Ouvi esse tipo de comentário de mais de uma pessoa antes desta partida contra o Náutico - assim como já ouvi também sobre o próximo compromisso, contra o Goiás. De fato, ao longo dos últimos anos, o Flamengo tem fraquejado em momentos em que a torcida se enche de esperança e a vitória, pela lógica, parece certa - como era o caso de hoje, assim como o de domingo que vem. Mas este time hoje parece ter encontrado outros pilares de sustentação e vem evitando este tipo de decepção rotineira. Hoje foi isso aí: mais um jogo pra tirar esse desagradável pé atrás de boa parte da torcida. Não se sabe como o campeonato vai terminar, mas o Flamengo vem que vem que vem chegando.
Andrade já estava sem Éverton e Juan e, ao que parece, pretendia improvisar Éverton Silva na lateral esquerda. Como ficou também sem ele, teve que partir pra outra solução - pelo que se dizia, a adaptação de Ronaldo Angelim na lateral esquerda. Mas não foi exatamente isso o que aconteceu: Angelim ficou preso pela esquerda, sem apoiar, como um zagueiro mesmo; Willians pôde ficar mais à frente, ao contrário do que aconteceu nos últimos jogos, e Léo Moura tornou-se praticamente um jogador de meio-campo. E vejam que, nessa, as jogadas dos dois gols tiveram a participação dele como meia - as duas jogadas iniciaram-se com passes seus e, no primeiro, ainda foi ele que deu o chute cujo rebote Petkovic aproveitou. E assim, de uma situação de desfalque, acabou surgindo uma solução diferente que criou as duas jogadas que construíram a vitória rubro-negra.
O Náutico foi sempre um time à beira de um ataque de nervos, que reagiu mal ao primeiro gol e entregou-se após o segundo. Teve lá suas chances de complicar a parada - inclusive com dois gols bem anulados -, mas em nenhum momento teve consistência para buscar um resultado melhor. É isso: o Flamengo, como todos já sabiam antes, é um time bem superior - e, nesta fase, está sabendo quase sempre fazer isso valer para sair com a vitória.
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Petkovic foi oportunista para fazer o gol que tranquilizou o time e abriu o caminho para a vitória. Mas teve atuação bem discreta durante quase todo o tempo e, hoje, deixou o posto de protagonista para Adriano. Hoje ele participou do jogo muito mais do que nas rodadas anteriores; deu passes, dribles, deixou companheiros na cara do gol, correu, conseguiu dar prosseguimento às jogadas todas em que recebeu aquelas pedradas pra matar de costas pro adversário - e, é claro, participou decisivamente também dos dois gols. A matada no lance do primeiro, seguida do passe para Léo Moura, foi simplesmente sensacional.
Sou um que tenho me incomodado com a rotina de falta de treinos de Adriano nestas semanas decisivas. A cada rodada ele faz seus gols, mas mostra cansaço sempre cedo, se mexe menos do que deve, dá poucas opções, enfim - rende muito menos do que pode, me dando a impressão de que, se quisesse mesmo se dedicar à preparação, poderia ser ainda mais decisivo.
Mas hoje o cara jogou muito.
Muito.
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Não lembro de ter visto algo tão esquisito em termos de arbitragem quanto à longuíssima conferência entre o juiz e os bandeirinhas, com direito a mão na frente da boca pra dificultar a leitura labial, para dar impedimento num dos gols anulados do Náutico.
Eu hein.
15/11/2009 - 17h - Náutico 0 x 2 Flamengo
Estádio dos Aflitos - Recife, PE
Árbitro: Sandro Meira Ricci (PE)
Auxiliares: Altemir Hausmann(RS/Fifa) e Alessandro Álvaro de Matos (BA/Fifa)
Cartões amarelos: Asprilla, Cláudio Luiz, Nilson e Irênio (NAU) Léo Moura e David(FLA)
Gols: Petkovic, 16'/1°T (0-1); Adriano, 46'/1°T (0-2)
Náutico: Gledson, Vagner, Asprilla (Juliano, intervalo) e Cláudio Luiz; Patrick, Nilton, Ailton (Anderson Lessa, 15'/2ºT), Michel e Irênio (Tuta, 22'/2ºT); Carlinhos Bala e Bruno Marinho. Técnico: Geninho.
Flamengo: Bruno, Léo Moura, Álvaro, David e Ronaldo Angelim; Aírton, Toró, Willians (Lenon, 20'/2ºT) e Petkovic (Bruno Mezenga, 36'/2ºT); Zé Roberto (Welinton, 46'/2ºT) e Adriano. Técnico: Andrade.
3 comentários:
Se Deus quiser, toda semana vou reclamar das ausências do Adriano. E toda semana ele vai me provar que estou errado. Oremos.
Se for pra ser assim, concordo com o Tiago. Mas também concordo com você, André, sobre a dedicação do nosso 10 e seu poder de decisão.
Gostei da análise. Nada a acrescentar. E espero um tropeço do SP no fim de semana pra gente assumir o topo
O engraçado é que dessa vez, ao invés de retardar a volta para a segunda-feira o Adriano resolveu fretar um vôo para chegar logo no Rio.
Acho que a night de Recife não apetece muito o nosso imperador...
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