Sócio-torcedor e ingressos - o exemplo do Vasco vai bem?

No último texto em que falei sobre o Cidadão Rubro-Negro, comentei minha impressão de que falta ao programa argumentos de venda mais fortes e claros, que atraiam mais participantes para o programa - e como as facilidades na venda de ingressos para jogos podem ser este grande atrativo.

O modelo que mais vem à cabeça de todo mundo quando se fala de "sócio-torcedor" é o que foi bem sucedido no Inter: paga-se uma mensalidade em troca de prioridade e descontos nos ingressos (tem mais do que isso, como a rede de descontos com empresas parceiras e o direito a voto - mas o grande chamariz é mesmo o esquema de ingressos). Porém, esta não é uma fórmula infalível; muitos por aí já falharam ao tentar repetir este modelo, por diversos motivos.

Um exemplo é o Vasco, que lançou seu projeto ano passado e logo comemorava o sucesso rápido, dando direito não só à meia-entrada nos jogos do time, mas também a voto. O momento do lançamento era favorável e o clube soube aproveitar, mas faltava conseguir criar formas de fidelizar aqueles torcedores que estavam aderindo na base da empolgação - algo em que não se avançou muito. Pois bem:  hoje, o www.ovascoemeu.com.br não exibe mais apenas o número de cadastrados e quantos faltam para a meta de 100 mil; passou, provavelmente para mexer com os brios dos vascaínos, a mostrar também quantos estão efetivamente em dia com as mensalidades. E estes são apenas 13 mil dos mais de 50 mil que se inscreveram. 37 mil estão inadimplentes.

E, ao contrário do Cidadão Rubro-Negro, o foco do projeto vascaíno é mesmo voltado para a arrecadação direta através de mensalidades, e não para o relacionamento com seu torcedor e a formação de um grande banco de dados que possa ser usado para levantar receitas de outras maneiras. Ou seja: se não conseguirem que os cadastrados continuem pagando regularmente suas mensalidades, o projeto terá mesmo fracassado. Hoje, num cálculo aproximado e já tirando os cerca de 30% que a administradora do programa cobra, o sócio-torcedor vascaíno deve render para o clube cerca de R$270 mil por mês. É mais do que o Flamengo tem, mas longe de ser qualquer salvação para o clube, como muitos esperam deste tipo de projeto.

É claro que o caso do Flamengo não é como o do Vasco. O tamanho das duas torcidas e a procura por ingressos são bem diferentes entre os dois. Mas isso mostra que não há fórmulas tão simples e garantidas assim.


* * * * * * * * * * * * * *

Vou continuar o assunto sobre sócios-torcedores falando não só do que se imagina dos planos do Flamengo, mas também do exemplo recente do Grêmio.

3 comentários:

Bosco Ferreira disse...

Sócio torcedor poda oferecer até uma morena de acompanhante mas se não der direito a voto não tem o menor sentido.

Ninguem vai embarcar numa canôa furada de abrir a carteira para não ter o direito de escolher quem vai gastar e como vai gastar o nosso rico dinheirinho.

André Monnerat disse...

Bosco, repare: o do Vasco DÁ direito a voto.

Bosco Ferreira disse...

Um bom exemplo a ser seguido esse sócio torcedor do CRVG