As segundas chances de Vanderlei Luxemburgo e Luiz Augusto Veloso*

As coincidências entre o momento atual e as passagens anteriores pelo Flamengo dos dois comandantes do futebol do clube



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Estamos assistindo a dois personagens recebendo uma segunda oportunidade para reescreverem seus capítulos na História Rubro-Negra. Curiosamente, há diversas coincidências entre o momento vivido hoje pelos dois principais comandantes diretos do futebol do Flamengo e situações que eles enfrentaram em suas passagens anteriores pelo clube.

Muitos já notaram as coincidências para Vanderlei Luxemburgo, que foi técnico do Flamengo em 1995, ano do centenário do clube. Teve a chance de dirigir Romário, a maior contratação do futebol brasileiro em muito tempo, então melhor jogador do Mundo. Vanderlei teve apenas um semestre para trabalhar, teve acertos e erros, perdeu os dois títulos que disputou – a Copa do Brasil e o Estadual – e acabou demitido depois de bater de frente com o astro maior do elenco.

Agora, no ano do centenário do futebol do Flamengo, Luxemburgo novamente poderá dirigir no Flamengo o protagonista da maior contratação do futebol brasileiro em um bom tempo. A data não está sendo tão celebrada quanto foram os 100 anos de Flamengo em 1995 e Ronaldinho Gaúcho não tem o status que Romário tinha na época, claro - mas são os equivalentes possíveis. Luxemburgo já falou disso, comentaristas já falaram disso, até mesmo Joel Santana já andou tirando uma casquinha do assunto. Vamos torcer para que o fim da história seja bem diferente.

E há ainda Luiz Augusto Veloso. Em 1993, ano seguinte à conquista do penta, Veloso assumiu a presidência do Flamengo. O clube já vivia uma situação financeira não muito confortável, mas contava com uma geração de ouro chegando das categorias de base: o grupo que conquistou a primeira e única Taça São Paulo da história do Flamengo e que, em parte, chegou a participar da campanha do título brasileiro de 1992. Eram nomes como Júnior Baiano, Marquinhos, Marcelinho, Djalminha, Fabinho, Fábio Augusto, Paulo Nunes, Nélio. Porém, Veloso passou pelo clube sem conquistas e não conseguiu aproveitar aquele momento para fazer com que aqueles garotos talentosos formassem a base de uma equipe vencedora nos profissionais. Parte deles até teve carreiras muito vitoriosas – mas longe do Flamengo. Ao clube, eles não conseguiram sequer deixar um legado financeiro; os dirigentes que passaram pelo clube naquela época não conseguiram nem mesmo lucrar com as transferências destes jogadores.

Veloso volta a assumir um cargo importante de direção do clube, novamente no ano seguinte à conquista de um título brasileiro. E, vejam vocês, pode estar novamente tendo a chance de trabalhar com uma geração especialmente talentosa surgida na base do Flamengo. Daquele time de 1990 pra cá, o Flamengo até revelou grandes jogadores – Júlio César, Juan, Íbson, Renato Augusto, Adriano. Mas – pode ser por contraste em relação à fraquíssima produção nos últimos anos - não lembro de ver aparecendo na base de lá pra cá, de uma só vez, tantos garotos que pareçam ter um bom futuro nos profissionais quanto estamos vendo nesta Copa São Paulo. Não sei se serão campeões da Copinha, e sinceramente isso não me importa muito, mas a participação no campeonato já valeu apenas por ver o futebol mostrado por este garotos.

Eles são hoje mais novos do que eram aqueles jogadores de 1990 – hoje, os times da Copa São Paulo têm uma idade mais baixa - e ainda precisam se desenvolver, inclusive fisicamente. É preciso paciência para fazer a transição deles para o profissional, sem queimar etapas, percebendo quais realmente já estão prontos para começar a jogar no time principal. Mas, pelo talento que têm, há uma boa chance de sucesso para gente como Alex, Muralha, Anderson, Adryan e Rafinha. Luiz Augusto Veloso pode ter um papel decisivo para que isso aconteça. Que aproveite bem esta segunda chance.

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Será mesmo que a transação que trouxe Rafinha de graça para o Flamengo foi mesmo tão prejudicial ao clube quanto denunciam?

* Texto da coluna da semana no FlamengoNet

7 comentários:

Paulo Sales disse...

Gostei muito do futebol de Muralha. Volante clássico, joga de cabeça erguida, tem bom passe e visão de jogo, além de marcar sem recorrer a faltas desnecessárias. Adryan me pareceu muito bom no início, mas depois caiu - mas ainda levo fé nele. É esperar para ver como se comportam no profissional. As últimas "promessas" do Flamengo (Erick Flores, Mezenga, etc) foram decepcionantes.

Fernando Almenara disse...

Essa cambada de corno desceu a lenha no Zico com relação ao CFZ e ontem o Rafinha foi um dos destaques da partida. Depois q ele entrou o jogo mudou!!

Abraços!!

Unknown disse...

Paulo Sales

O Adryan acho que ta sentindo miuito a parte fisica, varias vezes ele poe a bola na frente e não consegue ganhar na corrida, falta velocidade e força. Eu fui pesquisar a idade dele e vi que ele completou 16 anos agora pro fim do ano passado, é muito novo, só pra ter noção ele ainda pode jogar mais duas Copas SP, o Negueba por exemplo é quase dois anos e meio mais velho. Nessa idade essa diferença pesa muito... Fora tambem a parte tecnica que tambem é menos desenvolvida.

Paulo Sales disse...

É bom saber, porque o garoto tem potencial. É habilidoso e tenta sempre a jogada individual no lugar certo, próximo da área. Quem sabe daqui a dois anos ele já está pronto.

Raphael Perret disse...

Olhei a foto e levei um susto. O Ivan Lins virou Flamengo??

Raphael Perret disse...

André, sei que minha pergunta pode ser leviana e ingênua, mas sei lá: é possível que haja influência do Zico, no pouco que esteve no clube, neste bom desempenho e rendimento dos jogadores jovens na Copa São Paulo?

André Monnerat disse...

Rafael, não deixa de ter alguma.

O Rafinha veio para o Flamengo graças à parceria com o CFZ. Aí já está uma influência.

E o técnico Paulo Henrique também chegou ao Flamengo enquanto o Zico estava lá. Trabalhou antes no CFZ.

O organograma todo das categorias de base foi refeito enquanto o Zico estava lá. Diz-se que é um trabalho que estava sendo encaminhado antes de sua chegada, apareceu isso numa matéria no GLoboEsporte.com. Mas ele comprou a ideia na época e falou muito do assunto.

Agora, é claro que a grande maioria dos jogadores já estava lá quando o Zico chegou. Então, imagino que ele tenha alguma influência, mas limitada, claro.

Vamos ver mesmo é no que esses jogadores vão dar quando chegarem ao profissional. Pra mim, ganhar título na base não vale muito se não revelar jogadores pro time principal.