Celso Roth não irá resolver o Vasco só com volantes

Quando Celso Roth chega ao seu time, você já sabe bem o que esperar: um time lotado de volantes, armado para defender. Lembro até hoje de minha revolta ao ler a escalação de um Flamengo x Coritiba em 2005, com o time montado num 3-6-1 em que o único atacante era Jean. Como diabos ele esperava que aquele time fizesse gol?


(Pior que fez 2 - mas sofreu 3 e o time saiu derrotado.)

Ontem, o Vasco de Roth entrou em campo para enfrentar o Internacional em São Januário com quatro volantes e nenhum armador no meio-campo: Nílton, Rafael Carioca, Souza e Léo Gago. Terminou o primeiro tempo perdendo de 2x0, com clima tenso nas arquibancadas e tribunas. Logo após a traumática invasão de campo durante um treino no meio de semana, a impressão que dava é que o clube mergulharia de vez numa crise das brabas.

Mas, na necessidade, Roth foi soltando o time. Já voltou do vestiário trocando o volante Léo Gago por um homem com mais capacidade de criação, Jefferson - bom jogador que anda sempre contundido desde que chegou ao Vasco. O time ainda não jogava bem, mas começou a pressionar e logo conseguiu seu primeiro gol. Em seguida, uma solução mais ofensiva ainda e curiosa: saiu mais um volante para a entrada de Dodô - que não entrou no ataque, e sim como armador no meio-campo.

O resultado: a torcida, que estava furiosa até uns minutos antes, começou a apoiar o time. O Inter não conseguiu entrar novamente no jogo. E o Vasco conseguiu uma grande virada pra 3x2 (tá certo que com ajuda do juiz, pois o segundo gol saiu num pênalti inexistente).

Será suficiente para que Roth comece a aliviar a mão nessa sua compulsão por empilhar volantes? Talvez. Mas só a entrada de Jefferson não é suficiente - ele é bom para girar a bola, distribuir o jogo, mas ainda não é o jogador de último passe que o Vasco precisa. E, ao menos enquanto Carlos Alberto não puder jogar, Roth não deve ir além disso em seu time titular.

Fato é que a dificuldade do Vasco este ano é muito mais na criação do que na marcação (ao menos no meio, porque a zaga sempre foi esquisita - agora até mudou de nomes, com uns jogadores que eu não conhecia). Celso Roth pode ser um técnico indicado para o tipo de pretensão que o Vasco pode ter neste campeonato, com este elenco, mas vai ter que sair de suas características mais comuns para resolver os problemas mais graves de seu time.

Um comentário:

Bosco Ferreira disse...

Só em pensar que ele foi cotado para dirigir o time da Nação eu fico aliviado em vê-lo já empregado.