O que quis dizer este Brasil x Zimbabwe?

E o Brasil vence Zimbabwe por 3x0, depois de passar perrengue e ser ameaçado ao longo de quase todo o primeiro tempo. Kaká foi mal, Júlio Baptista deu um lindo passe de letra para o terceiro gol.

E o que isso quer dizer quanto à participação do Brasil na Copa? Basicamente, nada.

Zimbabwe é fraco, o Brasil jogou em ritmo de treino, ninguém quer se machucar etc. etc. Tudo isso é mais do que óbvio - e comum na preparação da Seleção a cada Copa.

Lembremos 2002, ano do penta. A Seleção jogou contra as fortíssimas equipes da Catalunha (3x1) e da Malásia (4x0). Não convenceu em nenhum dos dois jogos e, contra a Malásia, chegou a terminar o primeiro tempo empatando por 0x0. Ainda havia muitas dúvidas sobre o rendimento de Ronaldo (o Brasil inteiro pedia Romário na Seleção), que não foi bem em nenhum dos jogos - principalmente contra a Catalunha. Esperava-se que o grande destaque do time na Copa, que começaria uma semana depois, fosse Ronaldinho Gaúcho. No final, depois das "decepções" destes dois amistosos fracos, o Brasil foi campeão e Ronaldo foi artilheiro.

Em 2006, houve um bizarro amistoso contra a seleção de Lucerna, um cantão da Suíça, que o Brasil venceu por 8x0. Os outros adversários foram de nível um tantinho melhor: Nova Zelândia (ok, bem fraca) e Rússia (na verdade, antes da convocação final para a Copa). O time de Parreira venceu os três e noticiou-se que "era a primeira vez desde 1962 que a Seleção conseguia 100% de aproveitamento na preparação para uma Copa". Houve ainda um jogo-treino contra os juvenis do Fluminense, vencido por 13x1. Na Copa do Mundo, os resultados já não foram tão expressivos.

Ok: às vezes fiascos neste tipo de jogo podem sim querer dizer alguma coisa. Afinal, o Brasil de Lazaroni chegou a perder em 1990 seu último amistoso antes da Copa, contra um combinado da Úmbria (região da Itália).

Aí estão os jogos que o Brasil fez na fase de preparação para as Copas do Mundo desde que Ricardo Teixeira assumiu a CBF. Reparem que o alto nível dos adversários é uma constante.

2006
Brasil 8 x 0 Lucerna
Brasil 4 x 0 Nova Zelândia

2002
Brasil 3 x 1 Catalunha
Brasil 4 x 0 Malásia

1998
Brasil 1 x 1 Athletic Bilbao
Brasil 3 x 0 Andorra

1994
Brasil 1 x 1 Canadá
Brasil 8 x 2 Honduras
Brasil 4 x 0 El Salvador

1990
Brasil 3 x 3 Alemanha Oriental
Brasil 1 x 0 Combinado de Madri
Brasil 0 x 1 Combinado da Úmbria


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No duro, o mais triste deste jogo foi ver a Seleção Brasileira se submeter, por acordos comerciais, a participar da festa armada pelo sinistro ditador Mugabe, que governa com mão de ferro o miserável Zimbabwe desde os anos 80.

Seu governo é conhecido como um dos mais corruptos da África, o que não é pouca coisa. No país, a taxa de desemprego é de 80% e a expectativa de vida é de 43 anos; a inflação mede-se na casa dos milhões %, e o governo, nos últimos três anos, cortou mais de 20 zeros de sua moeda, já que as calculadoras não estavam dando conta das operações de trilhões de dólares zimbabwanos para comprar um pão com manteiga.

Mesmo assim, lá estava o Brasil em campo, disposto a "dar alegria a um povo sofrido". Nossos jogadores, em frente às câmeras do mundo inteiro, apertaram as mãos do sorridente Mugabe, que desfilava no gramado ao lado do orgulhoso chefe da delegação brasileira na Copa, o presidente corintiano Andrés Sanches.

Uma cena lamentável, que só poderia ser mesmo encerrada com aquela incrível execução do hino nacional brasileiro.