Libertadores 2010 - Oitavas-de-final - Jogo de volta - Corinthians 2 x 1 Flamengo

Não tem o que contestar: somando os dois jogos, o Flamengo foi melhor que o Corinthians e mereceu a classificação, apesar dela só ter vindo graças ao critério do gol fora de casa. O time correu muito, se entregou, marcou e, no ataque, soube ser sempre mais eficiente que o adversário, que decepcionou. com tanto invetimento e tantas contratações, o Corinthians mostrou-se nos dois jogos um time que até sabe trocar passes, mas não criar jogadas.

O que aconteceu com o Flamengo no primeiro tempo foi tão óbvio que eu poderia dar aqui Ctrl+C Ctrl+V de algum texto de antes do jogo. Sem ter nenhum jogador que levasse mais jeito no passe e enfrentando uma marcação do adversário em seu próprio campo, o time não conseguia sair jogando, perdia bolas seguidas ainda na defesa e não conseguia mantê-la no ataque - exatamente como aconteceu com esta mesma formação nos jogos contra Vasco e Universidad Católica, que também haviam adiantado a marcação. E assim como naqueles jogos, o Flamengo viu seu adversário ficar com mais de 60% de posse de bola.

Pra dar certo, o Flamengo teria que torcer para o Corinthians ir mal na frente e ainda passar o jogo inteiro sem uma falha sequer na defesa, como aconteceu no Maracanã. Mas desta vez não foi assim; mesmo controlando a partida, o Corinthians voltou a se mostrar um time de pouca imaginação - mas a zaga rubro-negra vacilou duas vezes em cruzamentos para a área, que era basicamente o que o adversário conseguia fazer, e o time foi pro vestiário com 2x0 contra.

Pois Rogério não precisou nem ser muito ousado pra melhorar as coisas: bastou colocar Kléberson - o tal jogador com características para passar a bola - no lugar do inofensivo Vinícius Pacheco, que não conseguiu puxar nenhum dos contra-ataques que esperavam dele. Mas vamos combinar: com o time marcando atrás como estava e sem ninguém que pudesse passar com mais inteligência, pra jogada acontecer ele teria que atravessar o campo inteiro carregando a bola. Era mesmo improvável.

Pois a singela entrada de Kléberson já fez o time funcionar muito melhor. Continuou marcando mais atrás do que o desejável, mas quando retomava a bola, já sabia melhor o que fazer com ela. O gol surgiu com Love aproveitando uma linda jogada de Kléberson e Juan e dali pra frente o Flamengo esteve mais perto de conseguir o gol do empate do que de sofrer o terceiro. É bom ressaltar ainda que na segunda etapa Adriano também cresceu de produção e, funcionando muitas vezes como um armador, voltou a mostrar que, quando a bola chega a ele, é o mais lúcido do time. Claro que foi um jogo tenso, mas o Flamengo saiu classificado com autoridade.

O que não quer dizer que o time não precise de acertos. Estes dois jogos, além de animarem time e torcida, tiveram também momentos ruins dos quais o técnico deve tirar lições. Valeu a classificação, mas já é hora de olhar pra frente.



5/5/2010 - 21h50 - Corinthians 2 x 1 Flamengo
Pacaembu - São Paulo, SP
Renda/Público: 35.561 pagantes / R$ 2.949.424,00

Árbitro: Roberto Silvera (URU)
Auxiliares: William Casavieja (URU) e Marcelo Costa (URU)
Cartões Amarelos: Juan, David, Willians, Iarley

Gols: David 27'/1ºT (1-0), Ronaldo 39'/1ºT (2-0), Vagner Love 4'/2ºT (2-1)

Corinthians: Felipe, Alessandro, Chicão, William e Roberto Carlos; Ralf, Elias (Jucilei - 23'/2ºT) e Danilo; Jorge Henrique (Iarley - 21'/2ºT), Dentinho e Ronaldo. Técnico: Mano Menezes.

Flamengo: Bruno, Léo Moura, David, Angelim e Juan; Rômulo, Maldonado, Willians e Vinícius Pacheco (Kleberson - intervalo); Adriano e Vagner Love (Fierro - 31'/2ºT). Técnico: Rogério Lourenço.

9 comentários:

Marcos Monnerat disse...

É André. Dessa vez tenho que discordar um pouco da sua opinião. Não vi autoridade na classificação do Flamengo não. Saímos classificados porque o Bruno resolveu tentar defender uma falta uma vez na vida. Apesar de termos tido algumas chances claras de gol no segundo tempo, não conseguimos acertar as finalizações.

Seria com autoridade se o Leo Moura tivesse tido a mesma inteligência do Ganso na final Santos x Santo André e tivesse segurado a bola no ataque ao invés de tentar cruzamentos insanos para Vágner Love em alguns momentos.

Se tivesse marcado mais perto do adversário e mais longe da nossa área, evitando alguns chutes perigosos da entrada da área do Flamengo.

Se tivesse entrado no primeiro tempo com disposição de jogar bola de verdade, de tentar, mesmo que timidamente, fazer o gol que tranquilizaria a parada.

O time do Fla segue jogando muito, mas muito mal mesmo e continua com um meio campo reserva muito melhor do que o titular.

O técnico tem que ver isso e mudar radicalmente a forma de jogar do time. Só que o que ele tá fazendo é voltar no erro de soltar os laterais como alas para ver se eles resolvem. O grande mérito do Andrade no ano passado foi acabar com essa estratégia que já provou não levar o Flamengo a título nenhum, não devemos retroagir agora.

Fico com a impressão de que será muito difícil passar pelo Universidad de Chile desse jeito. Na primeira fase eles mostraram que são melhores do que esse time do Flamengo que vem jogando aí...

Unknown disse...

É por aí mesmo. VP vai ser útil como "segundo atacante", ajudando na marcação lá na frente, correria já no ataque e com bons passes. Como foi o Zé Roberto ano passado.
Até o Love tentou sair fintando do meio e num dava em nada.

Freire disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Freire disse...

Acho que, num balanço das duas partidas, o time foi bem, sim. Mas se comparado ao que vinha apresentando antes. É preciso melhorar.

Mas, Marcos, não dá para ficar tão insatisfeito após eliminar um time como o Corinthians, sólido e com bons jogadores, apesar da falta de imaginação citada pelo André. Querendo ou não, a melhor campanha da primeira fase foi dos caras: fizeram tudo certinho e foram competentes.

E acho que, na falta de um meia que resolva, como o Pet do ano passado, o jeito vai ser apostar na velha dupla Juan e Leo Moura. Não acho que isso seja retroagir. Quando concentrávamos o jogo nos dois, não tínhamos um cara com a qualidade do Adriano na frente.

Bosco Ferreira disse...

DESCORDO DESSE:
"apesar dela só ter vindo graças ao critério do gol fora de casa".

Eu não colocaria isso.

Para mim "apesar" é quando algo pesa contra, ou seja, fizemos um gol cuja a bola não se sabe se entrou ou um gol do rival mal anulado. Cosas desse tipo.

Classificação com um gol feito fora não pode ser um peso para a nossa vitoria num jogo de 180 minutos, visto que, nessa competição ele é um gol duplo, se marcamos um gol duplo é porque tivemos o mérito e a competência de marcá-lo.

Coisa que os GAMBÁS não tiveram nos primeiros noventa minutos, AGORA SIM, APESAR DELES TEREM JOGADO CONTRA DEZ JOGADORES DO FUDEROSÃO DESDE OS 32 minutos do primeiro tempo.

voo do urubu disse...

Uma conjunção de fatores fez o jogo mudar no 2º tempo e mudou muito: a) o time foi obrigado a abandonar a postura de esperar o do Corínthians em seu próprio campo; b) ao finalmente sair pro jogo encontrou um outro Corínthians, agora esperando o Flamengo em seu campo para tentar os contra-ataques; c) este time não vibra, a menos que seja obrigado a isto pela humilhação exposta no placar; d) a falta de definição no meio-campo; ontem, no tempo que importou, foi Leo Moura, Kléberson e Juan - qual será o próximo?
PS: a defesa do Bruno nos acréscimos foi supervalorizada pelo drama do jogo, mas vamos combinar: apenas um boa defesa de uma cobraça previsível.

Teu blog continua imperdível. Saudações rubronegras!

André Monnerat disse...

Pessoas, quando eu disse que o Flamengo se classificou com autoridade, não quis dizer que jogou um grande futebol. E sim que foi claramente melhor que o Corinthians.

Ou alguém, somando os dois jogos, tem dúvidas de que o Flamengo foi mais time? Pra mim, isso foi claro, apesar do Rogério ter escalado mal nos dois jogos.

E Bosco, quando falei "apesar de só ter vindo pelo gol fora de casa", não é que "pesou contra" nem nada disso. O que eu quis dizer é que, somando os placares dos dois jogos, foi 2x2 - e, pra mim, este placar em igualdade não representa o que foi a soma dos dois jogos. Na verdade, pelo que os dois times jogaram, o resultado poderia ter sido mais favorável ao Flamengo. É isso: apesar da classificação ter sido decidida só neste critério, a superioridade do Flamengo foi incontestável.

André Monnerat disse...

Ah, e concordo com o Vôo do Urubu sobre a defesa do Bruno. Não foi nada demais. Se tivesse entrado, seria falha dele.

Raphael Perret disse...

Bem, não acho que o Flamengo ganhou com autoridade, mas também não acho que o time foi tão mal assim. Quer dizer, o primeiro tempo do Pacaembu foi pavoroso, tamanha a covardia do time. Ok, o Corinthians pressionou o tempo todo, mas havia espaço para contra-ataques, que foram em vão muito mais por causa dos passes errados do que por uma marcação intransponível corintiana.

No segundo tempo, acho que o Flamengo conseguiu se retrancar com decência, marcando um pouco mais na frente e fazendo contra-ataques perigosos. Rolou uma certa afobação, é verdade, e poderíamos até ter virado o jogo. Mas acho que só a construção das jogadas foi um favor positivo.

Claro, tem muito o que melhorar ainda, principalmente essa questão da armação e as - seguidas - falhas no jogo aéreo. Mas não dá pra nos queixarmos de falta de vontade ou de garra. Ou mesmo do nosso poder ofensivo que, é bom lembrar, só não funcionou em um jogo este ano.

Ah, e palmas pro Rogério, que não só fez uma substituição exitosa como consertou o sistema defensivo. Pelo menos assisti ao segundo tempo com muito mais segurança do que o primeiro.