Seu método para isso foi dar um choque nas figurinhas mais carimbadas, como Kaká e Ronaldinho Gaúcho - que de cara tiveram que sentar no banco -, e seguir mantendo perto dele quem mais se comprometia com a causa. E este comprometimento, o tal "correr pelo técnico", ganha força à medida em que ele vai mostrando gratidão a quem se entrega.
E deu resultado. Ninguém, hoje, pode ver a Seleção em campo e dizer que eles não estão correndo. E foi disso que mais se reclamou em 2006, certo? Oba-oba, festa e gente andando em campo. Dificilmente isso acontecerá na África do Sul.
Mas não precisava ir tão pro extremo assim. São trocentos volantes, e o único meia ofensivo convocado foi Kaká; se ele não jogar, alguém terá que ser improvisado ali - opções como Michel Bastos, Gilberto, Daniel Alves, Júlio Baptista. Nenhum é meia de origem. Eu realmente não achei que ele fosse mesmo insistir num grupo assim; tava na cara que não ia pintar nenhuma novidade bombástica, mas acreditei que nomes que foram convocados por ele antes várias vezes, como Ronaldinho e Diego, pudessem reaparecer. Não aconteceu. Isso (e exageros de lealdade, como a convocação de Doni - na boa, se Júlio César se machucar, os dois reservas são fracos e podem colocar tudo em risco) foi o que mais me incomodou na convocação - mais do que a ausência ou presença do jogador A ou B.
Enfim: o cara é chato pra cacete na hora de falar, teimoso pra cacete na hora de fazer suas escolhas, parece se achar perseguido pelo Mundo, só confia em si mesmo e nos seus. E está fazendo aquilo para o que foi contratado. É com isso que o Brasil vai pra Copa - e pode até dar certo.
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Foi impressionante o lobby por Neymar e Ganso.
Sinceramente, acredito que ambos são talentosos e até poderiam ir para a Seleção. Mas, a esta altura, sem nunca terem jogado no time principal e tendo se destacado de verdade por tão pouco tempo, em um campeonato não tão exigente assim, não acho que têm cacife para entrarem no grupo como solução - e é esta a campanha que foi feita. Li gente comparando a ausência dos dois com as de Maradona e Falcão em 78, ou com uma possível não-convocação de Pelé em 58. É uma comparação totalmente descabida; Maradona e Pelé já jogavam pela Seleção antes das duas Copas, Falcão era bi-campeão brasileiro. Nem Ganso nem Neymar têm currículo para que suas presenças na Seleção sejam tão obrigatórias assim.
Mas até acho que eles poderiam ter sido convocados - se fosse como Felipão fez com Kaká em 2002, ou como Parreira fez com Ronaldo em 94: eram grandes promessas indo para compor o grupo, ganhar experiência e, quem sabe, ganharem chances se o destaque nos treinos fosse absurdo (o que não aconteceu com nenhum dos dois, aliás - ambos futuros melhores do Mundo). E não com todo este peso no elenco e a responsabilidade de serem as grandes opções de Dunga para mudar uma partida, como muita gente parecia estar imaginando agora. E como eles acabariam indo mesmo, por conta do grupo recheado de volantes que Dunga montou.
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95% do status que Dunga tem hoje no mundo do futebol vem de uma vitória nos pênaltis. Se o Brasil tivesse perdido aquela disputa em 1994, isso não quereria dizer nada em relação ao trabalho que aquela Seleção havia feito - mas imaginem como teriam sido diferentes as carreiras de muitos dos que lá estavam se isso tivesse acontecido. Será que Dunga teria tantas chances para espetar a geração de 82 em entrevistas, como sempre fez desde então?
Assim como aquele resultado final contou e muito a favor de Dunga de lá pra cá, o resultado final desta Copa também vai determinar o que se dirá do hoje treinador pelas próximas décadas. É o famoso "besta ou bestial". Se as coisas não andarem bem para o Brasil na África do Sul, a lista de equívocos do comandante que será publicada no dia seguinte já está pronta na gaveta de um monte de jornalistas por aí.
95% do status que Dunga tem hoje no mundo do futebol vem de uma vitória nos pênaltis. Se o Brasil tivesse perdido aquela disputa em 1994, isso não quereria dizer nada em relação ao trabalho que aquela Seleção havia feito - mas imaginem como teriam sido diferentes as carreiras de muitos dos que lá estavam se isso tivesse acontecido. Será que Dunga teria tantas chances para espetar a geração de 82 em entrevistas, como sempre fez desde então?
Assim como aquele resultado final contou e muito a favor de Dunga de lá pra cá, o resultado final desta Copa também vai determinar o que se dirá do hoje treinador pelas próximas décadas. É o famoso "besta ou bestial". Se as coisas não andarem bem para o Brasil na África do Sul, a lista de equívocos do comandante que será publicada no dia seguinte já está pronta na gaveta de um monte de jornalistas por aí.
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Nunca tive muita simpatia por Dunga não.
Mas ele ganhou 8.000 pontos comigo por mandar na lata para Milton Neves, depois dele fazer a tal comparação entre a não-convocação de Neymar e a de Maradona: "você é melhor fazendo merchandising do que falando de futebol".
Nunca tive muita simpatia por Dunga não.
Mas ele ganhou 8.000 pontos comigo por mandar na lata para Milton Neves, depois dele fazer a tal comparação entre a não-convocação de Neymar e a de Maradona: "você é melhor fazendo merchandising do que falando de futebol".
Merecia aplausos de pé.
3 comentários:
Dunga foi muito extremista, pra ele é oito ou oitenta.
Eu esperava pelo Ganso e não esperava que Adriano ficasse de fora.
Adriano colheu o que plantou, eu fico com pena porque Adriano é uma pessoa boa, teve seus problemas, mas acho que nunca criou dificuldades quando esteve na seleção.
Dunga foi cruel, tocou no ponto da ferida: faltou comprometimento, não a seleção, mas ao Flamengo.
Dunga mandou bem quando disse que não está preocupado em preparar a seleção pra 2014, convocando Neymar e Ganso, e que a obrigação de ganhar a Copa é agora.
E o esculacho pra cima do Milton Neves foi sensacional...rssssss
Concordo plenamente com a avaliação aí sobre os meninos da Vila. São grandes promessas, jogaram muito no camp. paulista, mas Copa do Mundo é outra coisa. Nunca vimos eles contra zagueiros argentinos, alemães, ingleses... na verdade, vimos sim, nos campeonatos mundiais sub-20 e sub-17 no começo do ano, quando foram mal e o Brasil não ganhou nada. Por que levá-los já para uma Copa do Mundo de profissionais? Nisso, eu não reclamo do Dunga. Agora essa convocação cheia de volantes, realmente, não dá lá muita vontade de torcer. E o papo da pátria de chuteiras, do amor a pátria, e todo o blá blá na entrevista, é foda aguentar. Mas tentar explicar para ele que o patriotismo é o último refúgio do canalha, não deve funcionar; vendo o Dunga falar percebe-se que não podemos exigir muito dele, intelectualmente...
Vc colocou bem: o resultado daquela disputa de penalti determinou tudo que vem acontecendo há anos no futebol brasileiro.
Ele se agarra naquela seleção pra fazer tudo o que faz.
Concordando ou não (normalmente não), os resultados dão a ele o direito de cagar goma, fazer o que?
Eu, feliz que estou de ver um time como o Santos jogar, tb não acho que Ganso e Neymar devessem estar na lista, até poderiam, um ou outro, mas não deveriam.
Falar sobre a péssima qualidade dos convocados é chover no molhado, mas pode dar certo.
O que o Nilmar precisa fazer pra imprensa confiar no cara? Esculachou no Corinthians, no Inter, entrou bem na seleção... Precisa ser pesado???
Mesmo não gostando nada do jeito dele, o que ele fez em relação ao Adriano e ao Milton Neves realmente foi digno de aplauso.
Como o Max vou torcer pra chegar a uma semi-final, já da pra curtir a Copa e, no fim, espero que uma seleção mais "arejada" (pra usar o termo da moda(frase essa que tb está na moda)) ofensiva seja campeã pra ver o que acontece com o futebol mundial.
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