na saída de bola com eles ali. Pra satisfazer a misteriosas exigências, daria até pra pensar em Renato como segundo volante - ele não deixa de ter mais qualidade no passe que Willians, mas marca bem menos. Há ainda o garoto Muralha, mas ninguém pode afirmar que ele pode tomar conta da posição hoje.

Reparem que, nas imagens, tirei Wanderley do time. Sim, coloco Deivid na sua frente na fila. Mas Diego Maurício já deveria ser mesmo a primeira opção de ataque.

E, na lateral, lá está Rodrigo Alvim, pra fazer uma concessão ao técnico. Egídio é melhor que ele com a bola, mas marca bastante mal (o que não apareceu muito ainda este ano por conta dos adversários). Ainda acho que o jovem Anderson já poderia ter sido ao menos testado, mas hoje ele também é apenas uma aposta.


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Enfim: há muito o que corrigir no jeito do Flamengo jogar e espero que Luxemburgo, ao contrário do que mostra em seu discurso para consumo externo, não esteja satisfeito. Ao menos ele esfriou a cabeça e mudou o tom do discurso depois da coletiva pós-jogo de domingo passado - esqueceu as críticas à torcida (que, aliás, no ano passado, andou pedindo por ele mesmo com seu péssimo trabalho no Atlético - será que alguém levantou na época a hipótese de ter sido dada uma graninha por essas manifestações no momento político conturbado que o clube vivia?) e passou a dizer que a pressão faz parte, deixa a gente ligado e tudo o mais.

3 comentários:

Luis disse...

Diego Maurício no lugar do Wanderley, já que se movimenta bem mais. Egídio, mesmo sendo fraco, no lugar do ainda mais fraco Rodrigo Alvim. Williams mais preso, só roubando bola, correndo e dando cobertura, e Maldonado um pouco mais solto junto com o Renato. Bottinelli e Negueba no banco, e um deles entrando sempre no 2o tempo.

Y. Zampiere disse...

Neste 4-2-3-1, o Pet ficaria perfeito na posição do Bottinelli.
Mas também não deixaria de ser somente mais uma aposta. Ainda sim, eu acho que o Luxa deveria ter dado uma chance a ele...

Eduardo H. Costa disse...

Eu to perdendo a paciência quanto a formação tática do Luxemburgo. Ta me parecendo o Dunga na Copa. Escolhas duvidosas. Ganha mas não convence. Até perder na hora que não pode.

Diego Maurício é titular absoluto nesse time. Rodrigo Alvim não joga nada. E tem que insistir no Egídio até dar certo, como foi feito com o Obina.

Não sei como sugerir o nome criativo pra coisa funcionar. Nunca deram sequência pro trabalho do Fierro. O cara era seleça chilena e aqui esquenta banco faz anos.

FUI!