Sócio-torcedor: o exemplo do Grêmio

O Grêmio, diferente do que fez o Vasco, criou no ao passado um programa com um modelo que tem uma direção parecida com a do Cidadão Rubro-Negro, mas que, de cara, foi mais eficiente - mais simples de se compreender e com um benefício concreto bem mais claro e atraente.
O clube gaúcho, que já tinha o segundo maior número de sócios-torcedores no país (e, como no Inter, seus sócios-torcedores são sócios mesmo, com direito a voto), lançou em setembro do ano passado o Exército Gremista. E agora, recentemente, deu um upgrade no projeto, que já vinha sendo bem sucedido.

Como acontece com o Cidadão Rubro-Negro, o Exército Gremista pretende ser um grande cadastro dos torcedores do Grêmio, que não necessariamente pagam qualquer mensalidade. Com o banco de dados, será possível criar formas de se relacionar melhor com os clientes do clube, além de viabilizar parcerias com empresas diversas para gerar receita. Só que o programa do Grêmio já tem hoje 220 mil cadastros, mais do que o dobro do Flamengo. Por quê?

Um dos pulos do gato do projeto do Grêmio é o Cartão do Torcedor Gremista, que funciona como o Passaporte Rubro-Negro: o torcedor carrega o cartão pela Internet com créditos para assistir aos jogos do Grêmio - o próprio cartão serve de ingresso. Como acontece com o Flamengo, é apenas uma maneira de facilitar a compra do ingresso e o acesso ao estádio; ninguém ganha descontos no preço da entrada apenas por ter o cartão.

A diferença: enquanto o Cidadão Rubro-Negro tem que pagar uma mensalidade acima de 30 reais para ter seu Passaporte, o membro do Exército Gremista paga apenas 5 reais, uma única vez, para ter o cartão - e só, nada de mensalidade. Quantos de vocês gostariam de algo assim para entrar no Maracanã? E o Grêmio, com isso, estimulou o cadastro de seus torcedores e hoje pode saber exatamente quem é que vai a seus jogos, com que frequência, em que momentos. 

* * * * * * * * * * * * * * *

Recentemente, o projeto do Exército Gremista evoluiu com a criação da Artilharia Tricolor - "o programa de fidelidade do torcedor gremista". É uma forma de relacionamento bem mais simples do que a do Cidadão Rubro-Negro, que até pode ir bem além do que o Grêmio faz - até pela quantidade de boas parcerias que o Flamengo conseguiu incluir no programa, possibilitando prêmios bem mais interessantes. Mas, hoje, o programa rubro-negro ainda não estimula seus participantes a consumirem o Flamengo como o projeto dos gaúchos faz com seu clube. E é claro que quem se cadastra num programa como este está primeiro interessado em Flamengo, Grêmio, Inter ou Vasco - só depois é que vai pensar em Walmart, Americanas.com ou Farmácia do Mané.

É bem simples: cada real que um gremista cadastrado gasta com seu clube é revertido em pontos, que podem ser trocados por produtos oficiais do Grêmio. São acumulados pontos no cadastro, no pagamento das mensalidades dos sócios, na compra de ingressos para jogos ou de produtos em lojas oficiais, ao responder pesquisas do programa e até mesmo - vejam só! - ao se votar nas eleições do clube. O voto, aliás, é a ação que dá mais pontos no programa. 

Há, claro, diferenças no acúmulo de pontos entre quem é simplesmente cadastrado e não paga mensalidade e os sócios pagantes, que são mais beneficiados. Dos 220 mil cadastrados no Exército Gremista, cerca de 53 mil são sócios, que pagam uma mensalidade de R$33.

* * * * * * * * * * * * * * *

O site do Exército Gremista permite que se consulte o número de cadastrados por estado e por cidade. Surpreendentemente, apenas 54 mil dos 220 mil são de Porto Alegre.