É preciso aprender para salvar o basquete


Hoje é dia do Flamengo, atual campeão brasileiro, jogar pela Liga Nacional de Basquete. Porém, este não é o principal assunto sobre o time na imprensa - e sim o inacreditável fato de que os jogadores estão entrando em quadra sem contrato e podem até iniciar uma greve por estarem sem receber seus salários há meses. A matéria publicada no GloboEsporte sobre o assunto é de dar vergonha.

Mas não é uma situação muito diferente de quando, no início do ano, chegaram a entrar em quadra com camisas de protesto, exigindo seus pagamentos. Dali em diante, no entanto, veio a gestão Areias - que, com ações de emergência e aproveitando o momento de grande exposição do time (que viria a ser campeão sul-americano e brasileiro em seguida), conseguiu levantar recursos que ajudaram a normalizar os pagamentos da equipe.

Infelizmente, aquele trabalho emergencial não parece ter deixado frutos. Na época, o dinheiro levantado já não foi suficiente pra pagar tudo o que era preciso - na própria prestação de contas feita no FlaBasquete.com apareciam vários aportes do clube para fazer pagamentos. Agora o contrato de patrocínio conseguido na época de maior exposição terminou, as campanhas com camisas temáticas (que realmente não teriam o mesmo efeito agora) não acontecem mais, o próprio FlaBasquete (que foi objeto de uma esquisita disputa entre o clube e o próprio Areias) não aparece mais linkado no site oficial e o clube voltou às antigas dificuldades para conseguir parceiros e honrar compromissos. Será que, daquela época tão pouco distante, não sobrou um bom material para ir atrás de patrocinadores? Avaliações das propriedades a serem incluídas nos contratos, apresentações, modelos de comercialização? Contatos...?

O fato é que, pelo visto, voltaram a montar uma equipe sem saber bem como sustentá-la. Um erro que se repete, se repete e se repete - no basquete, no futebol, na ginástica...


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O pior é que, além de aparentemente não ter sobrado nada dos acertos daquele período de empolgação geral com o basquete, parece que não aprenderam também com os erros. O Fla-Basquete já havia se equivocado, no Brasileiro passado, ao optar por mandar jogos no Maracanãzinho. O ginásio era grande, gerava mais custos, passou a se cobrar pelos ingressos e os jogos acabaram dando prejuízo, num momento em que o clube buscava dinheiro desesperadamente. Acreditou-se que só o ginásio em si e apresentações de DJs e dançarinos desconhecidos nos intervalos seria o suficiente para colocar a atratividade do evento em outro patamar.

Tão pouco tempo depois da experiência mal sucedida, no início deste Brasileiro, festejou-se o HSBC Arena como nova casa do time. Não conheço os termos econômicos do acordo firmado. Mas, de primeira, já me pareceu na época que estavam repetindo o erro, superdimensionando o poder de atração dos jogos. De fato, o que ouvi falar é que o ginásio ficou quase deserto na partida passada - e anunciou-se agora a diminuição do preço dos ingressos, que ficavam entre 30 e 50 reais a inteira, na mesma ordem de grandeza do futebol.

Deixar a entrada mais barata é uma boa medida, mas não dá pra afirmar que será suficiente. Não faz tanto tempo assim, os jogos aconteciam no ginásio do Tijuca, menor, numa região muito mais central da cidade, com entrada franca - e não me lembro de notícias sobre gente ficando do lado de fora. Agora, a ideia é que o público pague preços não tão populares assim e encha um ginásio maior, numa área de acesso muito mais complicado. Especialmente num horário como o do jogo de hoje - pra quem sai do Centro ou da Zona Sul, chegar às 19h de uma sexta-feira na HSBC Arena é simplesmente inviável. Não quero desencorajar ninguém a ir lá apoiar o time, que merece - mas não há transporte público e os engarrafamentos em São Conrado e na Barra a essa hora são insuportáveis.

Sendo sincero: se a ideia é fazer partidas sexta-feira à noite e cobrar ingresso, era mais jogo fazer mais perto e colocar uma rodinha de samba pra tocar depois. De repente, animava uma galera a fazer sua night por lá e ainda se faturava um trocado na cerveja.


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Não tenho em mãos os relatórios de acesso mas, olhando de fora, percebo que o Cidadão Rubro-Negro deve ter seus problemas pra manter seus cadastrados visitando o site com alguma frequência - nem suas funções de rede social nem as de e-commerce são desenvolvidas o bastante para atrair o retorno constante de seus visitantes. No momento, pra conseguir isso, a solução tem sido usar com muita força o e-mail marketing, com newsletters frequentes, e criar novas promoções (como a mais recente, com o PFC, uma parceria bem interessante). O programa tem algumas bases boas, mas ainda tem mesmo muito em que se desenvolver - até mesmo na visão de como ele pode ser útil ao clube.

Ele poderia, por exemplo, servir bastante ao basquete e demais esportes olímpicos. Imaginem, por exemplo, que se desse a opção do Cidadão dizer por quais esportes ele se interessa, além do futebol. Para os que se declarassem fãs de basquete, seria enviado um questionário de pesquisa - quem o respondesse ganharia os famosos Flas e, quem sabe, poderia ainda concorrer a algum prêmio relacionado à modalidade. Com o resultado dessa pesquisa, o clube teria dados de onde moram os fãs de seu time de basquete, em que horários gostariam de ver jogos, por que deixam de ir ao ginásio, que tipo de conteúdo sobre o time gostariam de ver no site, qual a sua idade, sexo, grau de instrução, faixa de renda, hábitos de consumo. Com essa informação em mãos, seria bem mais fácil planejar onde e quando fazer o time jogar - e ainda teria-se uma base de dados qualificada a oferecer às empresas interessadas em patrocinar o time.

3 comentários:

Rodrigo Machado disse...

Rápidos (??) comentários: em uma entrevista no programa Voz da Nação, na época em ainda era candidato, o Areias citou que em uma reunião com o patrocinador do basquete, este lhe disse que só colocaria dinheiro de patrocínio caso o Areias se comprometesse a ficar na gestão do basquete até o final da NBB. A razão para isso, segundo o próprio Areias, é que o patrocinador não confiava no Flamengo, mas no Areias. Nossa falta de patrocínio passa por falta de credibilidade. (obs: semana passada no Rock Bola o Delair disse que o basquete estava sem problemas de contrato ou salários atrasados - é a esta entrevista que o marcelinho se refere na reportagem).

Em relação ao HSBC Arena, eu tinha entendido que o estádio arcaria com todas as despesas e ficaria para o Flamengo o que sobrasse da renda após um determinado valor mínimo. Me pareceu ser um bom negócio, pois garante prejuízo zero ao clube e o time pode jogar em um belo estádio (antes sempre havia reclamação sobre a qualidade da quadra do Tijuca).

Por fim, concordo contigo: o Cidadão Rubro-Negro tem muito o que evoluir e você mesmo já deu algumas dicas interessantes em outros posts.

SRN!

vôo do urubu disse...

A palavra exata: vergonha!

Saudações.

Bosco Ferreira disse...

A gente comenta pela manhã e voce posta a tarde e não libera nossos comentários da manhã?

Obrigado pela atenção.

Não voltarei mais aqui. Você deve se achar muito importante para ligar para os comentários da gente.