A ofensiva Holanda chama a atenção pela marcação

Com a escassez de gols na primeira rodada da Copa do Mundo, os grandes destaques foram as defesas. E três das que me chamaram mais a atenção voltaram a campo hoje: Holanda, Austrália e Dinamarca. Duas delas mostraram desempenho parecido hoje; a outra, nem tanto.


A defesa da Austrália havia me chamado a atenção justamente no jogo que saiu do padrão muquirana de gols na rodada inicial. E claro que, tendo tomado 4x0 da Alemanha, não foi a qualidade de sua marcação que se destacou - bem pelo contrário. Era impressionante como os australianos marcavam sempre à distância, dando tranquilidade para cada alemão saber o que fazer com a bola e facilitando o bonito toque de bola que eles apresentaram. Hoje, contra Gana, eles até poderiam ter tido resultado melhor, mas o jeito de marcar não mudou muito.

Aliás, me deu a impressão de que eles devem ter arbitragens muito mais rigorosas com o contato físico por lá. Isso porque eles não só nunca chegam junto do adversário (e, por isso, raramente conseguem roubar uma bola), mas também caem e reclamam com a arbitragem a cada tranco que sofrem, por mais normal que seja. Mesmo assim, eles começaram o jogo melhor do que Gana, fizeram 1x0 e só passaram a ser dominados quando tiveram um jogador expulso, exatamente no pênalti que deu o empate aos africanos. E olha que, apesar de terem um a menos desde então, ainda conseguiram dominar boa parte do segundo tempo e tiveram chances para sair com a vitória.

Não que Gana também não tenha tido, e desperdiçado, suas chances. Mas a verdade é que o time africano decepcionou e, por não ter garantido hoje a classificação em um jogo que teve em suas mãos, pode acabar ficando fora das oitavas. Aliás, é este o meu palpite.


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Holanda x Dinamarca foi outro jogo em que a marcação me chamou muito a atenção - mas este, pela qualidade mesmo. Os dois times marcavam de maneira agressiva, diminuindo muito os espaços e atacando muito a bola em busca de roubadas. A Dinamarca, claro, fazia isso jogando mais recuada (ao menos, até sofrer o primeiro gol); já a Holanda, com toda a sua vocação ofensiva, fazia isso no campo de ataque. Acho que foi o jogo com a marcação mais agressiva que vi em toda a Copa.

E a Holanda hoje, contra o Japão, repetiu o que fizera na estreia. E, por roubar muitas bolas na frente e errar poucos passes (é a equipe que mais deu passes e a terceira com melhor aproveitamento na Copa, com 79% de acerto - o Brasil é o primeiro...), conseguiu controlar toda a posse de bola - houve um momento em que chegou perto dos 80% e mesmo no segundo tempo, quando já vencia a partida, ainda teve mais de 60%.

Mas isso não se transformou em chances de gol. O Japão foi organizado, marcou atrás, tirou o espaço dos holandeses e eles, determinados a ficar com a bola, optavam sempre por passes laterais e pra trás. O primeiro tempo, por isso, foi incrivelmente monótono (aliás, lembrou muitos jogos da seleção de Parreira em 94, que também ficava com a bola o tempo todo). Depois do 1x0, com o Japão precisando sair mais, os holandeses tiveram um pouco mais de espaço e poderiam ter ampliado o placar em duas chances claríssimas de Afellay, que havia entrado no lugar de Snijder.

A Holanda é a primeira seleção já com vaga garantida nas oitavas. Até agora, não mostrou o futebol bonito que muitos esperavam, mas é uma equipe que vai ser difícil de bater. Falta ainda vê-la jogando contra times que realmente tentem atacá-la. E falta, claro, ver como Robben vai entrar.

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Já a defesa da Dinamarca, que me impressionou tanto contra a Holanda, não repetiu o mesmo desempenho hoje, quando o time tinha a obrigação de vencer para ter mais chances de passar de fase. Mesmo com esta necessidade, o time até jogou mais recuado que Camarões, mas mesmo assim deu espaço em sua defesa - e, principalmente, errou demais na saída de bola. Nunca vi um time entregar tantas bolas no pé do adversário em minha vida. Se Camarões tivesse mais jeito nas conclusões, não perderia de jeito nenhum a partida.

Mas, de todas as chances entregues de maneira patética pelos dinamarqueses, apenas duas caíram nos pés de Eto´o, e ele aproveitou só uma. E o contra-ataque dinamarquês foi suficiente pra virar a partida para o 2x1. Se a Dinamarca jogar mais concentrada na saída de bola, vai ser um time chato pra qualquer um vencer - contra a Holanda, no primeiro tempo, o contragolpe já havia aparecido bastante bem. Bendtner hoje já teve melhores condições de jogo e foi importante, tanto na conclusão quanto com sua visão de jogo no papel de pivô destes contra-ataques; mas o grande destaque foi mesmo Rommedahl, que fez a jogada do primeiro gol, marcou o segundo e deu mais dois para Tommasson desperdiçar.


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Acertei a vitória holandesa, como todo mundo, mas apostava num placar mais elástico (coloquei 3x0); errei o palpite numa vitória australiana por 1x0; e cravei o 2x1 da Dinamarca, que me garantiu na liderança nos dois bolões em que estou participando.

Pra amanhã, as apostas são em Eslováquia 1 x 2 Paraguai; Itália 4 x 0 Nova Zelândia; e Brasil 1 x 1 Costa do Marfim.

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