De novo, Universidad do Chile*

* Texto da coluna semanal no FlamengoNet

E o Flamengo terá de novo pela frente, nas quartas-de-final da Libertadores, a Universidad do Chile. O que, pra mim, parece ótimo negócio.

Não por ser um adversário fácil - não é. O Universidad faz boa campanha tanto na Libertadores quanto no campeonato chileno, tem sua torcida empolgada e pode muito bem complicar o confronto. O Flamengo tem mais jogadores de peso que o time chileno, isto é claro; mas, tanto pela campanha dos chilenos quanto pelo que o próprio Flamengo tem jogado este ano, não dá pra apostar em nenhuma facilidade nestes jogos.

Assisti ao jogo de ontem contra o Alianza de Lima apenas a partir do momento em que La U fez seu gol de empate em 1x1, que lhe garantiria a classificação - e fiquei muito bem impressionado com a postura e consciência do time naquele momento. Mesmo com um placar que lhes era favorável, não recuaram para a defesa, o que permitiria a pressão do adversário; continuaram marcando no campo de ataque e mantiveram a posse de bola quase todo o tempo, impedindo praticamente qualquer ameaça do time peruano. E, ao mesmo tempo em que se mantinham no ataque, gastavam tempo a cada cobrança de lateral, a cada queda no gramado.

No final, o jogo acabou ficando dramático porque, numa dessas coisas do futebol, o Alianza conseguiu fazer 2x1 em um raro ataque, armado pelo gordinho Montaño (como tem tido jogador gordo ultimamente, aliás), que havia entrado logo antes. Faltavam poucos minutos pra terminar e o Universidad foi pra cima no desespero - e acabou conseguindo o 2x2 num chute de fora da área, depois de muita pressão. O bandeirinha não correu pro meio, dando impedimento de um jogador que não participou da jogada, mas o juiz confirmou o gol. A confusão foi generalizada, mas sem muito motivo, pois o gol era mesmo legal.

O Universidad é recheado de jogadores que disputarão a Copa, pelo Chile e pelo Uruguai. Porém, as armas com que o Flamengo mais precisa se preocupar não estão entre estes selecionáveis: são o jovem atacante Puch e o armador argentino Montillo, que se entendem muito bem na frente. E ainda o centroavante grandalhão Olivera, de 1,91m, que tentará aproveitar as costumeiras falhas da defesa rubro-negra no jogo aéreo.


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Mas se o Universidad é um adversário de respeito, com nível para complicar a vida do Flamengo, por que eu gostei de tê-los novamente pela frente?

Justamente pela repetição do confronto, e não exatamente por "já conhecer o adversário". A questão é que, depois da vitória sobre o Corinthians, há uma tendência natural a se acreditar que o Flamengo é favoritaço num confronto contra chilenos ou peruanos. Se a partida fosse contra o Alianza de Lima, isso seria reforçado e tenho medo que esta sensação contagiasse mesmo os jogadores. Sendo contra o Universidad, que já enfrentou o Flamengo duas vezes sem ser derrotado, o pessoal lá dentro pode encarar a partida um tanto mais alertas.

É bom que todos mantenham o foco e a seriedade. Perder é do jogo; perder por desatenção, autossuficiência ou preocupações com coisas fora de propósito em momento impróprio é que seria dose. Mas, desta vez, não está com cara de que isso vá acontecer.

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Todas essas considerações sobre os dois times podem ficar em segundo plano no jogo de volta. Há uma questão que não muitos estão levando em consideração por aqui e eu ainda espero ver esclarecida: afinal, caso Adriano e Kléberson sejam convocados para a Copa do Mundo, eles estarão à disposição do Flamengo na segunda partida? E quanto a Maldonado e Fierro?

Isso porque a FIFA definiu como data limite para a liberação dos jogadores convocados pelos clubes o dia 17/5 - antes da data prevista para esta partida. Os chilenos podem levar grande prejuízo, ficando sem 6 jogadores, e estão preocupados com a questão. Mas quase não ouvimos falar disso por aqui quanto ao Flamengo; pode ser que isso já esteja resolvido e eu é que seja o desinformado, mas lá no Sul já há notícias sobre o problema por conta do confronto de Grêmio e Santos pela Copa do Brasil, em que Robinho e o goleiro Vítor podem estar ausentes.

Esta é só mais uma mostra de como o calendário por aqui é incrivelmente problemático e precisa ser revisto (embora a final da Champions League, dia 22, também vá bater com este período pré-Copa - mas parece que para este jogo, a exceção já foi aberta e ninguém vai ficar de fora).

Um comentário:

lussiannosousa disse...

Diria que seria absurdo, impossível, improvável demais a exceção ser dada para os jogadores de Champions League e não dada aos jogadores da Libertadores.

Mas como é Conmebol e CBF eu acredito em tudo...