Sem Toró, Íbson, Kléberson e Emerson - o que fazer?

Taí um quebra-cabeça complicado de se armar. Muito já se falou sobre a ausência de um meia de criação neste time do Flamengo - mas a verdade é que eles não vêm sendo usados, mas até existem no elenco. Lá estão Fierro, Zé Roberto e Éverton; os três já jogaram na posição antes de chegar ao clube e podem entrar contra o São Paulo. O que está em falta no momento é, por incrível que pareça, volantes. Sem Toró (se ele realmente não se recuperar de contusão), Aírton e Kléberson, sobraram com condições de jogo apenas Willians (que anda jogando na zaga) e os garotos Antônio e Lennon.

Não acredito muito que Cuca pense em usar nenhum dos pratas-da-casa como titulares. Assim, imagino que Fabrício vá entrar na zaga, com Willians se adiantando para jogar como volante no lugar de Kléberson. Fierro já foi anunciado como titular (e, se for bem, pode se apresentar como candidato à vaga deixada por Íbson no time titular - hoje, eu diria que Cuca deve estar pensando em colocar um volante a mais no meio e adiantar Kléberson para a função); Éverton e Zé Roberto ocupariam as duas vagas restantes.

Os jogadores que entrarão em campo, portanto, seriam Bruno, Fabrício, Wellinton, Angelim, Léo Moura, Willians, Fierro, Zé Roberto, Éverton, Juan e Adriano. Não vejo mudanças nesta relação. Mas como arrumá-los em campo?

Só haverá um volante de ofício em campo. Pra compensar a falta de jogadores "de pegada" no meio, Cuca pode partir pra simplesmente congestionar o setor. Além de Willians, teriam função de marcação no meio-campo os dois alas, os três meias. Só Adriano seria atacante mesmo, fixo lá na frente. Na hora do time chegar à frente, Fierro e Éverton podem chegar pelos lados do campo, com Zé Roberto mais centralizado, como já andou pedindo para jogar. Pra funcionar, é preciso que o time "compre a ideia" e os jogadores todos realmente se dediquem às suas funções defensivas - mesmo aqueles que não tem lá muito costume disso.



Agradecendo novamente a participação de Adílio,
craque do time de botão do André Atlético Clube,
na montagem desta imagem

Outro desenho possível, tentando mexer menos no jeito do time jogar, seria com Éverton ou Zé Roberto na frente, fazendo a função de Émerson; um dos dois iria pra vaga de Íbson, como meia de ligação; e Fierro faria um segundo volante, no lugar de Kléberson. Mas será que a dupla de substitutos de Íbson e Kléberson seria capaz de manter o poder de marcação no mesmo nível? A depender de Zé Roberto e Éverton, me parece que não. E de Fierro, o que sabemos é que o cara já jogou em tudo que é posição possível - mas não o vimos jogar o bastante pra saber se daria conta desse recado defensivo.





Tudo quanto ao Flamengo que entrará em campo no próximo jogo é uma incógnita. Fica a curiosidade pros treinos da semana, pra saber como Cuca vai usar as poucas opções que terá à disposição. E, claro, conferir se realmente Toró não conseguirá ter condições de jogo até domingo.


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Além do problema para montar o time titular, também vamos ver novidades aparecendo no banco de reservas - embora nada mais possa ser considerado surpresa depois do advento dos dois goleiros no jogo contra o Vitória. Até Maxi não deverá estar disponível para o ataque, pelo tal problema com seu visto de trabalho.

Mas deveremos considerar a possibilidade de ver pintando durante o jogo, em caso de necessidade, garotos como o zagueiro Marlon, os volantes Antonio e Lennon e o meia Camacho. Além do ex-fabricante de rodos e vassouras Aleílson, que já andou entrando em campo antes.


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De todos os desfalques, o único que pode mesmo ser definitivo é o de Íbson. A engenharia financeira kleberleiteana, afinal, parece não ter funcionado e o Porto recusou a oferta do Flamengo. Deve ter contribuído pra isso, claro, o fato de que o Flamengo deve até hoje dinheiro aos portugueses pelo empréstimo fechado no meio do ano passado. Ter o nome no SPC e no Serasa dá nisso.

É óbvio que, se isso se confirmar, o time vai sentir falta de Íbson. Kléberson é importante, mas é Íbson quem realmente fazia o meio ter um mínimo de dinâmica ofensiva - é quem mais se apresenta pro jogo, quem mais olha pra frente na hora de pensar o que fazer com a bola. E, embora já tenha feito pirraça ao ser substituído algumas vezes e a torcida já tenha tido sua fase de pegar no pé do cara e vaiá-lo a todo momento (parece que ninguém lembra mais disso, mas não faz tanto tempo assim), é um cara identificado com o clube. E este tipo de identificação não se compra na feira.

Mas o Flamengo tem condições de gastar não sei quantos milhões de euros para tê-lo em definitivo? Especialmente considerando que o vendeu para o mesmo clube, anos atrás, por um valor bem menor?

No Flamengo, é claro, essas questões financeiras são nebulosas. A gente não sabe de que "investidores" viria a grana pra comprar Íbson (há quem acredite, por exemplo, que a Olympikus está bancando mais da metade do salário do Adriano de graça, mesmo não podendo usá-lo como garoto propaganda da marca, sem que isso tenha mexido em mais nada no contrato que a empresa tem com o clube...). E este dinheiro que não vai ser gasto na contratação de Íbson pode muito bem ir, daqui a um mês ou dois, para o empréstimo de um meia uruguaio que está se destacando no México, de um atacante artilheiro do terceiro colocado do campeonato paraguaio ou até mesmo de um zagueiro brasileiro de 34 anos que anda em um clube médio da Turquia. Vai saber!

Dentro da lógica esquisita de funcionamento do Flamengo de hoje, seria ótimo se Íbson ficasse.

Dentro do que o clube realmente precisa pra tomar jeito, o ideal é que essa lógica fosse toda bem outra.

Mas...

11 comentários:

Carlos Muniz disse...

´muito boa análise André, e eu gostei muito da primeira opção de desenho tático pro jogo.. Acho que o Fierro devia ter mais chances. O pouco que jogou, mostrou ser um cara de bom toque de bola e boa visão de jogo, pode sim ser um substituto interessante para o Ibson.

A opção de Everton e ele chegando pelas pontas pode funcionar!

Sasha disse...

André,

Concordo que o Ibson fará falta (e muita) nesse time do flamengo. Mas apesar de aparecer menos pra torcida, acho que o papel tático do kléberson é muito mais importante.
O Ibson vinha alternando altos e baixo nas últimas partidas, e nos 2 jogos que o flamengo ficou sem o Kléberson (que estava na seleção) a desorganização foi tanta que levamos duas sapecadas (sport e coritiba).
O flamengo perde muito sem o ibson, mas perderia mais sem o kleberson.

abraços!

Fla Corneta disse...

A análise é boa. O problema é que estamos tratando do Flamengo, que tem em seu comando técnico um ser completamente despirocado. De qualquer que seja a formação nosso neo-Jailton (Everton) deve jogar. Fierro, enfim, deve entrar desde o começo. È um dos caras mais injustiçados da história do Flamengo. Deve chorar todo dia se perguntando:"Porque eu? Porque eu?". E Cuca, por vingança, vai escalar o Zero Berto. Sim. Se ele vai ter que escalar o chileno que odeia com o fígado então vai escalar o zero à esquerda (e a direita).

Ao contrário de muitos acho ótima a saída do Ibson. Meio mascarado demais. E não joga tanto assim quanto acha que sabe. É um motorzinho. E só. Não sabe chutar. Nem com gol vazio. Não é a toa que já está por aí.

flacorneta.blogspot.com

flora disse...

eu gostei bem da primeira solução. acho mesmo que everton e fierro funcionariam melhor assim.
o fierro jogava assim no colo-colo, apesar de funcionar como um coringa por la tambem. e o everton ja percebemos que funciona melhor aberto pela esquerda.

seria interessante ver como o time funciona com o leo moura e o juan tendo com quem jogar, apesar de muitas vezes quando tem alguem ali eles simplismente não aproveitam e preferem afunilar pelo meio.

bom a questao é o time comprar a idea, ja q o leo moura e o juan sao incapazes de obedecer qualquer desenho tatico proposto por qualquer treinador, so pensam neles.

Flávio disse...

Camacho é o cara. O dia que ele jogar ninguém mais vai lembrar do Ibson.
O Ibson é o jogador que fez a falta de deixou o Inter passar na Copa do Brasil.
É o jogador que cavou uma expulsão e não jogou o último jogo do Brasileiro do ano passado.

André Monnerat disse...

Flávio, sei não.

Eu vi o Camacho jogar pouco, nos juniores. E até gostei dele. Achei, como meia de ligação, mais promissor que o Erick Flores (que parece que nem jogava nessa posição na base). Mas bem menos que o Renato AUgusto.

Agora, ele me parecia verde ainda pra subir, quantoa mais pra virar titular. Até mesmo de físico (o que é uma constante com os garotos que sobem no Flamengo).

É bom lembrar que o Camacho foi emprestado ano passado pro Paraná, junto com o Fabrício e o Éder. Os outros dois conseguiram jogar lá de titulares (não sei se o Éder se firmou - o Fabrício virou até capitão). Já o Camacho, simplesmente não conseguiu lugar.

Isso no Paraná, na série B!

Agora, seu comentário serve pra gente ver que o Íbson não é nenhuma grande unanimidade e que, na primeira má fase, as vaias podem voltar a qualquer momento.

André Monnerat disse...

E Sasha - a gente já testou o time sem o Kléberson. Agora vamos ver sem o Íbson e tirar essa prova. :)

Acho os dois importantes.
Agora, como o time vai render sem um e sem outro vai variar de acordo com a solução que o Cuca der pras suas ausências.

Brabo mesmo deve ser ficar sem os dois agora contra o São Paulo.

Samuel Vieira disse...

Gostei bastante do blog. Muito legal.

Boa análise, também.

Daniel Félix disse...

Muito bom este post, pensei quase a mesma coisa na formação da equipe. prefiro o primeiro desenho.
entretanto gostaria muito de uma linha de 4 na defensa, entrando o Éverton Silva na lat. e o Léo para o meio.
minha preocupação é que estes meias ofensivos pré-selecionados não irão conseguir ter funções defensivas, mas espero que dê certo.
gostaria no momento do 3-6-1.

Carlos Muniz disse...

André, você viu as notícias por aí? Acabei de ver no GloboEsporte uma notícia do Cuca confirmando o time num 3-4-3, com o desenho que você implementou nesse post.

Muito legal a visão e parabéns pelo acerto... É realmente a formação ideal pra gente surpreender o SPFC.

André Monnerat disse...

Carlos, vi a notícia e comentei até no twitter do SobreFlamengo. A diferença pro que eu coloquei parece ser mesmo apenas a troca de função entre Zé Roberto e Éverton.

Mas tem que esperar pra ver em campo se é isso mesmo - por enquanto, é só especulação do Globoesporte. Não teve nem treino ainda pra ter certeza se é essa mesmo a ideia do Cuca.