Libertadores 2010 - 1a. fase - 6a. rodada - Flamengo 3 x 2 Caracas

Li antes do jogo algumas notícias sobre a fraca venda antecipada de ingressos para a partida. "Torcida do Flamengo vira as costas para o time na Libertadores" - vi uma manchete que era mais ou menos isso.

Pois bem: se há quem não mereça crítica neste Flamengo x Caracas, é a torcida rubro-negra. Era um jogo de meio de semana, horário impróprio, ingresso caro, transmissão pela TV aberta e adversário pouco relevante, com o time em péssima fase, vindo de uma derrota que custou o título estadual. Mesmo assim, havia ontem no Maracanã mais ou menos a mesma quantidade de rubro-negros que na decisão de domingo, no clássico contra o Botafogo.

Fora ter comparecido em número até bom para a situação, a torcida teve comportamento exemplar. O Maracanã não virou nenhum caldeirão, não dá pra dizer isso. Mas, durante o jogo, não se ouviram vaias. Nenhum jogador foi perseguido, e nem mesmo se observou aquele silêncio nervoso que é comum quando as coisas vão mal. O clima, enquanto a bola rolou, foi de apoio. A maior demonstração de insatisfação que veio das arquibancadas foram os pedidos por Petkovic. Mas oras, com o time jogando mal e precisando fazer gol, olhando para quem Andrade tinha no banco, os torcedores iriam pedir quem em campo?

No que acabou o jogo, aí vieram os protestos pesados. Muitos contra o time sem-vergonha - uma bela definição pro que o Flamengo tem mostrado este ano -, claro. Mas, principalmente, contra Marcos Braz. Que não só foi citado nominalmente nos gritos, como ainda ouviu o coro por seu desafeto Petkovic, mesmo após a partida encerrada.


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Ah sim, o jogo.

Escrevi antes que talvez fosse mais importante na partida a vontade que o time demonstraria de correr por Andrade do que propriamente a escalação ou o esquema tático. Pois bem: não dá pra dizer que os jogadores não correram. A grande maioria ali tentou, mostrou vontade, suou a camisa.

Mas não foi suficiente. A escalação já indicava mesmo que não veríamos um time com qualidade no passe, mas a verdade é que várias atuações foram mesmo abaixo da crítica. Juan errou tudo o que tentou, Pacheco foi mal, Léo Moura não esteve num bom dia (e, no final, virou ponta direita mesmo, paradão no ataque), enfim.

Mas talvez o ponto mais fraco do time tenha sido aquele que todos viam antes como seu diferencial a favor: o ataque. Adriano foi mal, esteve paradão, pareceu desanimado e perdeu as chances que lhe apareceram; mas, com todos os seus problemas físicos (que fazem parte do pacote, certo?), já se espera mesmo menos movimentação dele - até porque sua função é mais ficar na área. Mas Vagner Love foi uma lástima; nunca encontrou sua posição em campo, movimentou-se pouco, quase não participou do jogo. E quem viu a partida no estádio, prestando atenção também no que acontece longe da bola, viu o quanto ele ficou paradaço na banheira, em impedimento, após vários lances, enquanto seus companheiros lutavam para recuperar a bola no campo de ataque. No que tomavam, Love estava adiantado e não podia ser opção de jogada. Claro que o ataque sempre depende do meio-campo para receber as bolas; mas há momentos em que os meias também dependem do ataque se mexer um tantinho para dar opção de jogadas. E ontem isso faltou, e muito.

Depois de muito tempo de um time confuso, que tinha a bola mas criava muito pouco (embora enfrentasse um adversário fraco, com um goleiro horroroso), Andrade finalmente resolveu colocar Petkovic em campo. E o sérvio assistiu, esperando na beira do campo para entrar, um lance surreal.

O Caracas atacava sempre com poucos jogadores. E estes erravam passes infantis e eram sempre desarmados com facilidade. Talvez por isso, apesar do time realmente ter mostrado vontade ontem, houve um certo menosprezo quando o camisa 10 Gomez pegou a bola pela esquerda, em lance isolado. Ele driblou Léo Moura, que tirou o corpo, evitou o choque e ficou pra trás; driblou também Willians, que desligou-se, não voltou imediatamente correndo após ser vencido e por isso também não ajudou na sequência do lance; passou ainda por David, que entrou de bobo na jogada, só cercando um possível cruzamento, e levou um drible da vaca humilhante. E o cara, que não tinha nada a ver com a desconcentração de seus adversários de muito mais nome, fez um golaço-aço-aço.

Como aconteceu no primeiro tempo, após o primeiro gol do Caracas em mais uma bobeira em bola levantada na área, o Flamengo conseguiu seu gol logo em seguida - mas era pouco. Pet, desta vez, entrou bem; procurou a bola, o time o procurou também, e ele tentou jogar com simplicidade, sem marra, tocando a bola e não tentando tirar um coelho impossível da cartola a cada lance. O time melhorou, foi pra cima, perdeu chances. Mas tudo muito mais na base do desespero do que do futebol.

E é isso: hoje, os rubro-negros - inclusive aqueles que tiveram o desprazer de ver seu lamentável capitão mandando beijinhos irônicos para os torcedores na saída do gramado - terão que passar a noite rezando por resultados de potências como os genéricos Racing e Cerro do Uruguai. A que ponto este time sem-vergonha deixou as coisas chegarem.



22/4/2010 - 21h50 - Flamengo 3 x 2 Caracas
Maracanã - Rio de Janeiro, RJ
Renda/público: R$ 807.204,00 / 27.513 pagantes

Árbitro: Jorge Larrionda (URU)
Cartões amarelos: Willians, Michael (FLA); Cichero, Romero (CAR)

Gols: Castellín, 15'/1ºT (0-1); Ronaldo Angelim, 17'/1ºT (1-1); Michael, 18'/1ºT (2-1); Gómez, 23'/2ºT (2-2); David, 30'/2ºT (3-2);

Flamengo: Bruno; Léo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Maldonado, Willians, Michael (Fierro, 35'/2ºT) e Vinícius Pacheco (Petkovic, 21'/2ºT); Vágner Love e Adriano. Técnico: Andrade.

Caracas: Toyo; Romero, Bustamante, Cichero e Bautista; Jímenez, Lucena, Figueroa e González (Gomez, 39'/1ºT); Valoyes (Alexander González, 15'/2ºT) e Castellín (Aristeguieta, 28'/2ºT). Técnico: Ceferino Bencomo.

7 comentários:

Marcos Monnerat disse...

Esqueceu de citar os xingamentos da torcida ao Adriano no final do jogo também hein André! Não pode passar em branco isso. Pela primeira vez, depois de tantas confusões, a torcida do Flamengo xingou o Imperador.

MãOzÃo disse...

cara, não concordo que Leo Moura esteve mau no jogo, aquele cghute poor cima dele tinha que ter sido com mais capricho...
Não concordo com Love mau, estava no estádio tb e que SEMPRE estava impedido era o Adriano!!! Será que vc não viu? As vezes que o Love tava na banheira esram as que na saída de bola ele corria, corria, corria e o cara tocava pra outro que o adriano deveria estar apertando também e não o estava, ou se matou de correr no ataque(mesmo que meio perdido as vezes) e tava bufando no final disso tudo na banheiro! Uma vergonha é adriano imperador seleção não conseguir puxar um ataque, um lançamento em velocidade, poisd ou estava impedido ou não chegava! Culpado sim é a diretoria, que não ouviu seus torcedores e não trouxe um zagueiro bom! Botou tudo a perder!
ZAGA DE M...

um abraço

Anônimo disse...

O lance do segundo gol do Caracas foi um absurdo. A zaga tá MUITO fraca esse ano.
O Bruno tá cheio da marra também..mandando 'beijinhos irônicos' para a torcida..Tá de sacanagem. Não agarra bem a um tempo já e continua com essa marra aí.
Adriano não foi bem denovo, ficou paradão...Acho muito difícil que ele vá para a copa.
O Pet foi bem, se sair do Flamengo vai ser muita sacanagem com ele..A culpa no Flamengo é sempre do Pet, sendo que ele nem joga muitos jogos. Entra faltando 5 minutos e a culpa é dele. EI MARCOS BRAZ! VAI TOMAR NO CU!
Ainda tão falando que vai vir o Celso Roth...

Bosco Ferreira disse...

O problema do Flamengo só vai resolver quando chegar um novo diretor de futebol.

Sugiro um especialista acessorado por um ex jogador do CRF.

Sugiro também uma mudança radical no clube emprestando ou implementando um troca troca com outros jogadores.

Sinceramente não aguento mais o Bruno.

Marcos André Lessa disse...

Acho que precisamos de um 0 x 6 diante de um rival pra ver as coisas mudarem... Qual o custo-benefício de Bruno, p.ex.? Ficha corrida na polícia, festinhas fora de hora (episódio Marcinho), misoginia, paneleiro seja q técnico for... E Adriano, se já não bastasse estar acima do peso, está sem ritmo de jogo. Fazia parte do pacote os privilégios, mas enquanto apresentasse resultado em campo, à la Romário. Desde o final de 2009 Adriano não existiu mais, pois gols contra times fracos não podem ser determinantes - senão, Josiel era craque. Acho que está mais do que na hora (e agora, com um grande pretexto) para Patricia Amorim colocar o tal dirigente remunerado no futebol e enxotar o Marcos Braz. Andrade não pode ser culpado de jogadores q estão à sua disposição não renderem, por qq q seja o motivo. Se acham q Celso Roth vai disciplinar alguém, podem esquecer. Técnico nenhum dá jeito se a diretoria tira o corpo fora. E o gauchão é famoso por criar clima ruim com as lideranças do grupo (aconteceu no Grêmio e no Atlético).

Murdock disse...

Isso tá muito estranho. Todo o foco que o time tinha no final do ano passado, vendo só o título brasileiro, unido, não existe mais. Bobear os jogadores sabotam o time num campeonato só para derrubar um ou outro, ao técnico, dirigente, sei lá!
Acho que o ponto de discórdia não é o Pet como tentam fazer parecer, mas é o Braz mesmo. Colegas levantaram suspeita até pelo segundo gol do Caracas ter saído daquele jeito logo que o Pet estava para entrar.

Acho que o 0x6 que o Marcos falou ali podem vir contra o Santos no Brasileiro.

Anônimo disse...

Acho muito curioso o comportamento do torcedor.

Mais uma vez a torcida tem o time que merece, ela cria o monstro e depois fica complicado derruba-lo.

O Obina não era melhor que o Eto'o?? O Bruno não é o melhor goleiro do Brasil?? O imperador não tem carta branca pra fazer o que quiser, afinal, ele "decide"??

Obviamente que a culpa das atuações lastimáveis, do comportamento execrável, dos resultados lamentáveis desse ano não é da torcida, mas é bom SABER que ela tem sua parcela de culpa em algumas situações.

A sacanagem maior é ouvir o nome do Celso Roth!!!