O polvo escolheu Muricy - e não se deu bem

Eu escrevi mais cedo que os tricolores deveriam esperar pra saber se o Muricy realmente deixaria o Fluminense. Mas, depois de me surpreender com o convite a Muricy, me surpreendo de novo com a diretoria tricolor simplesmente não liberando o treinador pra Seleção. Sem choro, nem vela.

Muricy recebeu o convite. Aceitou, mas precisava que o clube o liberasse. Levou o caso aos patrões. E eles simplesmente disseram não. E, perguntado, Alcides Antunes ainda afirmou que, se chegassem com a proposta de dividi-lo até o fim do ano, eles negariam. Atitude "firme e corajosa", beleza. De vez em quando é bom ver Ricardo Teixeira não conseguindo o que quer, quando quer, do jeito que quer. Não é sempre que basta ao polvo lançar seus tentáculos para alcançar o que deseja, afinal.

A maneira como a CBF levou a história toda foi mais uma mostra de como está simplesmente cagando e andando para seus filiados, a quem deveria representar e defender os interesses. A entidade mostrou total desdém em relação ao Fluminense na maneira de levar a história toda. E acabou sendo punida por isso.

Me impressionou mesmo a falta de jogo de cintura. Da CBF, que anunciou o novo técnico antes de conversar com seu clube e não propôs de uma vez a divisão do treinador até o final da temporada; mas também do Fluminense, por não fazer uma contraproposta neste sentido e basicamente acabar com qualquer chance de negociação. Pois o que seus dirigentes estão fazendo é privar o seu profissional de realizar um grande sonho, de chegar ao topo de sua carreira.

No final, o que se criou foi uma situação em que perdeu o Fluminense - que, por mais que diga que sua relação com Muricy segue tranquila e que ele "honrou sua palavra", agora tornou-se refém do treinador, que não vai poder ser demitido nem se escalar Fernando Henrique no ataque; perdeu Muricy, que ficou sem a chance de treinar a Seleção, algo que ele deixou claro que queria; e perdeu a CBF, que se expôs, ficou sem o treinador que gostaria e colocou o próximo técnico - ao que tudo indica, Mano Menezes - publicamente como uma segunda opção. Por mais que seu comunicado oficial agora fale que ele fazia parte de uma "lista de três nomes" pra tentar aliviar um pouco a situação.

Mas, no fim, acho mesmo que Mano tem mais chances de ir bem no trabalho do que teria Muricy. Tem bem menos currículo, mas também tem bons trabalhos e me parece um treinador mais versátil. Não é uma escolha indiscutível, mas é um bom nome.


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Pra completar a bizarrice da história toda, a coletiva na sede do Fluminense começou com o presidente do clube, Roberto Horcades, falando esbaforido no início da coletiva por poucos segundos e saindo correndo, segundo ele, por ter horário em seu consultório.

Daí em diante, a condução da coisa ficou com Alcides Antunes, vice-presidente de futebol... e de Celso Barros, presidente da Unimed, que oficialmente não tem nenhum cargo no Fluminense. Incrível como isso hoje tornou-se totalmente banal nas Laranjeiras.


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Os torcedores do Fluminense que estavam revoltados, agora estão eufóricos com a permanência do técnico e com a "bravura" de sua diretoria.

Mas preparem-se para 108 anos de chororô tricolor a cada lance duvidoso de arbitragem ou decisão de tribunal daqui pra frente.

4 comentários:

Alexandre Jorge disse...

O polvo errou mas o Fluzinho acertou... ou não... desde que o Muricy não vá para o Mengão.... tá tudo bem..


www.acabacomelesflamengo.blogspot.com

Bosco Ferreira disse...

A CBF poderia ter iniciado essa conversa logo após a queda do Brasil na copa.

Foi no mínimo, descortez, não só com o FLÔR, mas com o futebol carioca.

Há tempos existe uma má vontade em todos os etores contra os clubes do Rio.

Ponto para o Fluminense apenas se ele precionar a FCF para exigir um pedido de desculpas formal da CBF ao FLÔR.

Anônimo disse...

Na boa, Monnerat, o seu blog deveria mudar o nme para "Sobre Fluminense". Ou melhor ainda, "Sobre como voltar para a Primeira Divisão pela porta dos fundos e ainda ficar tirando onda que é clube de tradição".
O time de "guerreiras" me dá nojo, com esse chamado "planejamento" estilo Emil Pinheiro/Castor de Andrade do mecenas Celso Unimed Barros. Relação patética que serve pra iludir torcedor ignorante, mas tem toda a pinta de desastre iminente em futuro próximo.
Chega de falar dessas malas. Parei contigo. Vou pro Buteco que, pelo menos, só fala do Mais Querido!

André Monnerat disse...

Anônimo, só é chato não deixar seu nome. Vou mudar a configuração aqui pra não permitir isso.

No mais, a escolha é livre! Inclusive a de cair no post meu do mesmo dia que é sobre o Flamengo.