A nova diretoria reconhecendo o terreno

Escrevi por aqui que o fato do time ter se apresentado na Gávea com a camisa do Cidadão Rubro-Negro seria um sinal de que o programa é bem visto pela nova diretoria do Flamengo. Pois bem: parece que tirei conclusões rápidas demais. Na verdade, ainda não dá pra dizer que quem vai tocar o marketing do Flamengo agora gosta do programa ou não - como quase todo mundo que está assumindo o clube agora, o pessoal ainda está conhecendo a situação.



O vídeo acima é da entrevista que Arthur Muhlemberg fez com Patrícia Amorim. É justo de um trecho em que ele lhe transmite uma pergunta feita por mim: de tudo o que ela prometeu em campanha, até onde ela diria que dá pra chegar até o fim do ano? Já dá pra traçar alguma meta mais concreta?

Patrícia dá uma titubeada e, de primeira, diz que é muito cedo, está conhecendo ainda a situação, "o que mais tem feito é ler contratos". Pois é: agora, o momento da nova diretoria é de tomar pé da realidade rubro-negra, antes de agir. O que se reflete até na maneira de atuar do departamento de futebol, com grande cautela para gastar qualquer centavo em contratação ou renovação de contrato - simplesmente porque ainda não conseguiram descobrir por lá o que dá ou não pra fazer.


Passando a limpo

Não à toa, pessoas desta nova direção já andam no mercado tentando conseguir que uma das Big Four - as quatro maiores empresas especializadas em consultoria e auditoria do Mundo - faça uma revisão dos controles internos do clube e de sua situação trabalhista. É um trabalho complicado, para o qual parecem estar dispostos a pagar caro para ter um diagnóstico de peso - inclusive diante dos olhos do mercado.


Quem será o novo responsável pelo marketing

No caso do marketing, nada do que foi feito em torno do Cidadão Rubro-Negro realmente partiu de decisões conscientes da nova diretoria; simplesmente foi sequência da rotina anterior, tocada por quem já estava no clube. Novos direcionamentos ainda serão tomados a partir do momento em que os novos responsáveis conhecerem todos os contratos e situações e efetivamente começarem a colocar suas ideias em prática.

O vice-presidente  de Marketing - cargo político, não-remunerado - é Henrique Brandão; mas quem deve efetivamente assumir o comando do departamento no dia-a-dia é o profissional contratado para ser Diretor Executivo. E o escolhido é Harrison Baptista - que fez carreira na Texaco, sendo gerente de marketing, gerente de propaganda e promoção e chegando a gerente de marca da Chevron para a América Latina.

Ele deverá formar suas opiniões não só sobre o Cidadão Rubro-Negro, mas sobre muitos outros contratos e acordos em andamento; só na web, o Flamengo lida não só com a Golden Goal para este programa e para o Onde estiver estarei, mas também com a HPMais (fornecedora que desenvolveu o atual site oficial), Netshoes (que firmou contrato para administrar a loja online oficial, como já fazia com Palmeiras e Corinthians), ESM (com contrato para tocar o site oficial), DB4 (de Diogo Boni, que toca a FlaTV - que, aliás, agora está dentro do portal Uol, com conteúdo disponível para seus assinantes)... É um desafio e tanto tomar par de todos os contratos, relacionamentos e, depois disso, conseguir com que todos eles se integrem num só planejamento que tire o melhor de tudo isso para o clube.


A questão dos ingressos

Escrevi ainda que o fato do Botafogo ter anunciado que está liberando o Engenhão para que cada clube que for mandar jogos por lá utilize sua própria fornecedora para confecção e venda de ingressos ajudaria na sequência do Passaporte Rubro-Negro - o cartão, administrado pela BWA, que permite ao Cidadão Ouro comprar ingressos com antecedência e sem sair de casa. Pois já li que a diretoria está justamente revisando os contratos existentes com a BWA, olhando não só para a venda de ingressos mas também para todos os adiantamentos que o clube já tomou junto à empresa - fala-se em diferentes valores, mas concorda-se que não é pouca coisa. Patrícia Amorim chegou a prometer um pacote de ingressos para a primeira fase da Libertadores e falou também em vantagens para os sócios nesta compra - pois precisará correr um tanto para conseguir colocar isso em prática ainda neste início de temporada.


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Bem: depois da hesitação inicial, em que deixou claro que ainda precisa de uns dois meses para ter ideias mais concretas de até onde conseguirá avançar até o fim do ano, Patrícia respondeu falando de quais serão suas prioridades: reformar a Gávea e criar benefícios para os sócios na venda de ingressos e outros produtos - ela quer atrair novos associados e reconquistar a confiança daqueles que lá estão; e avançar nas melhorias do CT. Nisso, ela citou a hotelaria e os gramados.

Por enquanto, parece que não só ela, como todo mundo que chegou com ela ao poder, ainda está tateando e tentando se encontrar nos labirintos da Gávea. Daqui a doze meses, vamos ver o quanto ela conseguiu caminhar.

2 comentários:

André Amaral disse...

Essa cautela era visível, mas eu não tinha noção do porquê.

Agora está claro. Primeiro verificar como estão as contas do Clube, as divídas, o que foi antecipado de receita.

Gostei também dessa história de auditoria.

E assusta esse dívida de 13 milhões segundo MB, ou 9 milhões segundo o Delair com a BWA.

Isso porque ela é uma simples empresa de venda de ingressos..que influência ela tem no Flamengo..

Bosco Ferreira disse...

Tem muito mistério no FLA, muita caixa de maribondu. Tomara que ela tenha a coragem de abrir todas.

Se abrir vai feder. Mas acho que vai ter muita pressão para deixar como está.

Tomara que não.